27.

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— O que você estava pensando? — Melanie exclama, com a cabeça entre as mãos. Thea está gritando e reclamando, Amanda está chorando e todo mundo está falando alto demais. Exceto por Nana - ela está balançando a cabeça, não tendo falado uma única palavra desde o anúncio chocante de Louis. 

— Eu não sei, ok? — Harry explode, passando a mão pelo cabelo. Ele continua atormentado, ainda não processando o fato de que Louis confessou tudo e depois foi embora como se nada tivesse acontecido. Está experimentando tantas emoções ao mesmo tempo que nem consegue começar a separá-las – choque, descrença, tristeza e raiva. Está com raiva e, de repente, isso o consome tanto que ele nem consegue falar. 

Ele passa por Thea e sua mãe, ignorando seus gritos e chamados. Não pode falar com elas agora. Ele precisa falar com Louis. 

Louis, o ômega mais irritante, enlouquecedor e teimoso que já conheceu. Louis, que estava parado ao lado dele no altar, parecendo um anjo, antes de jogar uma bomba em tudo o que eles construíram. Louis, que não suportaria arruinar a vida de Harry, mesmo que isso significasse arruinar a sua também. Louis, que virou toda a sua vida de cabeça para baixo em oito dias e teve a coragem de fugir. 

Harry está furioso. Ele espreita pelo quintal, correndo no momento em que bate no saguão. Sua mente é uma repetição de Louis, Louis, Louis e isso só serve para deixá-lo ainda mais irritado. Ele sobe as escadas, seu alfa se debatendo no peito. A porta do quarto deles está entreaberta e parte dele sabe naquele momento, mas ainda assim irrompe no quarto, respirando com dificuldade. 

Ele para, olhando em volta. As janelas estão abertas, uma brisa entrando e balançando as cortinas. É o único som no quarto silencioso. O quarto vazio. Caminha lentamente em direção à cama, vendo o lindo macacão branco que Louis usava dobrado cuidadosamente no colchão. O colar azul que estava entre suas clavículas está cuidadosamente colocado em cima dele, junto com o anel de Grandmére. 

O seu cheiro continua forte no ar, madressilva e caramelo queimando seus olhos. Se Harry fechar os olhos, será como se ele ainda estivesse aqui. Vai ser como se ele não tivesse ido embora. Como se ele já não tivesse ido embora. 

Um manuscrito impresso colocado na mesa de cabeceira chama sua atenção, e ele congela no lugar quando lê o título familiar. Há uma nota com ele, Harry escrito na frente com os rabiscos inconfundíveis de Louis. 

Ele o encara fixamente por um momento, antes de inevitavelmente pegá-lo. Seus dedos tremem um pouco quando o desdobra. 

Você estava certo.

Sobre muitas coisas, a primeira delas é que este livro é especial. Menti para você sobre isso, porque sabia que se fosse publicado, eu perderia você como assistente.

Estava certo quando disse que me conhecia melhor do que qualquer outra pessoa também. Sério, você é a única pessoa que conhece, e fui egoísta em retê-lo. Você tem um olho excelente, e vou garantir que compremos este livro antes de partir. 

Sinto muito por envolver você na minha bagunça, e sinto muito por como acabou. Sinto muito por tudo isso, eu acho. Você tem uma família linda e foi uma honra estar perto deles esta semana. 

Espero que você tenha uma boa vida, Harry. Você merece isso. Merece ser um editor e se casar com alguém de verdade um dia. Deixei o anel de Grandmére e o colar que Nana me deu. Espero que no futuro eles sejam usados ​​por alguém que também mereça. 

Obrigado por tudo, 
Louis

Por um minuto, Harry apenas olha fixamente para as palavras escritas. 

— H? — Thea chama cuidadosamente atrás dele, quase fazendo-o pular. Ela deve ter se oferecido para checá-lo. — Uh, então... foi um espetáculo e tanto.

Ele não responde, ainda olhando para a carta. 

— Tipo, as pessoas vão falar sobre isso... para sempre. — continua ela, com uma nota de humor em sua voz. — Só para você saber.

Assentindo distraidamente, ele olha para a assinatura na parte inferior da nota. 

— Você está bem? 

Harry pisca, deixando escapar uma risada aguda. 

— Se eu estou bem? Não, não estou. — ele sente sua raiva anterior retornar e, de repente, está andando pela sala. — E sabe qual é o problema? O problema é que esse ômega é a pessoa mais irritante que já conheci. Ele me deixa louco pra caralho! Ele me deixou louco por três anos, e tenho certeza que vai me assombrar pelo resto de sua vida apenas por despeito. 

— Oh, cara. — diz Thea. 

— Quer dizer, o que foi isso? Ele foi embora! E, tipo, ok, talvez eu entenda. Foi um casamento falso. Mentimos para todos - foi muito estressante e indutor de culpa. E então… — ele atira a carta para dar ênfase. — Ele me deixa isso. Me deixa essa porra de bilhete porque não pode dizer na minha cara. Ele não tem a decência, ou a porra da humanidade para fazer isso.

Thea parece um pouco assustada quando ele faz uma pausa para recuperar o fôlego. Ela tenta abrir a boca, mas Harry já continua com seu discurso. 

— Três anos, três anos eu trabalho para esse… esse ditador e nunca uma vez ele me disse algo remotamente bom, e então chegamos aqui e ele é completamente diferente. Ele é legal com minha família e comigo e nós nos damos bem e não posso deixar de… — Harry para, respirando com dificuldade. — Mas não importa. Nada disso importa, porque ele escreve esta carta cheia de besteira pura e depois vai embora. — reclama, sentindo-se um louco. Ele amassa o bilhete e o joga do outro lado da sala. 

— Harry. — Thea diz com cautela, levantando as mãos. — Acho que você precisa se acalmar.

— Eu não preciso me acalmar. — ele argumenta, cavando os dedos em suas têmporas. — Nós dormimos juntos ontem à noite, pelo amor de Deus!

A boca de Thea se abre de surpresa. — Você fodeu seu chefe?

— Sim. — diz, com raiva. — E foi bom. Pelo menos, ele parecia gostar quando dei–

— Ok, já entendi! — Thea interrompe, fazendo uma careta. 

— Parecia que estávamos na mesma página depois disso. — continua Harry, vasculhando as memórias, tentando descobrir onde as coisas deram errado, quando e como seus caminhos divergiram. — Mas, aparentemente, não estávamos. Talvez eu devesse ter esperado isso. Afinal, o editor-chefe Louis Tomlinson não leva em consideração os sentimentos das outras pessoas. Ele só se importa consigo mesmo. — as palavras têm um gosto amargo saindo de sua boca. Elas não são verdadeiras. Ele sabe que não são.

Thea dá a ele um olhar triste, vendo através dele. 

Ele respira fundo. — Tínhamos um acordo. Tínhamos um acordo, Thea. Íamos nos casar. Era para ser simples. E então nada saiu como planejado, e agora… agora ele se foi. — ele fecha os olhos, sentindo sua raiva diminuir lentamente. Louis se foi. Ele se foi e Harry pode nunca mais vê-lo. 

— E daí? — Thea diz depois de uma pausa prolongada, e ele abre os olhos para olhá-la. Há um brilho familiar em seus olhos. — O que você vai fazer sobre isso?

Harry olha para ela, e então para o pedaço de papel amassado no chão. Pensa no sorriso de Louis e em sua risada e em como ele o surpreendeu a semana toda. Pensa nele na sexta série, envergonhando-se na frente de todos no show de talentos enquanto cantava Dancing Queen e nele dançando Get Low no meio da floresta. Ele pensa em Louis chorando no barco, em como ele está sozinho há dezesseis anos, e em como se agarrou a ele na noite passada como se não quisesse que ele o soltasse. 

O que você vai fazer sobre isso? 

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