Brigas.

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Estou com medo. 

Por que a mamãe está gritando?

Eu já pedi desculpas!

Eu fiz alguma coisa errada?

Por favor, alguém me salva..

- Isso é tudo culpa sua! Voce mima muito ele. Ele é fraco.

- Ele é uma criança, Mitsuki!

- Voce é uma decepção pra todos, Katsuki.

Eu chorava. Chorava, mas aquela dor não passava. Me desculpa mamãe! Eu vou tentar ser melhor.

Por favor, alguém me salva.

Corri para meu quarto de forma apressada, minha visão estava embaçada, lágrimas fortes e grossas escorriam por minhas bochechas vermelhas de medo. Soluços altos saíam de minha boca e eu não conseguia controla-los, estava com medo, me sentia sozinho.

Sozinho. Sozinho. Sozinho.

Bati a porta e tranquei, ouvia gritos, coisas quebrando, mamãe estava irritada. Irritada comigo.

Ouvi um barulho na minha janela e de imediato me encolhi, abraçando minhas próprias pernas pequenas.

De repente, senti um abraço.

Era quentinho e acolhedor.

Era um garoto baixinho, parecia ter a minha idade - 7 - , cabelos esverdeados incomuns e um corpo pequeno, seus braços finos e frios em minha volta me aqueciam de alguma forma, ele estava com o rosto no meu pescoço e sua respiração era acolhedora.

Era ele. Eu conhecia aquele abraço quentinho e cabelos tão volumosos e macios em seu tom natural de verde.

Era ele, o garoto baixinho que sempre me visitava e eu conhecia desde que nasceu. Todos tinham uma regra de ficar longe de mim, eu explodia quando soltavam piadas sobre mim, quando falavam dos gritos e sons de choro que vinham de minha casa, e eu comecei a ser o "Garoto Explosão", eu gritava, gritava alto e começaram a ter mais nojo que medo de mim.

O garoto em meus braços não parecia gostar dessa regra. Ele simplesmente chegava, com seu sorriso brilhante de orelha a orelha pra mim assim que eu entrava em seu campo de visão, ele almoçava comigo, falava comigo, sorria comigo, ele passava seu dia, comigo. De todas as pessoas, ele escolheu o "Garoto Explosão" , eu admirava ele por isso.

Ele me abraçava, eu odiava que me tocassem. Menos ele. Ele podia a hora que ele quisesse e quando tivesse vontade. Eu gostava do abraço dele, era tão quentinho, embora sua pele branquinha e sensível sempre estivesse fria, era gostoso, delicado, não era forçado, eu amava aquele abraço.

Ouvi gritos, mamãe estava com raiva, ouvia barulhos da louça de vidro da mamãe sendo quebrada, cadeiras sendo arrastadas e muitos, muitos gritos.

Me encolhi ainda mais e abracei o corpinho tão frágil que em meus braços nada delicados, ficavam até talvez, sensíveis. Tremendo desesperadamente enquanto lágrimas grossas rolavam de minhas bochechas cheinhas.

Ninguém fora de minha casa havia me visto chorar. Nunca.

Só Izuku. Só aquela montanha esverdeada havia me visto tão vulneravel incontáveis vezes, ele já havia me visto com lágrimas fortes escorrendo por minhas bochechas após mais uma briga com a mamãe, só ele havia me visto com o rosto tão inchado de tantas lágrimas, só ele havia me visto chorar até fechar meus olhos lentamente em minha cama enquanto ele continuava ao meu lado.

Nunca me chamará de fraco, nunca me olhou com pena , nunca olhares de ódio ou desinteresse, ele somente estava lá. Ele colocava seus pequenos braços á volta de meu corpo e mãos com unhas pintadas em um delicado rosa-claro e ficava lá, ele não reclamava, ele ficava comigo até minhas lágrimas lentamente pararem de cair. 

Estava com medo.

Assutado.

Apavorado!

Mas, enquanto tivesse aquele pequeno garoto com corpo e cabelos cheirando a morangos que tinha pequenas lágrimas que desciam timidamente por suas bochechas coradas e cheinhas, enquanto sorria para mim e beijava minha bochecha em um beijo babado e nada ruim, ele disse que ficaria tudo bem.

Enquanto tivesse aquele garoto, iria sempre ficar tudo bem.

Problemas Com A MamãeOnde histórias criam vida. Descubra agora