The beauty of Stars

Dia 03/04: S

Hoje era uma quarta-feira a noite, não estava lá aquele ânimo de quase encerramento de semana, isso tudo porque Astorm não aparecia na cafeteria há uma semana, o que parecia ter me deixado mais pra baixo do que eu poderia imaginar.

A última vez que eu vi seu rosto foi quando eu fui leva-la em casa no dia em que ela me beijou. Não sei dizer se ela estava chateada comigo ou o que, mas ela sumir assim estava sendo um infinito martírio para mim. Sentia falta do seu sorriso, falta de como ela me olhava, como mexia em seus cabelos despretensiosamente, eu sentia falta até da forma irritante que ela me deixava sem graça com suas piadas direcionadas a mim. Sentia falta de olhar em seus olhos e isso era loucura porque eu só vi ela por dois dias e já criei essa afeição. Apenas dois dias já foi o suficiente para meu cérebro criar algum tipo de afeto, o que com isso vinha a falta quando ela não estava.

— No que tanto pensa, criança? 

O senhor Castro foi quem me dirigiu a palavra. Eu gostava dele. Era como um pai pra mim, me acolheu de braços abertos para trabalhar em sua cafeteria. Ele confia em mim de olhos fechados quando o assunto é o trabalho, além disso sempre me tratou com cordialidade, me dava conselhos quando eu estava na merda e sempre me fazia sorrir quando meus dias estavam complicados.

Senhor Castro era meu ombro amigo quando eu precisava chorar ao brigar com Evan, ou quando acontecia algo relacionado a minha família. Nunca havia julgamento de sua parte, sempre me deixava à vontade para falar sobre tudo ou apenas ficar em silêncio o dia todo. Podia dizer que o amava, era o único laço verdadeiro que eu tinha, era mais como minha família do que meu chefe.

— Só não estou nos meus melhores dias.

— Se quiser pode se abrir comigo, criança – Disse ele se sentando e fazendo menção para que eu o fizesse também. Me sentei olhando para seus olhos afetuosos que me encorajavam a abrir o coração e com isso eu suspirei pesadamente.

— Eu não sei, acho que meu eu carente acabou se apegando demais em Astorm. A conheço a poucos dias e ela já está em minha cabeça, não sai de lá de dentro, se instalou como um parasita.

— Bem, eu conheço bem o efeito que Astorm causa nas pessoas – Sorriu simpático, parando para pensar no que falaria – Não acho que o seu ‘eu carente’ é quem esteja dominando agora. Astorm é assim, ela nos cativa com o seu jeito excêntrico, seu sorriso doce e suas falas perdidas. Conheço aquela garota há três anos e desde o primeiro dia que falei com ela eu pude sentir um certo afeto, ela me fez dar risada por uns 15 minutos seguidos nesse dia e conforme o tempo ia passando, ela continuava a vir. Acabei por me acostumar com ela à minha volta. Sempre conversávamos sobre tudo e ela toda vez me fazia ficar ainda mais apaixonado por sua essência. Aquela criança sabe bem como nos deixar de bem com a vida e eu sei o que ela pode fazer com alguém que ela quer o coração – Sorriu para mim, fazendo com que o meu rosto inteiro pegasse fogo.

— Então o senhor sabe?

— Claro que sei, falávamos tanto de você, nessa mesma mesa, quase todos os dias.

— Porque o senhor nunca me disse nada? – Indaguei curiosa em sua resposta.

— Não cabia a mim, criança. Essa era uma coisa que apenas ela poderia fazer, apenas ela poderia te chamar pra sair, apenas ela poderia se sentir pronta para tal ato. Eu não podia e nem devia me interferir. Esse era um direito dela e de mais ninguém – Tornou a sorrir, se levantando e pegando duas xícaras de café, me oferecendo uma ao tornar a sentar.

— Ela não aparece há uma semana. Eu estou preocupada, não sei se tem algo errado e eu sinto a falta dela. É estranho pensar que uma pessoa tão nova em minha vida seja capaz de me causar esse tipo de sentimento, sinto tanta falta de ouvir sua voz, ver seu sorriso ou apenas ouvi-la falar sobre como tudo a nossa volta é valioso, como devemos nos apegar a cada momento que temos a sorte de viver – Tomei ar, desviando meus olhos para a janela, vendo várias das pessoas que passavam do lado de fora da cafeteria – Sinto falta da sua energia… O senhor já se sentiu assim?