— Olha aquele ali de barba, que gato! —
Rafa diz perto de meu ouvido para que eu pudesse o escutar em meio a todos os gritos e cantorias das torcidas.
— Quem? O número quatro? —
Grito em resposta, apontando para o jogador, e meu amigo confirma com a cabeça.
— Qual é o nome dele? Não consigo ler. —
Rafa grita, e semicerro os olhos tentando desvendar o nome do jogador. Sem sucesso, cutuco o braço de meu irmão.
— David, qual é o nome do camisa quatro? —
Pergunto ao mais novo, que revirou os olhos um tanto irritado por ter que desviar sua atenção do jogo para me responder.
— Léo Pereira. —
David responde rapidamente, sem ao menos tirar os olhos do campo. Poucos segundos depois, Rafa me mostra o celular com uma careta em seu rosto, exibindo a foto do jogador com uma mulher.
— Aff, o cara é casado e tem filhos. —
Rafa reclama enquanto rola algumas fotos no feed de Léo.
— Eu imaginei, muito bonitinho para ser solteiro. —
Respondo, seguindo o olhar de Rafael em direção a um jogador que havia passado perto de onde estávamos.
— Esse tatuadinho é uma gracinha também. —
O escuto enquanto analisava o jogador, que era mesmo uma gracinha.
— Dá pra vocês pararem de falar por um minuto? Eu disse pra mãe que era uma péssima ideia vir com você! —
Desvio meu olhar do camisa cinco para David assim que o escuto.
— Você deveria me agradecer por ter te trazido, ou esqueceu que a mamãe nunca te deixaria vir sozinho? —
Pergunto com um pequeno sorriso cínico estampado nos lábios enquanto aperto a bochecha do adolescente, que rapidamente tira minha mão de seu rosto.
— Você é tão irritante... —
Murmurou David, cruzando os braços antes de voltar a prestar atenção no jogo. Acabo por fazer o mesmo e por um momento, me pego procurando o cara da camisa cinco.
O encontro, assim como a bola encontrou seus pés. Velozmente, o rapaz passa a bola para outro jogador, que se apressa a chutar em direção ao gol.
Quando a bola bate na rede, sinto o abraço de meu irmão enquanto gritávamos em comemoração. Eu definitivamente não era fã de futebol, mas ver todas aquelas pessoas felizes era tão contagiante.
— Você viu aquele gol? Foi incrível! —
David grita entusiasmado, apontando para os jogadores que comemoravam a poucos metros de nós.
Enquanto eu observava o grupo de homens celebrando o gol que haviam acabado de fazer, meus olhos encontram os dele, o camisa cinco. Sinto um arrepio percorrer por todo o meu corpo e um frio intenso se instala em meu estômago.
Perco os olhos do tatuado assim que o puxam de volta até o meio do campo, então rapidamente olho para Rafa, torcendo mentalmente para que
ele também tivesse visto.— Gata, ele nem disfarçou. —
Diz Rafa com os olhos arregalados e com a mão sobre a boca, o que me faz rir. Confesso que por um momento questionei se tudo não passava de algo criado pela minha própria imaginação, se seu olhar intenso tinha sido realmente real.
— Minha barriga tá gelada até agora, que horror. —
Digo passando a mão em meu abdômen enquanto rio com Rafael.
Não demora para voltarmos a nos concentrar no jogo. Desta vez, o camisa cinco parece fazer questão de passar mais vezes perto de onde estamos. E em cada uma dessas vezes, senti seu olhar em mim.
Após longos minutos, o fim do primeiro tempo é anunciado. O jogo não havia sido tão chato quanto imaginei que seria.
— David, vai comprar água pra gente? Tô morrendo de sede... sem gás, ok? —
Estendo o cartão na direção do adolescente, que para minha surpresa o pega e sai sem reclamar.
— Você parece estar se divertindo bastante. —
Rafa cantarola tais palavras com um pequeno sorriso malicioso nos lábios.
— É, não tá tão ruim... —
Digo em tom indiferente, me fazendo de desentendida enquanto procurava o celular em minha bolsa.
— Óbvio que "não está tão ruim", você tá flertando com aquele gostoso. Até eu estaria gostando do jogo se aquele cara tivesse me dando mole. —
Acabo gargalhando ao ouvir Rafael e logo em seguida levanto da cadeira e estendo o celular em sua direção.
— Preciso que tire uma foto pros stories. —
Digo e logo o garoto se levanta, me seguindo rumo a mureta que estava a poucos passos de distância de onde estávamos.
— Amarra essa blusa e encosta na mureta. —
Disse Rafa enquanto me enquadrava na câmera e me apressou a fazer o que ele havia mandado. Após algumas tentativas, finalmente tínhamos a foto perfeita para postar. Rafael me entrega o celular e começo a arrumar a imagem enquanto voltamos para nossos lugares.
— Acha mesmo que essa tá boa? —
Pergunto uma última vez, mostrando o celular para Rafa, esperando sua opinião sincera.
— Está maravilhosa, só não esquece de adicionar a localização do Maracanã... assim o camisa cinco vai conseguir te encontrar fácil fácil. —
Olho para a foto ao escutar a sugestão de Rafa, suspiro e então adiciono a localização, torcendo mentalmente para que ele me procurasse.
Após postar o story, começo a ver as reações, mensagens e curtidas das milhares de pessoas que me acompanhavam e, antes que eu pudesse guardar o celular em minha bolsa novamente, recebo uma ligação de meu agente.
— Droga! Eu tinha marcado uma reunião com o Patrício agora à tarde. —
Digo mostrando a ligação para Rafa, que me olha um tanto preocupado.
— O que vai fazer? —
Escuto tal pergunta enquanto me levanto, procurando as chaves do meu carro em minha bolsa.
— Toma, fica com o carro. Leva o David pra casa depois do jogo e pode ficar com o carro hoje. —
O entrego as chaves, pendurando a alça da bolsa no meu ombro antes de depositar um beijo na bochecha de Rafa.
— Espera, como você vai... —
Antes que Rafael pudesse terminar, saio em passos apressados em busca da saída do estádio enquanto retornava à ligação de Patrício.
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sᴛᴀʀʙᴏʏ - Erick Pulgar
Fanfictionᴀɴᴀ sᴀᴍᴘᴀɪᴏ, ᴜᴍᴀ ɪɴғʟᴜᴇɴᴄᴇʀ ʙʀᴀsɪʟᴇɪʀᴀ ᴀᴅᴏʀᴀᴅᴀ ɴᴀs ʀᴇᴅᴇs sᴏᴄɪᴀɪs, ᴠᴇ̂ sᴜᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴅᴇ ᴘᴇʀɴᴀs ᴘᴀʀᴀ ᴏ ᴀʀ ᴀᴏ ᴄᴏɴʜᴇᴄᴇʀ ᴇʀɪᴄᴋ, ᴜᴍ ᴛᴀʟᴇɴᴛᴏsᴏ ᴊᴏɢᴀᴅᴏʀ ᴅᴇ ғᴜᴛᴇʙᴏʟ ᴄʜɪʟᴇɴᴏ ʀᴇᴄᴇ́ᴍ-ᴄʜᴇɢᴀᴅᴏ ɴᴏ ʙʀᴀsɪʟ.