Nem toda história é para dormir

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Lee Felix

Desde pequeno, quando olhava pela janela do meu quarto, podia ver, mesmo de longe, aquela casa enorme no topo da montanha.
Sempre ouvi rumores sobre ela, e sendo esta uma cidade pequena, ninguém se atreve a ir descobrir se os rumores são reais, tudo que se ouve é “perigoso, lenda de vampiros e bla, bla, bla” tudo balela para deixar as pessoas assustadas o suficiente para não chegar se quer ao pé da montanha.

- Dizem que aquela mansão é amaldiçoada e nela vive um vampiro. - Meu melhor amigo, Jisung conta empolgado, poderia dizer que o que nos uniu fora a nossa curiosidade, principalmente sobre lendas e coisas de terror, por mais que eu não seja o que chamam de corajoso, sempre falando sobre coisas que ainda não conhecemos, boatos que ouvimos pela cidade ou coisas estranhas que passamos.
Um bom jeito de passar o tempo, visto que não há muito o que fazer aqui.

- Esse povo inventa cada coisa... Como se maldições e vampiros existissem! Bom, pelo menos eu não acredito nisso! – Digo convicto, sentindo um par de mãos em meus ombros.

-Só há uma forma de descobrir se os boatos são reais ou falsos. – Seungmin diz, com um sorriso beirando ao perverso, tendo a mochila puxada pela namorada ao seu lado.

-Não vá incentivar ele a fazer algo assim, Minnie! Vai saber o que tem lá?!

- Está bem, parei! – Responde, colocando as mãos para cima.
Eu, o Minnie e a namorada dele nos conhecemos poucas semanas depois de conhecer o Jisung.

Eu e o Han estávamos escondidos na biblioteca lendo sobre maldições e demônios quando vimos dois pares de olhos nos observando atentamente, um com um tom divertido e o outro preocupado.

Levamos um sermão por estarmos brincando com o que não conhecemos e até hoje chamamos ela de mãe do grupo. E o Minnie? Ele ficou rindo o tempo todo, como é de se esperar. E por eles, conhecemos o Minho, crush do Jisung. Foi por conta dele que fomos descobertos. Mas isso é história para outra hora.

- Eu perguntei sobre a mansão pra minha mãe. – Todos olhamos para o Han, esperando que ele continuasse a falar, mas então, o sinal tocou, parece que teremos que estudar.

- Nos encontramos todos na biblioteca na hora do recreio, na mesma seção de sempre.

Cada segundo parece uma eternidade quando se está curioso, ninguém fala muito sobre aquela mansão, isso inclui os meus pais, é claro, então se a mãe do Jisung tiver dito algo além de “não pode entrar e pronto” já vai ser um milagre, e pelo suspense que ele criou, acredito que ela contou umas coisinhas a mais, e eu como um amante de terror, estou a ponto de roer as unhas.

Assim que tocou o sinal, sai o mais rápido possível da sala, indo para a biblioteca, encontrando o Minho escorado na estante.

-O que faz aqui? – Perguntei com curiosidade.

- Quero saber sobre o que o Han descobriu. – Disse simplista.

-Mas... como você sabe? Não estava conosco quando falamos sobre. -Ele apenas deu de ombros, ignorando a minha pergunta.

O Minho sempre foi meio... estranho? Nunca sabemos como ele sabe das coisas, mas ele sempre sabe, bem como ele surge do nada, parece até um espirito, me arrepio só de pensar na possibilidade.

Em poucos minutos, estávamos todos sentados no chão da biblioteca, todos encarando o Jisung, esperando que ele falasse tudo que descobriu sobre a tal mansão.

-Ela me disse que a anos atrás, minha avó contou que uma família vivia naquela casa e que eles tinham um filho, ela não se lembra da aparência dele, mas diziam que era um garoto muito bonito, porém doente.

-Coitadinho.... – Comentou a namorada do Minnie quase num sussurro.

- Aposto que é só mito, sabe que avós inventam coisas, quer ver que vai começar a ficar bizarro? – A respondeu, com a sobrancelha arqueada.

-E onde entram os vampiros?

-Calma ai, Minho, não terminei ainda. – Ele limpou a garganta e voltou a contar. – Como eu disse, o menino era muito doente e por anos tentaram encontrar uma cura para a doença, mas parece que nada resolvia, então quando ele fez dezoito anos, a sua doença piorou os pais do garoto estavam desesperados, fariam qualquer coisa para o filho poder viver. Bom, e fizeram. Naquela noite um homem estranho entrou na casa deles e depois disso nenhum dos três Hwang’s foi visto outra vez.

-Tá, mas e o vampiro, maldição, sei-lá, de onde veio?! – Perguntei com curiosidade. Ninguém jamais havia falado tanto sobre os moradores daquela mansão.

- Dizem que as pessoas que iam perto da mansão considerada abandonada, ou até mesmo no pé as montanha, acabava morto, parece que as poucas pessoas que conseguiram encontrar, já que a maioria apenas sumiu, tiveram todo o sangue drenado por dois furos no pescoço.

-Uau.... – Antes que eu dissesse algo, ele voltou a falar.

- Minha mãe disse que me contou para que eu não chegasse perto daquela montanha, me fez prometer que ficaria longe.

- Deveria obedece-la. – Disse o Minho, com um sorriso de canto no rosto, o qual eu não saberia dizer se era em deboche ou não, já disse antes que as vezes ele é estranho?

- A namorada do Minnie nos fez prometer que não pisaríamos lá, mas  confesse que se curiosidade matasse, eu estaria morto.

Se tenho medo? Claro que sim, acho que se visse algo eu desmaiaria, mas ao mesmo tempo... Não é como se algo acontecesse nessa cidade, eu conheço todos daqui, e realmente não há nada para fazer além de ler, já que até a internet é ruim nesse buraco que nasci.

A história que a mãe do Han lhe contou não saiu da minha cabeça e quando mencionei a mansão para a minha mãe, ela quase pirou, só faltou me dar umas palmadas e outra vez tive de prometer que não iria chegar perto daquele lugar.

Mas quando fui me deitar, pela primeira vez eu vi uma luz acesa naquela enorme mansão no topo da montanha. Senti um arrepio passar por todo o meu corpo e fechei a cortina rapidamente.

Durante a madrugada, acabei acordando com sede e me levantei indo em direção a cozinha, por mais que eu quisesse desligar a minha mente daquela mansão, era como se algo nela chamasse por mim, e as vezes esta ânsia chegava a ser tão grande que boa parte do meu medo sumia.

Eu simplesmente não consigo esquecer aquela luz acessa que vi mais cedo, um sinal de que há alguém vivendo naquela casa, me pergunto se eu deveria contar a alguém sobre isto.

Deixei o copo de água, agora vazio, na pia e fui em direção ao meu quarto outra vez, hoje está uma noite fria, três camadas de cobertores me aquecem enquanto a minha mente vaga por ai até que o sono tome conta de todo o meu ser. Antes de cair no mundo dos sonhos, sinto como se... algo estivesse velando o meu sono... ou alguém.

A casa da montanha - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora