Capítulo 12

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Dipper pisou na lama da abertura da caverna. A chuva fina da madrugada deixou um pequeno lamaçal ali onde o sol mal batia. Já eram nove horas da manhã e existia muita sombra naquela região da floresta.

Dipper, Kelly, Star e Marco estavam na floresta. Mabel tinha ido na cidade comprar as coisas mais normais que se ia precisar e também fazer uma pequena feira para a Casa dos Mistérios, Stanford e Stanley não tinham comprado muita coisa pra passarem o verão e com mais três pessoas é que não teria muita coisa mesmo.

-As aranhas voadoras ficam mais fundo nessa caverna. Dizem que elas podem ser um pouco violentas, mas nada que nós não possamos dar conta.

-Minha espada está aqui pra qualquer coisa. - falou Kelly dando uma tapinha no cabo da espada.

-Então vamos entrar. - falou Star eufórica.

Os quatro entraram. A caverna era fria, se escutava umas batidinhas como pequenos passos pelas paredes, o que deixava Dipper um pouco apreensivo, ele achava que tinha alguma coisa de errado ali. Parece que Kelly também sentia, ela a todo momento verificava a sua espada.

Alguns metros atrás deles estava uma pequena formiga de chifres. Garid era inteligente e sabia ter paciência o suficiente pra esperar a hora certa de agir. Depois do banimento do demônio anterior, Hogazil mandou um mais calmo, a violência não seria a chave, a estratégia sim.

Alguns metros depois da entrada da caverna, ela fez uma pequena curva a esquerda e seguiu com uma pequena descida, como bem dizia o livro.

Eles foram mais adentro na caverna. Mas então chegaram em uma região não mapeada com uma bifurcação.

-Pra onde vamos Dipper? - Falou Marco.

-Não sei, ela não estava aqui antes. - Dipper lambeu o dedo indicador e o levantou em direção a uma abertura, depois a outra. - As duas não tem abertura. Temos que escolher uma ou outra. E depois voltar, ou nos separar.

Os três viajantes de outro universo se entreolharam.

-Vamos nos separar. - falou Kelly tomando a dianteira. - Eu vou com você Dipper, já que eu sou uma guerreira e qualquer coisa posso ser de ajuda. Como a Star e o Marco também são, eles ficarão bem juntos.

Star e Marco se entreolharam e ficaram vermelhos, era exatamente isso que ela queria, ela já estava a algum tempo tentando fazer a reconciliação dos dois. Ela não deixou espaço pra eles se negarem e já puxou Dipper pela mão em direção a uma abertura. Star e Marco foram pra outro. O pequeno demônio Garid seguiu Dipper e Kelly.

Passado algum tempo, tempo suficiente para que Star e Marco não escutem que Dipper quebrou o silêncio.

-Eu vi o que você fez hein. - Dipper falou com um sorriso no rosto.

-Será que eles perceberam também? - Kelly falou com um sorriso treloso no rosto. - Eles já estão tempo demais separados. Duas dimensões se juntaram por causa deles, separados é um fim do mundo!!

Os dois riram e foram conversando sobre outras coisas. Dipper ficou sabendo do cabelo de Kelly, sua enorme espada e mais um pouco sobre como foi a vida de casal de Star e Marco. Kelly ficou sabendo de como foi o Estranhagerdon, a relação de Mabel com seus namorados, que foram vários.

Eles chegaram a mais uma descida e então encontram um pequeno monte de arranhas voadoras. Se não fosse as asas elas seriam arranhas voadoras.

-Ai diz que se tem que ser mortas ou vivas? - Kelly perguntou já imaginando em pegar nelas, já deu até um calafrio.

-Podem ser tanto mortas ou vivas, a questão é ter o corpo todo. Pode ficar tranquila, eu peguei uma colher de pedreiro e um pote pra colocar elas.

-Sempre prevenido.

Dipper sorriu e pegou seus materiais na bolsa que tinha consigo. Ele pegou algumas arranhas e algumas delas se mexeram por estarem vivas, todas elas foram pro pote até um pouco mais da metade e então Dipper se levantou, quando sentiu um pequeno tremor.

-Você sentiu isso? - Dipper perguntou já assustado.

-Senti sim, tem alguma coisa errada, vamos sair daqui.

Dipper e Kelly foram seguindo até a entrada da caverna, que parecia que ficava cada vez mais apertada, eles não sabiam se isso era real ou não, mas não quiseram ficar pra descobrir. Então começaram a correr em direção a entrada e pedras começaram a cair.

∆∆∆

Assim que entraram na outra bifurcação Marco e Star ficaram em um silêncio sepulcral, o que era incomum, eles sempre estavam falando, a separação entre eles mudou tanta coisa, muita gente dizia que eles não eram o mesmo. Marco ficou mais calado, mais introspectivo e menos cauteloso em atividades de campo, como se não tivesse medo de morrer. Já Star ficou, também mais calada, mas muito mais cautelosa, agora que ela entendia que suas ações e palavras tinham um peso também na vida pessoal dela, ela começou a ter mais cuidado com essas coisas.

Mas o silêncio começou a ficar constrangedor, o silêncio e a tensão estavam começando a ficar paupavel nas mãos.

-Eu acho que a Kelly arquitetou tudo isso. - finalmente falou Marco depois de um tempo.

-Eu tenho certeza, ela sempre falava que devíamos estar juntos.

-Ela também me fala isso. - ele falou rindo.

-Parece que ela é a única coisa em comum que temos ainda.

-Você acha que só temos isso em comum? - Marco falou com uma ponta de decepção.

-Eu acho que temos muitas coisas em comum. - Star falou olhando para os olhos de Marco. Os dela também estavam tristes, tentando encontrar a felicidade nos olhos dele, como muitas vezes já fez. - Mas não sei se daria certo ainda. Não sei se você ainda me quer como eu quero.

Marco fez uma expressão de surpresa, ele não esparava por aquilo.

Ela olhou mais um tempo pra Marco, como se esperando alguma coisa dele. Mas nada aconteceu. Então ela se virou e seguiu em frente. Marco pegou a mão dela, apesar da força, era gentil, como ela esperava por aquele toque. Ele a puxou e a fez ficar colada ao seu corpo.

Os dois se olharam bem no fundo dos olhos. Era como se toda a história tivesse passando pelos olhos dos dois. Os corações acelerados, mas como o coração de dois apaixonados estão sempre em sincronia e todo o mundo parecia estar parado só esperando o que iria acontecer. E então as bocas dos dois vão se aproximando, até que não existia espaço entre os lábios dos dois.

A sensação do toque era incrível para os dois, era como uma chama se acendendo e agora estava pronta para queimar qualquer um que tentasse conter a sua chama. E não tinha ninguém pra conter e a chama explodiu. Foi um beijo intenso, cheio de desejo e saudade. Era o beijo de Star e Marco. E quando se deslocaram um instante, ofegantes e parece que o mundo não queria isso.

Um estrondo pode ser ouvido e as paredes começaram a balançar. Marco pegou a mão de Star e começaram a correr em direção a entrada, mas pedras começaram a cair.

Gravity Falls contra as forças do mal Onde histórias criam vida. Descubra agora