Capítulo 6 - Eu fui demitido!

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Quarta-feira, 14 de junho, 9h07 da manhã.

Bom dia, querido diário! Estou feliz por estar conseguindo acordar cedo... Bem, considerando os dias em que eu trocava a noite pelo dia ou acordava cedo sem descansar adequadamente, diria que estou dormindo muito bem. Essa noite eu tive um sono tranquilo. Jantei um miojo, deitei e apaguei, dormindo como um bebê.

Novamente sonhei que era um pinguim, desta vez estava em um iceberg no meio de um vasto oceano gelado, com montanhas cobertas de neve ao fundo. Não sentia frio, talvez por ser um pinguim. O iceberg flutuava livremente no meio do oceano, e pássaros, provavelmente gaivotas, voavam serenamente no céu, emitindo o som característico delas. O céu estava incrivelmente azul, sem uma nuvem sequer, e o sol brilhava em meu rosto. O branco do iceberg e dos pedaços de outros icebergs espalhados pelo oceano contrastavam com o azul vibrante do céu, proporcionando uma sensação muito agradável. Eu me sentia tranquilo, mesmo estando sozinho em um iceberg e sendo um pinguim. Deitei-me no iceberg, que surpreendentemente não estava frio, estava até confortável. Fechei os olhos e respirei profundamente. Depois, tentei me levantar. Não consegui. Não tinha mãos para me apoiar no iceberg, e meus pés estavam estranhos, eram patinhas de pinguim. Fiquei pensando: "E agora, como faço para me levantar?"

Então, um vento soprou e o iceberg começou a balançar, fazendo-me rolar de um lado para o outro com o movimento. Eu simplesmente não conseguia me levantar. Acabei sendo rolado até a ponta do iceberg e caí na água. Quando entrei na água, finalmente senti o frio. A água estava extremamente gelada, e afundei. Quando voltei à superfície, percebi que o iceberg tinha se movido um pouco e estava um pouco distante. Eu comecei a me debater e comecei a me afogar. Foi então que pensei: "Que droga, sou um pinguim, pinguins não sabem nadar?" Aí parei para refletir: "Espera aí! Sou humano, não sou um pinguim. Estou sonhando? Que droga está acontecendo?"

Afundei novamente na água, e o céu azul e o sol foram desaparecendo, ficando cada vez mais distantes, até tudo ficar completamente preto. Foi quando acordei...

Acordei aliviado... E feliz. Sim, o sonho começou bem, mas terminou como um pesadelo. No entanto, devo confessar que prefiro ter pesadelos do que sonhos bons. Quando tenho sonhos agradáveis e acordo, fico triste e desapontado por não serem reais. Já quando tenho pesadelos, é o oposto. Fico aliviado por não serem reais e feliz por estar "vivo" e na realidade.

Enfim, vou fazer o café da manhã: ovos mexidos e linguiça frita. Sim, não é nada saudável, mas tanto faz. Acho que não tenho comido coisas saudáveis há algum tempo. Pelo menos agora que estou trabalhando e tenho dinheiro para comprar minha própria comida...

Aliás, estava lendo os papéis que Anthony Antunes preencheu e me entregou ontem, os papéis de contratação e ficha de paciente que deixei com ele. Ele realmente assinou e preencheu tudo. Acredito que oficialmente ele seja meu paciente, só preciso cadastrá-lo no site do conselho para fazer um prontuário. Fico pensando no que diabos vou escrever nesse prontuário, já que não estamos realizando uma consulta real e ele não está me dizendo nada. Enfim, qualquer coisa eu invento algo, afinal, se é para fingir que estou sendo psicólogo, quero fazer isso corretamente.

Mas agora vou falar sobre algumas informações da ficha de Anthony. Seria extremamente antiético escrever as informações pessoais dos meus pacientes no meu diário. Mas vale lembrar que Anthony não é um paciente de fato, então que se dane, vou deixar registrado aqui as informações sobre ele. Anthony tem 28 anos, nasceu em 1994 e fará 29 anos este ano, no dia 31 de outubro (uau, que engraçado, no dia das bruxas). Segundo o Google, o signo dele é Escorpião.
Eu fiz 25 anos este ano, em março para ser preciso, no dia 13, durante o período em que já tinha voltado para Anta Gorda e estava no ócio, sendo um completo vagabundo. Isso significa que Anthony é quatro anos mais velho do que eu (eu nasci em 1998).

Carrapichos nos SapatosOnde histórias criam vida. Descubra agora