Capítulo 1: o primeiro azular da noite

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   Eu sou Ollie, tenho 12 anos, moro com o meu pai Steven a minha madrasta Emma e a praga da minha irmã Keyser. Sempre volto andando para casa sozinho, mas contra a minha vontade a solidão evaporou.
   Como uma sombra ele se teleporta para atrás de mim, me puxando para escuridão, resistir é inútil. Lá no fundo a sua mão sobre caiu em minha cabeça e foi descendo, na luz andam depressa os bonecos de cera não enxerga, não escutam e não falam apenas enfeitam as calçadas.
   Um tempo na escuridão passei a perceber que o escuro não é preto é azul, um azul intenso, forte, grudento, nojento, violento, que entra em minhas entranhas. Nessa experiência não sou o primeiro muito menos o único e jamais serei o último a gritar, chorar por está preso em uma noite azular em pleno dia de domingo.
   Já na segunda feira, em minha mente a dúvida toma conta dos meus pensamentos, as vezes acho que me ama e tenho certeza que me odeia, as vezes acho que o amo e tenho certeza que o odeio.
   Depois de ontem tudo que aconteceu antes pareceu para mim algo insignificante sem importância, e começou a fazer parte da minha rotina. Ele brotava do lado de fora da minha escola para me carregar, me captura, era como se ele pudesse ler os meus pensamentos com seus olhos pretos que já levou a morte, com seu cheiro que me sufoca e suas mãos que me controla.
   Queria saber quando vai acabar esse pesadelo, pois todas as sombras é aonde ele se esconde, todo o dia é o dia da sua volta, todos os becos é onde ele me espera, todo lugar que eu vou é ao encontro dele, cada cheiro, respiração, voz e passos são dele. Dia após dia ele faz o que quer, nessa hora só me lembro de respirar dentro fora, dentro fora, dentro fora, parecia não ter fim os minutos mais parece eternidade.

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