Matheo foi embora na semana seguinte, levou com ele tudo o que eu achei que não poderia perder.
Eu nunca tive outros amigos, e eu contava apenas com ele.
Eu sentia falta de tudo, da presença dele, da voz dele, das risadas e implicâncias dele.
Pouco nos falamos, e a conversa era sempre pingada.
3 meses depois.
- Mina, você vem almoçar? - Alex gritou, minha mãe tinha ido a uma conferência me deixando com Alex, eles me julgavam depressiva e incapaz de ficar sozinha - comprei pizzas.
Eu não tinha vontade de comer, mas ele subiria até o meu quarto para me buscar de qualquer jeito.
Apareci na cozinha, apoiada no batente da porta.
- Ótimo, princesa! - ele sorriu quando me viu, Alex estava com a mamãe a doze anos, ele praticamente me adotou quando eles se casaram, cuidava de mim como meu pai biológico jamais fez, e eu o amava. - Vamos comer.
Eu sorri e comemos, ele falava sobre as operações da polícia e me dizia para evitar certas ruas.
Depois do almoço, ele convenceu a ir caminhar, eu aceitei porque precisava comprar coisas na farmácia.
Entrei no quarto e peguei minha calça jeans favorita, ela parecia apertada, tentei fechar mas ela simplesmente não queria fechar.
Sabe aquele momento em que você ignora a sua mente por ela dizer algo? Estava acontecendo isso exatamente agora.
Parei de tentar fechar na terceira calça.
Fui até o espelho, eu não podia parar de olhar para minha barriga, um choque me bateu.
Uma pochete estava se formando eu não sei por quanto tempo em mim.
Passei a mão estranhando aquilo, eu estava gorda?
Não, isso era estranho...
E agora?
Procurei sintomas em minha mente que pudesse indicar o que eu não queria falar...
Peguei um vestido solto no corpo, o telefone e um cartão de crédito.
Mensagem:
Theo: Eu tenho algo para te contar!
Min: eu acho que eu também...
...
Corri para a farmácia mais próxima, entrei no corredor de testes de gravidez, isso não podia ser real eu não poderia estar, poderia?
Peguei o máximo de testes que eu consegui.
- Esse aqui é o melhor. - uma mão estendeu uma embalagem para mim, levantei o olhar, e vi uma garota, jovem como eu - Bom, eu vou usar esse, todos dizem ser bom.
Eu pequei o que estava na mão dela.
- Obrigada!
- De nada.
Ela já isso se virando para sair.
- Você tem certeza de que está..? - ela me olhou sem entender - você sabe...
Ela sorriu entendendo.
- Eu acho que não, você acha que está?
Eu não sabia.
- Acha que pode acontecer na primeira vez?
- Vocês foram cuidadosos?
Eu olhei para baixo envergonhada, o que ela acharia de mim se eu falasse não, que éramos amigos?
- Então, eu acho que sim.- ela disse enfim - vai fazer o teste aonde?
Eu não sabia, eu não sabia nem se queria fazer esse teste, ele ia me dizer tudo o que eu tinha medo de saber, e eu torcia pelo negativo.
- Eu não sei, eu não tenho um lugar.
- Quer ajuda?
Saímos da farmácia juntas, e fomos para o apartamento dela, ela me manteve calma, despreocupada.
Ela era nova na cidade, tinha apenas um ano aqui, e seu namorado Justin era o possível pai.
Cassie me deu o meu teste de gravidez.
- Fica tranquila, eu estou bem aqui esperando você.
Fiz o xixi no palito, eu pedia para ver um grande NEGATIVO.
-Agora é só esperar. - ela disse sorrindo, sentamos na mesa, ela enfrente ao potinho dela e eu enfrente ao meu, nos esperamos aparecer linhas ou não. - me conta sobre o pai desse bebê.
- Por favor, Cassie, não falei pai ou bebê, faz parecer que existe...-pedi implorando, ela levantou as mãos se rendendo - Eu e ela somos amigos, a anos, eu gostei dele na adolescência, mas foi uma paixão reprimida, três meses atrás nós bebemos e transamos, agora eu estou aqui.
- E onde estás o seu amigo?
-Nos Estados Unidos, fazendo sua faculdade de medicina.- ela nada falou - Eu iria começar a minha em administração daqui a algumas semanas.
- Mina, se acontecer de ser real... Você vai contar a ele?
Eu iria? O que ele faria?
Voltaria e assumiria a coisa junto de mim?
- Eu não sei...
Ela bufou.
- Mina, ele é o pai, eu não ligo para que faculdade ele foi, ou para onde ele foi, ele tem que assumir "isso" - ela disse séria - e você não tem o direito de negar o saber a ele.
- Não é fácil, como vou explicar para a família dele e para minha que fizemos isso? Além de tudo, vou destruir a carreira dele.
- Mina, todo mundo transa, tá certo que vai ser um pouco estranho, mas isso acontece mais do que podemos ver, e quanto a você, vai criar um filho sozinho, e os seus sonhos e planos?
Eu não acreditava que uma estranha estava brigando comigo, faziam poucas horas que eu tinha conhecido ela.
- Cassie, escuta eu...
- Não me vem com essa de me escuta, você sabe que eu estou certa. - ela estava, eu fiquei quieta - o meu ficou pronto. - ela olhou por alguns segundos de disse - Negativo.
Ela parecia triste.
Ela queria estar grávida?
- Se o meu der positivo, eu te dou a criança. - Ela riu - é sério! - falei eu rindo, mas eu jamais daria algo que não fosse só meu.
Ficamos em silêncio.
- Sua vez! - anunciou e eu fiquei nervosa - posso ver? - fiz que sim, ela pegou e olhou, demorou mais dessa vez. - Ah, bom...
- O que?
Perguntei aflita.
- Acho que você pode escrever um texto dando felicitações a ele... Vocês estão grávidos.
Peguei o exame da mão dela, duas linhas, eu estava grávida aos dezoito anos de idade, o que eu iria fazer da minha vida?
Minha mãe, Alex?
Fernando e Regina?
Como eu ia criar uma criança?
Não, isso não é possível!
Me agachei e comecei a chorar, chorar descontroladamente, eu queria morrer naquela cozinha.
- Mina, calma, um filho não é o fim do mundo!
Cassie disse.
- É o fim do meu mundo, eu não posso ter um filho!
- Pode, ele está a caminho.
- Cassie, eu arruinei tudo, eu estraguei tudo!
- Porque só você? Ele não? Escuta, sua família vai te deixar se ele não te quiser?
Doeu imaginar Matheo não me querer.
Mas minha família não me abandonaria jamais.
- Não, mas eu não consigo fazer isso sozinha, eu sou fraca demais para isso.
Ela se ajoelhou na minha frente.
- Você não é fraca, e eu vou ajudar você a cuidar da criança.
A olhei incrédula.
- Porque? Você não me conhece, não sabe quem sou.
- Tanto faz, eu não vou olhar a quem para fazer o bem, não surta, eu vou te ajudar.
Ela me abraçou e eu chorei muito mais.
Mensagem:
Theo: eu falo primeiro.
Theo: eu estou namorando uma garota do internato, ela é muito bonita e gentil.
Min:❤️😅
Sabe, as coisas pioraram muito mais.
