Maya é filha de pais separados. Sempre viveu sobre pressão, sempre tendo que agradar a família de sua mãe. Ela era a filha perfeita, a amiga perfeita, a neta perfeita, a garota mais responsável da família. Capitã do time de futebol, aluna de honra...
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Maya, LOS ANGELES
Dois dias no porão
- Água do dia. - Minha avó entrou na sala húmida e escura já tirando onda com a minha cara. - Abre a boca meu bem... - Levantei a cabeça com dificuldade e dor quando ela começou a derramar uma garrafa de água sobre minha cabeça, abri minha boca para tentar beber pelo menos o que me escorria pelo rosto, água com sabor a cobre dos meus ferimentos e suor, mas pelo menos era água.
Eu preciso sobreviver. É o que tenho dito a mim mesma desde que vim aqui parar, dois dias, pelas minhas contas, que já não estão tão certas assim, eu acho que estou aqui tem dois dias.
- Espero que aprenda a lição Maya, eu bem avisei sua mãe que quase dois meses sem você pisar nesse porão iriam te fazer mal. Além de que ela não deveria ter você deixado ir na casa do seu pai, aquela gentinha só contamina você. Bando de gente mais sem classe, andar com aquelas pessoas não faz bem pra ninguém, chego até a me arrepiar quando lembro que sua mãe esteve para casar com aquele traste sarnento.
- Vai pro inferno... - Um tapa forte no meu rosto e novamente tudo apagou.
Seis dias no porão
Eu não aguento mais, não tem mais salvação para mim. Por mais que eu saia com vida desse porão, minha alma estará morta. Eu prefiro morrer...Não consigo mexer meu corpo, tão pouco sinto minhas pernas, estou vomitando sangue faz um dia por conta das pancadas que tenho levado em meu estômago. Não tenho lágrimas para chorar, não consigo abrir a boca para falar, dói meu peito quando respiro, e os cortes em minha carne estão cada vez mais infecionados, apodrecendo...eu estou apodrecendo.
Tenho sonhado com o Vinnie, sonhado que ele me salva e que a gente tem uma vida feliz depois de tudo isso...mas aí acordo e estou aqui na mesma. Tentei inúmeras vezes me levantar, tentar achar uma chance para dar o fora daqui, inúmeras vezes falhei...estou apenas existindo, um corpo fraco, apodrecendo no canto de um porão.
Sinto um click e a porta velha se abrindo mais rápido do que é normal. Abri meu olho esquerdo já que o direito está infecionado desde que estou presa aqui, vi a sombra da minha mãe vindo de rompante a meu encontro. Hugh! Me contorci de dor ao sentir o impacto do seu pé contra meu peito.
- Sua inútil! Depois de tudo aquilo que eu fiz por você, é assim que você me recompensa? COMO DEIXOU O KIO CYR ESCAPAR DE SUAS MÃOS? - Ela gritava furiosa enquanto pegava minha cabeça pelos cabelos para eu olhar em sua cara. - FALA!!
- N...- Tentei falar, mas nem um som saía de meus lábios, estava morta, mortos não falam.
- Ele me contou que já não se amavam mais! COMO VOCÊ SABE O QUE É AMOR? VOCÊ NÃO PRECISA DE AMOR! Você precisa de poder! Poder para nossa família! Você arruinou tudo! Todos os meus planos! Você não serve pra nada...
Desliguei, entrei em meu mundo porque sei que vai começar mais um massacre. Então enquanto ela me espanca, mais uma vez, eu penso no Vinnie...em seus lábios, seu sorriso, seu olhar sempre vibrante. Penso no Reggie...na sua gargalhada, nossas brincadeiras. Penso na Nessa...nos nossos segredos, nos momentos em campo, seus concelhos. Me lembro de Jaden...de nossos baseados, nossos skates e as tardes no parque comendo gelado quando a vida fica mais merdosa que o normal. Quando sinto sangue sendo cuspido de minha boca, e seu pé prensando em meu pescoço passam imagens pela minha mente...Estou no parque, deitada no colo do Vinnie enquanto ele acaricia a minha barriga com seus dedos, enquanto Jaden e Nessa cantam uma de suas canções para a gente, com o Bryce e a Addi discutindo os pormenores da próxima festa e o Reggie tentando flertar com o Jack mesmo se engasgando todo ao falar. Olhei para meus amigos, meu irmão, meu namorado, uma sensação de paz encheu o meu peito e me senti partir....encontrando a escuridão.
*
- MAYMAY!!
- MANA!!
Sonza, tentei abrir meus olhos, ou no pós a morte a gente encontra com nossa família ou então não morri e estou sonhando de novo.
- Maya, Maya! Ela não está respirando bem!
- Levem ela! LEVEM MINHA FILHA AGORA!
- Pa...
- Chiu...Não se esforça minha criança, a gente está aqui, a gente te achou...
Senti me pegarem no colo e me contorci de dor, sorri ao sentir o cheiro amadeirado, típico do meu pai e desfaleci em seus braços novamente.
__+× Fim do Capítulo ×+__
Isso foi só meio que um bónus, só mostrando um pouco do que a Maya passou.
Será que ela vai resistir?
Será que seu sonho irá se realizar e ela vai ter a vida que sempre sonhou fora das garras de sua mãe e avó?
Como vocês estão? Espero que bem! ❤
Não esqueçam de votar, o voto é muito importante pra mim, me ajuda, me faz ver se vcs estão 😚😚
