Skaterboy | Minsung

02

"Então" Jisung aponta o seu chupa-chupa para Seungmin como uma varinha, e o lado lambido brilha sob as luzes da rua. "Terminámos? Posso usufruir dos meus prémios?"

Ao mesmo tempo, Hyunjin geme um "Por favor" enquanto uma voz estranhamente calma sobrepõe-se à dele com um "Ainda não."

Os quatro voltam-se para a fonte de som, e é um verdadeiro milagre que o chupa-chupa* de Jisung não escapa das suas mãos ali mesmo. Ele tem que lutar contra os woah's e oh meu deus, que basicamente imploram para passar pelos seus lábios entreabertos, porque o facto da sua respiração ter parado nos seus pulmões e os seus olhos terem-se arregalado foi honestamente embaraçoso o suficiente.

A porra de uma pintura renascentista decidiu entrar na linha de tempo de Jisung, ele supõe, disfarçando as suas características etéreas sob um boné para trás e uma sweat Spitfire simples para tentar parecer um humano normal e não uma obra de arte ambulante. Mesmo as lâmpadas âmbar de merda da rua não mancham a sua aparência; parado como estava, parecia radiante a maneira como as luzes se projetavam na sua pele e isso alimentou ainda mais a crença de que ele não poderia ser real. Por exemplo, se Jisung estendesse a mão e tocasse, os seus dedos encontrariam porcelana ou mármore da cor da pele. Mas ele não poderia ter sido esculpido, certo? Ele simplesmente não parece ser algo que um humano poderia conjurar na sua mente. Jisung estava numa cena de filme? Talvez ele seja o único que mudou de realidade, mas - nah, os seus amigos estão a olhar para o estranho com expressões entre o atordoado (Hyunjin), a totalmente intimidado (Jeongin).

Seria a única maneira de explicar por que o cérebro de Jisung está a desenraizar um monte de adjetivos poéticos há muito esquecidos, que ele pensou ter deixado para trás nos seus dias de aula de literatura do secundário*. Merda como... celestial ou, porra, hipnotizante. Isto é tão difícil quanto o seu cérebro quer trabalhar, porque conhecendo a si mesmo, não vai demorar muito para que ele esteja ofegante e a babar como um animal selvagem só por estar nas proximidades daquele sujeito.

Então o estranho olha para ele e sim, já está a acontecer. O demónio depravado e excitado que tem residência permanente na sua alma acorda com uma dor latejante em algum lugar no fundo da sua pélvis, queimando mais a cada segundo, os seus olhares permanecem fixos. Os seus olhos são fodidamente escuros, intensos e estupidamente quentes. Deus, porra.

Jisung recusa-se a atrapalhar a interação. Ele simplesmente não pode.

O rapaz que parece o próprio sexo lança um olhar indiferente para Seungmin. Jisung sente uma pontada de ciúmes perfeitamente racional.

"Eu gostaria de dizer o meu nome" ele diz com um breve vacilo de incerteza, o que não faz a sua voz soar menos aveludada. Em seguida, os seus olhos movem-se para a câmera de vídeo antes de se desviarem para Jisung novamente, e Jisung troca a sua inveja por orgulho, porque - oh Deus, tudo de repente faz sentido.

Ele era um fã! A presunção de Jisung deve disparar mil vezes em relação ao desempenho que ele acabou de fazer no seu skate, porque agora ele sabe que aquela linda criatura estava a observá-lo o tempo todo. Entre as roupas e os músculos evidentes nas pernas, da coxa aos gémeos*, visíveis graças aos calções que usava. Talvez ele fosse um aspirante a skater semelhante a Jeongin. Fofo.

E se ele gostou dos truques de Jisung o suficiente para o abordar, eles já começaram bem. Seriam aqueles sinos de casamento que ele podia ouvir à distância? Jisung estava tão errado - o dia poderia ficar melhor, e foi. Ele pularia de alegria ou mostraria à beldade um sorriso cheio de dentes se não tivesse que manter a calma.

Com seu sorriso característico, ele diz: "Por quê? Queres que eu te dê um autógrafo, querido?"

O estranho encara-o de forma bem menos discreta, olhar quase... desafiador? Uma sobrancelha arqueada sob seu snapback, ligeiramente crítico, e Jisung não tem certeza se é uma rejeição óbvia, mas não dita, é um golpe muito maior para sua autoestima do que simplesmente ouvir um 'não' direto como outros o presentearam no passado.