Lee Felix
Como pode dizer que me ama se nem nos conhecemos? Venho me perguntando isto desde que acordei, mesmo que agora eu saiba que ele tem me vigiado de certa forma, até mesmo através de Minho, não é como se soubesse o suficiente para se apaixonar por mim.
Hoje é sábado, sem aulas, sem ninguém para conversar além da minha mente á mil, um grande perigo, eu diria.
Eu deveria sentir medo dele, mas não sinto, pelo menos mão o suficiente para barrar os pensamentos sobre encontrá-lo.
Olho pela janela do meu quarto, diretamente para o casarão, será que ele está lá?
Com o coração acelerado, desço as escadas e vou até a cozinha, onde minha mãe se encontra, pronto para dar uma desculpa qualquer.
-Ouvi você descer correndo, está tudo bem filho?
-Eu queria saber se posso ficar na casa do Han, dormir lá, sabe? -Pergunto por impulso, sentindo-me ansioso.
-Claro Felix.
Dei um sorriso e a agradeci antes de subir e arrumar roupas em minha mochila, e tudo que eu possivelmente precisaria. Fiquei em dúvida sobre mandar uma mensagem para o Han, ou não, talvez pense melhor durante o caminho.
Assim que vi as grandes árvores e o vento gélido tocar a minha pele, soube que eu realmente faria isto.
-Talvez eu deva avisar alguém...
“Estou indo ao encontro dele, Minho.”
Não sei dizer se ele seria o melhor para receber esta mensagem, mas senti que deveria ser para ele, talvez o medo de ser parado pelo Hannie tenha falado mais alto.
Não sei quanto tempo andei até chegar em frente a um belo portão de ferro entreaberto, um jardim que um dia deve ter sido muito bonito, mas hoje as ervas daninhas estão espalhadas por toda a área e por mais que desse um ar de abandono, as janelas limpinhas diziam o contrário.
-Talvez eu esteja atrás da minha própria morte... -Sussurrei para mim mesmo.
-Ele não vai mata-lo. -A voz que ouvi atrás de mim, me fez virar bruscamente para a porta recém aberta, podendo ver Minho parado ali.
-Você... mora aqui? -Pelo seu olhar, percebi que eu não teria respostas.
-Eu não o avisei, se quer saber, acho que será uma surpresa agradável, ele está em seu quarto, suba as escadas, terceira porta à direita. -Ele iria sair, mas segurei-o pela manga da blusa antes que o fizesse.
-Minho.
-Sim?
-Se puder, diga ao Hannie que eu falei para a minha mãe que estaria lá.
-Direi.
Quase num piscar de olhos, ele não estava mais perto de mim. Entrei naquela casa tão grande, podendo ver móveis antigos e bem cuidados, a casa não cheirava a mofo ou algo do tipo, pelo contrário.
Subi as escadas tentando ser silencioso, e então vi uma porta aberta, bem convidativa, sendo também a porta em que Minho havia dito para que eu entrasse, o quarto do Hyunjin.
Segurei me à parede e coloquei a cabeça na porta com o intuito de espiar quem estava ali.
Meu coração pareceu sair pela boca, tão belo, nem mesmo parece real, sua pele extremamente pálida contrastando com os cabelos e olhos pretos como a noite, a boca cheinha e avermelhada, ele está concentrado em uma pintura, seus dedos sujos de tinta e uma calma tão grande em seu olhar, me faz ter vontade de continuar aqui por muito tempo, apenas observando ele.
Deixei o meu olhar recair sobre o lugar em si, uma cama de casal, aparentemente macia, várias telas espalhadas com diversas pinturas, algumas de mim.
E então meu olhar volta para o pintor que agora me olhava surpreso.
Estou em suas mãos agora, foi a minha escolha e eu espero que dê tudo certo.
-Você veio. -Disse, ainda sem se levantar, apenas olhando para mim, em meus olhos, como se quisesse ler-me por completo.
-Eu vim... Posso entrar em seu quarto? -Ele assente com um movimento suave.
Assim que passo pela porta, ele vem até mim, segurando em minha mão, me guia até a sua cama, me pedindo para que eu sentasse, e assim eu fiz.
-Não achei que fosse vir. -Olhando agora, as palavras calmar e serenas, deixam um certo nervosismo aparecer. -Não teve medo?
-Tive, mas Minho conversou comigo, e a sua “carta resposta” me deixou mais curioso.
-Meu garoto é bem curioso mesmo, eu cheguei a duvidar das palavras do Minho, mas ele estava certo. -Ele deu um sorriso tímido, olhando para as próprias mãos.
-Seu garoto? -Perguntei rindo, vendo seu corpo se encolher de vergonha.
-Eu... acho que não sei o que dizer agora que está aqui comigo...
-Talvez me dizer sobre eu ser seu? Ou o motivo de me vigiar durante a noite.
-Gosto de você desde que você começou a ficar na janela observando a minha casa... Eu não podia ver direito você, mas sabia que alguém estava ali, perguntei ao Minho e ele me falou sobre você... Estou tão acostumado a olhar para você que acabo esquecendo que você não me conhece. Desculpe.
Eu sinto que há mais do que o que me foi dito, mas por enquanto a sua resposta me serve.
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A casa da montanha - Hyunlix
VampiroDesde pequeno, ouço sobre a casa que fica na montanha, ninguém nunca deveria chegar perto dela. Mas o que posso fazer se cada vez que olho pela janela do meu quarto, me sinto mais atraído por lá? É como se alguém quisesse que eu fosse até si, eu não...