O cigarro

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Pela primeira vez na vida eu estou com muito medo e o pior de tudo é que tenho um bom motivo para isso. Depois de ser assediada e quase algo pior, de participar de corridas de carro perigosas, de ter uma grande desilusão amorosa, de ver um amigo sendo esfaqueado bem na minha frente e o sangue escorrendo e a vida escorrendo junto com ele... Os olhos estavam perdendo a cor. Nunca me esqueceria do que aconteceu. Já não sei mais se esse é um verão bom, eu queria ter um verão inesquecível e de fato estou tendo, mas quando pedi por um verão inesquecível, nunca imaginei que todas essas bombas aconteceriam. Nunca imaginei que fosse inesquecível de maneira tão ruim.
Caminho com uma mochila. Saí do hospital e estou indo para casa. É noite e está escuro. Dá para ouvir as ondas fortes do mar se quebrando. Tento andar rápido para casa pois está ventando muito. Ainda não tinha voltado para casa desde o... Infeliz acontecimento. Meg deve estar louca e já deve ter escutado do ocorrido também. Vai me matar, provavelmente.
Passo por uma plantação de bananeiras, as folhas se mexem e eu dou um pulo para o lado. Vou mesmo ficar com medo de tudo agora? As minhas mãos estão tremendo e não consigo parar de pensar em João se afogando no próprio sangue. Eu não estou bem. Preciso parar. Paro perto de uma praça e vomito em uma lixeira.
Quando me sinto melhor, corro de volta para casa. Ethan queria me acompanhar, mas eu disse que precisava de um tempo sozinha e eu realmente precisava.
Chego em casa e a primeira coisa que Meg faz é me abraçar:
- Querida, eu sinto muito que tudo isso tenha acontecido com você. Sinto tanto. Queria poder trocar de lugar com você...
- Tudo bem, Meg. O importante é que eles estão bem, mesmo depois de...
- Nós te amamos muito - fala Josh.
E todos eles me abraçam.
- Eu também amo vocês.

Dia seguinte: 14 horas

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Dia seguinte: 14 horas

Hoje é a semifinal da competição de surfe. Será que a gangue dourada pensou que estão com um competidor a menos? Estamos todos na praia. Dessa vez, Meg, Josh, Artur e Lia vieram assistir à competição também. Mari, Sasha e Ethan conversam preocupados com as pranchas em mãos. Chego perto e escuto Sasha dizer:
- Não adianta Ethan, a gente não vai poder participar. Estamos com um a menos.
- Ei - falo. - Eu posso participar.
Mari e Sasha me olham com cara de "tem certeza que já tá pronta pra isso?".
- Ethan, você me viu treinar e viu também que eu não sou tão ruim.
- Por mim você pode participar, só tem que tomar cuidado e não tentar fazer manobras muito radicais.
- Fechado - falo.
Digo para Meg que vou participar e ela fica um pouco preocupada, mas sabe que eu preciso distrair a cabeça.
- Eu vou pegar em casa a minha roupa de surfe e a minha antiga prancha. E sim, eu também costumava surfar - diz Lia rindo.
Ela volta com o equipamento e me preparo na fila de participantes. Estou mesmo pronta para isso? Não vou deixá-los na mão.
No fim, todos se saem bem. Não faço nada de extraordinário, porém é melhor do que a gangue ser desclassificada por falta de um competidor. Todos ficam felizes. A final vai ser entre a gangue vermelha e a gangue preta daqui a três dias.

 A final vai ser entre a gangue vermelha e a gangue preta daqui a três dias

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19 horas

Vamos visitar João. Logo ele vai poder ir para casa. Os pulmões foram fraturados, mas não era tão grave quanto imaginávamos. Já o seu pai, como é mais velho, houve... Complicações e só vai poder sair do hospital daqui duas semanas.
Infelizmente, João vai para casa, mas não pode fazer esforço, então eu vou participar da final do surfe no lugar dele.
- Pessoal, obrigado por me ajudarem tanto. Eu amo muito vocês. Nem sei como retribuir... - agradece João.
- Você retribui com a sua amizade. Na gangue dourada a gente não se deixa pra trás - Ethan fala e os dois dão as mãos.
- Será que vocês podem sair daqui um pouco e deixar eu falar com a Isla em particular?
- Claro - respondem.
Eu me sento na cama de hospital e João pega as minhas mãos.
- Isla, eu gosto muito de você. Mas, eu não quero ter uma namorada agora, até porquê pode ser prejudicada por causa dos rolos do meu pai. Assim como eu mesmo fui - ele aponta para si mesmo. - Eu gosto muito mesmo de você. De verdade. Só que eu não acho que seja uma boa, e... Você parece estar mais interessado no Ethan - João aponta para fora do quarto com os olhos. - Preciso muito de uma amiga agora. E não me importo se você quiser ficar com Ethan desde que seja feliz. O que você me diz?
- Eu... Eu sempre vou ser sua amiga, João. Pode sempre contar comigo - limpo uma lágrima que escorre do meu olho. - A sua amizade vale mais do que mil amores. E sim, eu acho que sinto alguma coisa por Ethan, mas nada me doeu mais do que ver você daquele jeito na praia. Fiquei com tanto medo... Mas pelo menos as coisas vão se ajeitar agora. Todos estão bem. Tudo vai ficar bem.
- Sim - ele responde e me abraça, porém logo se afasta para dizer: - Agora me dá logo o cigarro que tá no bolso da minha jaqueta.
João aponta para a jaqueta em cima da mesa. Pego o cigarro, acendo e entrego para ele. Fumamos juntos até sobrar só o toco.
- Ei - começa, me olhando com cara de bravo. - Não machuca o Ethan, eu sei que ele é difícil e sempre vem com o papinho de que não sabe quem é. Mas ele sabe muito bem, só tem medo de gostar de alguém de verdade.
- Juro de mindinho que não vou magoá-lo - juntamos os mindinhos e rimos.

Ethan e IslaOnde histórias criam vida. Descubra agora