CAPÍTULO 6

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MAYA

ESSE CAPÍTULO FAZ PARTE DA NOVA VERSÃO 2024

Uma intensa luz atingiu meus olhos, acompanhada pelo suave canto das gaivotas. O movimento ondulante me tirou do torpor, e minha mente logo identificou a fonte do desconforto: o sol. Saltando da cama, fui recebida por um espetáculo nunca antes testemunhado, apenas imaginado em lendas e pinturas. Com um movimento rápido, abri a porta da cabine, sendo estapeada por uma rajada de ar gelado que me fez estremecer até os ossos, o vento vindo do norte congelava instantaneamente meus cílios. Mas era o sol. Raios brandos que encheram os meus olhos de luminosidade e lágrimas de alegria.

Eu vi o sol.

Avançando pelo corredor de madeira para contar a Sephy, meus pés descalços foram banhados pela água que se acumulava no chão, mas minha atenção estava fixada no que se revelava adiante: a brisa salgada do oceano varria o convés do navio. Os mastros estavam eretos, as velas desfraldadas, tudo estava calmo demais e algo me dizia que aquilo era sinal de problemas. O sol escondeu-se nas nuvens.

Longe da Corte de Acalanto, sob o céu escurecido por nuvens tempestuosas, meus olhos vasculharam o horizonte, buscando algo que perturbava meu coração. Como um presságio, uma linha negra começou a surgir no horizonte distante, avançando implacavelmente em direção ao navio.

- Sephy - gritei.

Ele sorriu como se nada sério tivesse acontecendo.

Correndo no segundo andar, à direita, os tripulantes se preparavam para o terror iminente. As mãos calejadas ajustavam as cordas, e as flechas eram verificadas e as ordens de Sephy, ressoavam sobre o convés de madeira rangente.

Permaneci no lugar, observando a vastidão do oceano gelado diante de mim, arrebatada por uma tensão que se irradiava na cabeça, percorrendo minha espinha. Meus olhos se arregalaram de horror ao presenciar a nuvem se movendo lentamente em minha direção, me observando com uma intenção maligna.

Um frio intenso me envolveu quando a nuvem passou por mim, e eu senti como se estivesse sendo sondada por olhos invisíveis, olhos cheios de malícia e crueldade. Uma sensação de opressão pesou, algo sinistro à espreita no céu me encarou, esperando o momento certo para atacar.

A tempestade irrompeu sobre nós com uma fúria avassaladora. As ondas se erguiam como monstros famintos, batendo com força contra o casco do navio e ameaçando engolir-nos inteiros. Os ventos uivavam com uma intensidade assustadora, arrancando pela metade as velas e lançando os tripulantes ao chão.

Me agarrei desesperadamente ao corrimão, lutando para manter o equilíbrio ao sentir a tempestade rugindo ao meu redor. Cada trovão ecoava como uma risada, cada relâmpago iluminava a escuridão com uma luz fantasmagórica, revelando a imagem de homem sombrio que se contorcia. Arthur, o Rei do Reino do Sol.

A sensação foi de estar sendo vigiada, perseguida por algo além da compreensão. A chuva era uma manifestação dos meus piores medos e pesadelos, uma força implacável determinada a me destruir. Não éramos apenas vítimas da tempestade, mas sim alvos de uma força insaciável que nos caçava implacavelmente através das ondas tumultuadas do oceano.

Mas algo além do comum pairava no ar. Uma névoa espessa começou a se erguer do mar, envolvendo os mastros. No horizonte, além das ondas revoltas, surgiam velas negras como a própria morte, tremulando ao vento impiedoso do mar. Uma aura de escuridão e mistério envolvia os recém-chegados, como se o próprio abismo estivesse se aproximando para nos engolir.

SACRIFÍCIO A SEPHY: O IMPÉRIO DOS ATER - LIVRO I Onde histórias criam vida. Descubra agora