Boa leitura ;)
Hoje o dia amanheceu cinzento.
Você estava passando pó, terminando sua maquiagem simples. Você tentava esconder os olhos inchados e vermelhos com algum sucesso; já está acostumada.
— A gente vai se atrasar mamãe! — Você ouviu a voz aguda da sua filha de nove anos no andar de baixo, a tirando do transe. — O papai vai pensar que nós não vamos e pode ir embora! — Com um suspiro pesado, você deu uma ultima olhada no espelho, pegou suas rosas e saiu do quarto.
— Já vou. Seu pai vai te esperar, eu tenho certeza. — Sua voz saiu firme, enquanto descia as escadas. Lilly vestia um vestidinho branco e um casaquinho lilás por cima. Com um sorriso nos lábios você acompanhou sua filha até a porta.
— O que é isso na sua mão? — Você questionou quando notou uma folha de papal na mão dela.
— É o desenho que eu fiz de você, eu quero mostrar para ele. — Ela saltitou até a porta do carro e com alguma dificuldade a abriu e antes de entrar olhou para você. — Mamãe?
Você por outro lado ainda estava parada na porta olhando sua filha. Um lufada de ar gelado a tocou, quase como uma carícia que fez seus pelinhos do braço se arrepiarem, mas quando ela a chamou, você foi arrancada do transe e com um sorriso amarelo fechou a porta e caminhou até o automóvel.
Toda vez que ia vê-lo, você se perguntava porquê ainda fazia isso, mas era só olhar para Lilly ao seu lado que você se lembrava do motivo. Ela ama o pai, tanto quando você o amou. Você dirigiu devagar, sem muita pressa, apesar das objeções da garotinha falante no banco do carro.
Essa parte da cidade não é muito movimentada, apenas alguns carros para lá e para cá. A garotinha começou a olhar pela janela, ansiosa, quando chegaram. Ela balançava as perninhas com os sapatinhos brancos reluzentes.
Você estacionou o carro, saindo em meio aquelas árvores e gramado extenso. Você havia se preparado para aquele momento, já havia feito isso antes, não tem porque ter medo. Ao respirar fundo, Lilly saiu em disparada.
— Espera. — Você disse quando ela abriu a porta e saiu correndo. Você deu a volta e andou até ela que parou quando você pediu. De mãos dadas, vocês caminharam em meio às lápides.
Apesar do céu cinzento, ventos fustigantes, seus braços arrepiados; não estava fazendo frio. As folhas eram carregadas pelas lufadas de ar que rodopiavam pelas lápides e árvores.
Você caminhou tão lentamente quando podia até as lápides paralelas.
John “Soap” MacTavish.