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6 anos depois.

Os meninos cresceram mais rápido do que eu podia prever, logo os choros diminuíram, as cólicas já nem incomodavam mais.
Em certo ponto, que eu particularmente não percebi, os meninos já andavam e me chamavam de mamã, e isso aquecia meu coração de uma maneira incomparável.

Eu nunca pensei que talvez eles não fossem se parecer com Matheo, mas a verdade é que mesmo sem terem divido o mesmo espaço nem que seja por uma fração de segundos, os meninos eram a cópia viva, uma amostra de que Matheo esteve em minha vida.

De alguma forma muito louca isso me conforma, todas as vezes que não atendo as ligações, eu posso ouvir e velo duplamente correr pela casa.
Ele sempre está aqui, vivendo duas vezes mais, eu não esperava me apaixonar três vezes pela "mesma" pessoa.

- Mamãe, vamos no bate-bate? - Benício perguntou, da sua cadeirinha no banco de trás, ao lado de Martin, lancei um olhar para ele pelo retrovisor, ele me lançou uma dos seus olhares podão - pu favozinho mamãe!!!

Eles sempre me ganhavam com essa manha, certo que Martin era mais diplomático nessa questão, ele parecia sempre mais velho, inventando teorias na sua cabecinha de vento.

- Tudo bem, tudo bem...- disse e ele gritou de alegria, olhei para Martin olhando pela janela, como sempre apaixonado pelo céu - Vocês tem trinta minutos! - bene acenou com a cabeça, mas Martin ainda olhava atento para o céu - Hum, terra chamando Martin?!

Ele me olhou com um sorriso repleto de dentes.

- Oi, mamãe.

- Já consegue ver as estrelas? - perguntei, e ele olhou novamente para o céu. - Me diz o que vê.

Ele suspirou.

- Mama, sabe como que as estrelas ficam no céu? - eu fiz um "hum?" Para ele continuar - elas são pregadas lá, como tia Cassie fez com os enfeites de natal.

Minhas mãos apertaram o volante com tanta força, que eu poderia ter o arrancado com elas, engoli o nó na garganta, empurrando junto para baixo o dejavu que tive.

- Quem te contou isso, Martin?

- Eu acho que são assim.

Seguimos em silêncio até que eu estacionei o carro, tirei os meninos de suas cadeirinhas.
Levei eles até a seção de brinquedos, o carrinho de bate-bate estava em manutenção então eles brincaram na piscina de bolinha.

Mina:
Chegamos em algumas horas Cassie.

Cassie:
Vocês vão comer fora?

Mina:
Não.
Vou levar os meninos para comer em casa, aquele seu macarrão, que eles amam.

Cassie:
E você também.

Mina:
E eu também.

Cassie:
Quase ia esquecendo...
Chegou uma encomenda para você, comprou o liquidificador? Já era hora.

Mina:
Para mim? Eu não pedi nada...
Boba.

Cassie:
Sim, ué?
Kk

Mina:
Vejo quando chegar.

Cassie:
Cuide-se.
Cuide dos garotos!

Fiquei os vigiando brincar, até que eles se casaram.
Coloqueios na cadeirinha e os levei para casa.
Mas um sensação no meu peito me fez querer ir para outro lugar.
Chequei o telefone no sinal vermelho do que de costume.

Os meninos tinham dormido, seria um problema acorda eles para comerem.
Mas isso não me incomodava tanto.
Até que cheguei próximo a casa, uma BMW preta estava parada frente ao portão.
Eu não reconheci a placa.
As únicas pessoas que nos visitavam eram a minha mãe e Alex. HB
Desci do carro, e analisei a situação, meus pelos se arrepiaram.

Voltei para o carro e abri o portão.
Olhei pelo retrovisor os meninos dormirem serenos.
Mas algo estava errado.
Estacionei o carro na garagem, ao descer e abri a porta de trás onde estava Benício adormecido, Cassie surge pálida como papel.

- Mina...- sua cara era um misto ilegível - ele...

Ele, atrás dela, me encarava com uma expressão mais ilegível que a de Cassie.
Tão lindo e sereno, nada mudou, só melhorou.
Alto, pele clara, olhos claros, eu consegui ver Benício e Martin unidos nele.
Com as mãos nos bolsos ele me olhou, seus olhos me queimaram, ele não me acusava, mas eu sabia que ele sabia.

Fechei a porta do carro, passando por Cassie parei frente a frente a ele.
Um silêncio nos rondou pela primeira vez em anos.

- Mina. - ele disse, sua voz carregada de algo que eu não podia dizer o que. - Quanto tempo.

Eu suspirei, parecia ter soltado todo o ar que eu não segurei.

- Matheo... é bom te ver. -ruim, nessas circunstâncias é ruim.

- Realmente bom? - perguntou simplesmente - Ou cheguei na hora errada?

Magoa.

- Matheo...

Ele me cortou

- Eu volto amanhã para conversamos. - adiantou - você já sabe que eu sei...eu não esperava.

Ele não me deixou falar, apenas passou por mim, nem olhou para o banco de trás do carro, ele pisava fundo.

Casse, passou por mim com Martin nos braços, peguei Benício já acordado.
Depois da janta e banho, levamos eles para o quarto.
Só os meninos falaram.
Cassie parecia tão surpresa quanto eu.

Paramos olhando os meninos dormirem.

-Quando ele chegou?
Perguntei, meus olhos queimavam em lágrimas.

- Segundos antes de você.
Falou com a voz fraca.

Virei as costas e desci as escadas chorando me joguei no sofá, Cassie logo me alcançou, se sentando no sofá.

- Merda.

- Mina, a gente já sabia que ele iria descobrir.

Quem contou? Minha mãe?

- O que ele disse?

Ela suspirou.

- Ele chamou e procurou por você, -ela esfregou minha perna - com urgência, saudade na voz e olhar - meu coração doeu - depois perguntou pelos meninos, e, bom, eu já sabia que ele sabia dos garotos.

- E agora? ele vai me odiar, como será...os meninos...

Ela se deitou atrás de mim no sofá ele abraçou acariciando meu cabelo, como uma irmã mais velha.

- Agora vocês se resolvem, fale os seus motivos. - aconselhou - se ele te odiar, vai ser ruim mais compreensível. Mas a gente resolve.

Me virei para ela, ficando frente a frente para ela.

- Eu só queria proteger ele, cuidar dele.

- mas mentir não é cuidar.

Eu chorei, como uma criança ela estava certa.
Mas além de saber sobre meu erro, pior foi saber que agora ele estava bravo e com todo o direito.
Dessa vez eu destruí tudo.
Peguei no sono com o carinho de Cassie, a única coisa que me lembro era o gosto salgado da lágrima na minha boca.

Todo tempo perdido Onde histórias criam vida. Descubra agora