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Eu não posso explicar o sentimento que foi pegá-los no colo pela primeira vez, um amor me encheu, eu nunca sonhei em sentir algo assim.

Depois de um parto dolorido, da mamãe e Alex virem me ver, depois da Cassie resolver ir arrumar a casa para receber eu e o bebês, tive meu momento a sós com eles.
Dois meninos fortes, eles são branquinhos cabelos claros, eles... Eles eram duas cópias fies de Matheo, eu não podia negar.

Seria mais difícil do que eu pensei, jamais conseguiria convencer os pais e irmão de Matheo muito menos os meus pais.
Bastava ter olhos para ver que eles se pareciam com ele, mamãe não conseguiu os ver de perto, porque eles estavam na salinha de bebês, mas ela certamente diria algo que poderia ver.

Segurei a mãozinha de um bebê, e logo coloquei minha mão na mão do outro.
Eles seguraram com força as minhas mãos.

- Vocês são perfeitos, - eu senti meu peito de encher de amor por eles - Eu amo tanto vocês, eu não consigo explicar, eu amo, amo muito. - me aproximei e beijei um a um. - Martin e Benício, meus meninos.

Fiquei algumas horas olhando para eles, eu não podia tirar os olhos deles.
Eu me pergunto o que Matheo diria se soubesse sobre eles, ele certamente se gabaria por ter duas cópias sua, ele provavelmente ficaria como um bobo babão.
O que ele pensaria se soubesse que temos dois filhos?
Surtaria?

- Senhora, sua mãe veio te buscar.
Anunciou a enfermeira.

- Claro, obrigada. - Senhora? AFF, olhei para os bebês eles já estavam arrumados para sair, eu só precisava assinar a alta. - Vamos ir para casa agora, a vovó veio nos buscar.

Minutos depois, a mesma enfermeira entrou no quarto, para eu assinar os papéis da alta.
Para minha sorte os pais de Matheo não estavam a serviço nesses últimos dias, voltam depois de amanhã, foram visitar os familiares.

- Filha? - minha mãe entrou no quarto, parecia feliz - Vamos? Precisamos ser rápidos, o tempo está chuvoso...

Ela parou ao lado do berço olhando para os meninos, eu podia ver em seus olhos um quebra cabeça sendo montado, como se a última peça tivesse sendo encaixada.

- Mãe, por favor...

- Mina, me diz a verdade, eu poderia dizer que essas crianças se parecem... - ela me olhou incrédula - Mina, Matheo sabe?

- Mãe, por favor, - comecei a chorar - por favor...

- Mina, filha, porque não contou isso a alguém? - ela parecia preocupada e incrédula - Eu vou ligar agora para ele...

Peguei a sua mão.

- Escute, não é o momento mãe, ele não sabe disso. - falei por fim - ele nem mesmo imagina.

- Porque? Os pais dele sabem que são avós assim como eu?

- Não, e eu prefiro assim, por favor.

- Mina porque? Você sabe que eles merecem saber, essas crianças tem o direito, você escondeu eles, isso é errado, eles tem o direito de saber, mesmo que eles queiram ou não as crianças, elas tem o sangue deles. - ela falou, uma dúzia de verdades, e estava certa, um dos meninos acordou, coloquei minha mão na barriga dele e balancei o fazendo dormir de novo - Vejo, por quanto tempo vai manter esse segredo?

- Mãe, eu amo Matheo, e não vou destruir os sonhos dele por causa disso, vou contar quando ele voltar, até lá ninguém precisa saber!

- Não seja estúpida! - falou ela arranhando a voz de maneira baixa para não acordar os meninos. - Qualquer um que conheça Matheo saberá que ele é o pai dessas crianças, Mina.

Eu sabia.

- Mãe, deixe eu lidar com isso do meu jeito, não conte nada a ninguém.

Ela ficou quieta, me olhou como quem não me conhecia, pegou um bebê, e uma das bolsas, ela parecia brava, mas de alguma forma se acalmou com a criança nos braços.

-Qual o nome deste que eu seguro?

- Benício.
Acabava de decidir os nomes.

Entramos no carro ainda em silêncio, mamãe se dirigia aos meus filhos com calma e amor, e a mim com pena.

- Eu não vou contar nada a ninguém, mas se Regina me perguntar algo, eu não vou mentir. - eu ia começar a dizer algo quando ela continuou - Seu padrasto e eu, não vamos ajudar  você a esconder essas crianças, porque não é certo, mas não vamos te sabotar, mas quero dizer que isso é errado, eu não conheço a sua covardia, eu não te criei assim, mas ainda assim, te amo.

- Obrigada mãe, eu a amo muito também.
Apenas disse isso.

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