O carro

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Saio do banheiro e entro no quarto de Ethan. Seco um pouco meu cabelo com uma toalha. Ethan me emprestou um moletom marrom e uma calça de moletom preta. O choque já passou. Estou melhor agora. Eu acho.
- Você está bem? - pergunta Ethan sentado na cama com o celular na mão. Ele deve ter tomado banho em outro lugar, porque seu cabelo também está molhado e está usando uma regata branca e uma calça de moletom preta.
- Estou. Eu tive sorte que vocês chegaram antes que...
- Eu ouvi o barulho da colher caindo no chão. Isla, sinto muito mesmo por isso ter acontecido com você. Se eu soubesse que ele era assim...
- Mas você não sabia. Tá tudo bem. Não precisa se preocupar. Você já tem preocupações demais, como por exemplo a competição de surfe. Começa amanhã, né?
- Sim. Mas eu já falei com o nosso técnico. Por causa do comportamento, André não vai competir, inclusive ele não faz mais parte da nossa gangue.
- E se ele tentar se vingar de você? - pergunto roendo as unhas.
- Ele que tente - Ethan fala apertando as mãos enfaixadas.
- Isla - começa. - Você pode dormir aqui, eu durmo no quarto de hóspedes.
Ethan se levanta da cama. Eu caminho para perto e digo:
- Não, fica. Por favor.
Coloco as mãos na frente dele e ele senta de novo na cama. Ethan olha para cima, para os meus olhos, e depois desce um pouco para minha boca. Apoia as mãos machucadas na cama atrás do corpo.
- Tudo bem, eu fico - ele diz.
As nossas respirações estão pesadas. O meu coração parece que vai sair pela boca.
- Eu preciso muito de você agora, preciso de você perto de mim. Você... Entende? - pergunto.
Ele assente.
Estende uma das mãos e pega a minha mão. Depois coloca a outra mão nas minhas costas, se aproxima e me abraça. Apoia a cabeça no meu peito. Eu tenho consciência de que ele sente meu coração batendo rapidamente. Ponho as mãos em suas costas e retribuo o abraço. Sinto que seu coração também está acelerado. É sério que ele não tem certeza do que sente?
As minhas mãos vão para os ombros dele e as mãos de Ethan aparecem embaixo do meu moletom. Ele desencosta do meu peito e olha para mim. Coloco as mãos em seu rosto e o encaro. As mãos dele me puxam e eu o beijo. Um beijo doce, um beijo que sucede algo ruim. O sol em meio a tempestade. A felicidade em meio ao desespero. Ele pode não ter certeza do que sente, mas eu tenho.
Me sento em seu colo. As suas mãos passam pelo meu corpo. Meu corpo inteiro. Eu amo cada segundo, cada toque. Antes que eu perceba, Ethan já está em cima de mim. Os beijos ficam intensos. Sinto a pressão do seu corpo no meu. Me sinto segura, quente e confortável. Mas...
- Senhor? - alguém bate na porta. Ethan vira a cabeça em direção a porta, continuando na mesma posição que estávamos e fala:
- O que foi?
- Temos um problema, senhor. Alguém pichou o seu carro.
- Puta que pariu. Por que isso tinha que acontecer agora?
- Isla - diz Ethan saindo de cima de mim. - Vamos dar uma olhada no que aconteceu.
Eu não consigo pensar. A adrenalina já tomou conta de mim. O que escreveram no carro caríssimo de Ethan?
Vamos até a Ferrari dourada dele. Estava na frente da casa quando cheguei. Tem coisas escritas em vermelho:

"Vai se arrepender."
"Agora sou vermelho, porra."

Dá para ter uma noção de quem escreveu. Parece que André já conseguiu uma nova gangue. A gangue vermelha. A gangue de Connor.
- Caralho, a gente vai se ferrar muito amanhã - fala Ethan passando a mão no cabelo.
- Por quê? - pergunto.
Ele me lança um olhar penetrante.
- Porque a gangue vermelha não joga limpo.
Deitamos ambos na cama dele, mas a preocupação é grande demais para que qualquer um de nós consiga dormir.

Ethan e IslaOnde histórias criam vida. Descubra agora