CAPÍTULO 3

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MAIA

esse capítulo faz parte da nova versao 2024

A igreja da noite surgiu diante de mim, suas majestosas portas abertas, convidando-me a entrar. Ofegante pelo peso dos tecidos e ofuscada pelo esforço, adentrei o sagrado local. O silêncio envolvente da igreja acalmou minha respiração acelerada, enquanto eu olhava ao redor, percebendo que consegui levar mais de dez quilos de tecido sem a ajuda de ninguém.

Meu cabelo . Eu não tinha penteado. Arrumei os fios avermelhados, verificando se meu vestido estava apresentável. Graças aos Demônios, sim. A noite foi péssima e mal consegui dormir. Só pensei na figura de Sephy à minha frente. Não havia explicação. Era um sinal?

O sacerdote me esperava impacientemente no altar. Com um sorriso no rosto, eu me aproximei arrastando a sacola, pronta para dar início aos preparativos.

- Senhorita, Maya. — O velho magrelo estava com as mãos para trás, com os olhos quase saltando da órbita. — Um minuto atrasada.

Fiz uma reverência, quase desequilibrando.

— Desculpe-me. Hoje não foi o melhor dia.

Ele deu um passo à frente, admirando as paredes da catedral dourada.

— Trate de arrumar essas moças melhor que o ano passado, Maya. O nosso guerreiro precisa da melhor, sinto isso.

— Senhor...

— Cale a boca, senhorita. O mínimo que esperamos de você é zelo pelas noivas sagradas.

O sacerdote passando a mão pelos bancos da igreja com um olhar estranho, um tanto fanático. Por isso, eu não dava atenção a tudo o que dizia. Só preciso fazer o meu trabalho e ir embora. Graças aos céus a governanta encomendou mais roupas e seria um mês bom.

— Tudo bem...

— Eu não deixei você falar ainda.

— Ela é costureira?

Caminhando lentamente pelo corredor central, com passos firmes e confiantes, enchendo o espaço sagrado com uma energia arrebatadora. O padre caiu de joelhos e a minha língua quase não cabia na boca.

Eu tentei compreender a magnitude daquele momento, Sephy, o Demônio dos cabelos negros, anteriormente-me um sorriso largo e sedutor, trajando a armadura sagrada dos Deuses. Passou pelo sacerdote sem dar o direito à palavra. Com gentileza, ele tomou minha mão tremula nas dele, levando-a com delicadeza aos seus lábios carnudos e quentes. Aquele contato provocou uma sensação nervosa em meu ser, deixando-me sem palavras, incapaz de formular uma resposta adequada.

— Senhorita Maya. Muito prazer. Sou Sephy e estava aguardando ansiosamente pela sua presença.

— O prazer é todo meu, senhor. — Minha voz saiu trêmula.

Nossos olhares se cruzaram e foi difícil manter a coluna ereta.

— Senhor. — O sacerdote chegou, desviando a minha atenção. — As prometidas estão aqui.

As mulheres adentraram em uma formação em fila, desfilando com roupas. As pernas longas eram intermináveis, a magreza natural era realçada em cada passo gracioso. Seus cabelos sedosos brilhavam intensamente, contrastando com a minha opacidade. Por um instante senti vergonha.

Sephy observava atentamente cada uma delas, avaliando-as de cima a baixo com um olhar satisfeito. Loiras, ruivas, negras, morenas. Uma diversidade de belezas à sua disposição. Havia um grupo de dez mulheres, prontas para serem escolhidas conforme seu desejo. Quem sabe, até mesmo mais de uma, como diziam as línguas maliciosas.

SACRIFÍCIO A SEPHY: O IMPÉRIO DOS ATER - LIVRO I Onde histórias criam vida. Descubra agora