capítulo 2

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Lula

Chegamos em casa e a Janja parecia estranha. Depois do que aconteceu, ela ficou quieta o resto da noite e veio o caminho todo sem falar nada. Preocupado, esperei ela terminar seu banho para tentar conversar.

L: amor, tá tudo bem?

J: tá, tá sim... – se cobre com os lençois – e-eu estou com frio, só isso

L: Janjinha, você sabe que não precisa esconder nada de mim... – visto a camisa do pijama e sento ao seu lado – se for por causa do Luís Cláudio, ele não vai mais bater em você, eu prometo...

J: eu já vi esse filme antes, meu amor – me olha – e não gostei do final...

L: eu não entendo...

J: tudo bem, eu te conto...

Curitiba, 2015

Janja

eu estava atrasada, então peguei minha bolsa e caminhei até a porta de casa, mas alguém segurou o meu braço com força, o que foi bem dolorido devido aos hematomas que haviam ali.

– onde você pensa que vai, Rosângela?!

J: você já sabe, na Itaipu! Eu preciso trabalhar! Me solta!

– não levanta a voz pra mim sua vagabunda! – me dá um tapa –

com a força do tapa, eu bati as costas na estante, o que me impediu de cair. Ele me puxou pelos braços e encheu meu rosto de tapas. Satisfeito, ele me soltou e saiu de casa. Depois de ter a certeza que era seguro sair, peguei minha bolsa que caiu no chão, as chaves do carro e fui trabalhar, como fazia todas as manhãs. Depois de dirigir por alguns metros, parei em uma pracinha deserta e estacionei. Peguei minha base e esponjinha no porta luvas e tampei as marcas vermelhas de tapas espalhadas em todo o meu rosto. Coloquei meus óculos novamente e dirigi até a Itaipu. Chegando lá, subi até o meu departamento e logo fui abordada pelo meu melhor amigo Leandro.

L: você se atrasou, Janja, não me diga que...

J: aconteceu de novo, Leandro – sento na minha cadeira e apoio os cotovelos na mesa – eu não sei quanto tempo mais eu vou aguentar...

L: eu vou te ajudar a tirar ele da sua vida – puxa uma cadeira – ninguém nunca mais vai bater em você, eu prometo...

flahsback off

olhei para ela incrédulo, eu não imaginava que minha Janjinha tinha passado por tanta coisa. Sem saber que palavras usar para consolá-la, a abracei forte. Nos deitamos e ela colocou a cabeça sobre o meu peito. Pude sentir pela sua respiração que ela estava chorando, mas sem soluçar. Levei a mão ao seu cabelo e fiz um leve cafuné. 

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oi pessoinhas! Prontos pra embarcar em mais essa história?

Luar do Sertão • Janja e LulaOnde histórias criam vida. Descubra agora