CAPÍTULO 9

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ESTE CAPÍTULO VEM ANTES DE MAYA CHEGAR NA CASA DA IRMÃ E CONHECER MILDRED!!!!!!!!!!! TIVE QUE FAZER A MUDANÇA, CONFORME RECOMENDADO PELA MINHA LEITORA CRÍTICA :)


MAYA

Trystan subiu no dragão, indo em direção ao céu, transformando os flocos brancos sobre o animal em um mar de pó gelado, translucido e intocado.

- Você vem? - Daren abriu as asas, rumo ao céu, ao chamar Sephy.

- Vou levá-la para Diméria primeiro. Nos vemos em duas semanas. - Sephy avisou ao Rei, pegando-me pela mão, levando-me pelas ruas da Corte.

Saímos do porto em direção a um nevoeiro gélido, sobre o chão escorregadio e lamacento. Olhei uma última vez para o navio, vendo vários homens rumo ao caminho da direita do porto. Não havia felicidade, nem esperança nas expressões deles.

- Você poderia me dizer que anda planejando. Mas não, você prefere me arrastar por um território desconhecido para mim. - Sephy não disse uma palavra, havia raiva nele nos gestos apressados dele. - Estou falando com você. - Puxei o braço.

Ele parou bruscamente, no meio da rua, cruzando os braços, assemelhando-se a um garotinho raivoso. As carroças passavam e os demais trabalhadores o cumprimentavam e ele sorria tranquilamente, voltando a olhar de raiva para mim.

- Por qual motivo, Maya? - Apertou os lábios e não havia tom de brincadeira na voz grossa. - Por que escolheu esconder que não tomou o elixir?

Me senti encurralada, nem sabia para onde correr, se fosse necessário. Apertei as unhas na palma da mão para tentar dizer a verdade.

- Talvez não quisesse não ser mais sozinha. Queria ser mãe. Não fui bem uma órfã, tive meus pais de criação e sou grata por eles. - Respirei fundo mais uma vez. - Sempre quis uma família grande e nunca tive perspectiva de casar e tem um dedo seu nisso, imagino a quantidade de pretendentes aniquilados por seu ciúme tolo. - Andei um pouco para tentar escapar dos olhos que mais pareciam uma bocarra, prestes a me agarrar para um poço escuro. - Vi uma esperança nessa criança. É isso.

- Você não iria me contar. Iria em rumo à maldita vila e sumiria com meu filho.

- Nosso. Nosso filho. - Fui tola em apenas pensar na prisão das minhas irmãs e não refleti sobre as consequências da fuga. Como eu criaria aquela criança sozinha? - Você não sabe se é um menino, pode ser uma menina.

- Isso não importa. Não tente fugir dessa discussão. Você iria embora. - Abriu os braços, gesticulando, um tanto nervoso. - Te esperei a porra dos vinte e nove anos e você iria embora com o nosso bebê.

Me senti horrível. Iria separar a criança do pai, como fizeram comigo e minhas irmãs. Merecia aquilo, com toda certeza.

- Só tinha isso, Maya. - Olhou em volta. - Gelo. Morte. Destruição. Todas as coisas cultivadas desde o seu nascimento foram para te proporcionar uma vida tranquila e feliz. Colocou a mão na cintura e encarou meu capelo. - Tire essa merda, eu gosto do seu cabelo. - Sephy pegou a peça, jogando-a no mar.

O encarei assustada, porém o vento frio aliviou o suor que escorria do couro cabeludo.

- Não sabia, ok. Não fui criada da mesma forma das outras moças para esperar por você. Sempre me senti abandonada. Os anos passaram e você não chegava, foi horrível.

Algumas senhoras abriram as janelas de suas casas para escutar a nossa conversa.

- Posso não ser o melhor dos homens, mas fui feito para ser um guerreiro e mantenho a minha palavra. Meus poderes só permanecem vivos porque causo a morte. A morte me alimenta, pequena, e eu tive que lutar para me manter vivo para você.

SACRIFÍCIO A SEPHY: O IMPÉRIO DOS ATER - LIVRO I Onde histórias criam vida. Descubra agora