Capítulo 4

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Meus braços estão funcionando.

Ossos consolidados, movimentos quase normalizados.

— Última vez. — Profere, o tom exigente como o de um professor. — Pegue a bolinha e jogue-a para o alto.

Engulo meu ódio por ele ter gasto um de meus preciosos e profícuos papéis para simplesmente amassá-lo e usá-lo como objeto de treino.

Estico meu braço trêmulo, empunho a bolinha e jogo-a para o alto.

O arremesso fora deplorável, um bebê seguramente lançaria mais alto.

Ainda assim, tudo que ele emite é:

— Perfeito. — Assente. — Ainda precisa recuperar a força, mas já é um explícito avanço.

Dessa vez, tão logo que ele se vai, tento novamente me erguer do leito.

Um grão de esperança resplandece em meu peito quando ouço o sonido de Ansel, do lado de fora da casa.

Atento o doutor sempre alimentando-o, através dos sonidos de mastigação após o fim de cada visita, todavia, sinto falta do meu cavalo.

Repleto de esperanças, me esforço.

Mas, ao tentar flexionar os braços, falho.

Despenco pelo penhasco da frustração.

É tentador constatar que a morte solucionaria todas essas infindáveis dores.

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