Capítulo 8

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Assim que adentro o escritório dele, empurro a porta com as mãos trêmulas, incapaz de conter meu nervosismo. Minhas pernas parecem frágeis, como se a qualquer momento pudessem ceder sob o peso da tensão.

"S/N, eu estava esperando por você!" Nathan lança seu olhar na minha direção assim que percebe a porta se abrindo, sua expressão é séria e impenetrável. Ele aponta para a cadeira à frente de sua imponente mesa.

"Tudo bem", respondo com a voz trêmula. Com a cabeça baixa, aproximo-me da cadeira enquanto ele fecha algumas pastas que estava examinando, direcionando seu olhar para mim.

"Já refletiu sobre suas ações hoje?", ele pergunta, cruzando os dedos próximo ao rosto, como se ponderasse seriamente minhas palavras.

"Sim, já pensei, e não me arrependo de nada! E você? Já parou para considerar que ela é apenas uma criança?", questiono desafiadoramente, buscando confrontá-lo.

"Você não tem nada a ver com os meus problemas. Fique fora disso!", sua voz denota irritação, e uma chama de frustração se acende em seus olhos.

"Isso não é apenas um problema seu! Que tipo de homem você é? O que fazia com ela? Abusava dela? Você nem mesmo deve ter noção!", minha voz carrega um misto de indignação e raiva contida.

Nathan respira fundo antes de se levantar da cadeira e caminhar em direção à porta. No momento em que ele a fecha com um empurrão, um calafrio percorre minha espinha, e me pergunto o que ele poderia estar planejando fazer comigo. No entanto, sua expressão se suaviza e ele parece entristecido.

"Eu não deveria lhe contar isso... Meus pais morreram há alguns anos, e foi somente depois disso que descobri que tinha uma irmã. Desde então, nunca parei de procurá-la. Aquela garota, aquela que você deixou escapar... Era a mais compatível até agora, era minha única esperança de ter uma família! Mas agora isso não importa mais..." Nathan respira fundo, abaixando a cabeça por um momento antes de deixar a sala, deixando-me sozinha, mergulhada em meus próprios pensamentos.

"Aff, como eu poderia saber? Agora vou me sentir culpada", murmuro para mim mesma, cruzando os braços enquanto tento processar as palavras que acabaram de ser proferidas.

[...]

Já eram exatamente seis horas da tarde quando decido sair do quarto e descer até a cozinha para beber um pouco de água. Ao chegar ao final da escada, dou de cara com Nathan, que acabara de sair do escritório.

"S/N?!" Ele me olha, seus olhos carregando um misto de surpresa e tensão.

"Olha, Nathan, me desculpe. Eu realmente não sabia que aquela garota era..." Tento expressar minhas desculpas, mas sou interrompida.

"Cale-se. Não quero mais falar sobre isso", sua resposta é fria e direta.

"Está tudo bem então", digo em tom resignado, engolindo em seco o desconforto que se instala em meu peito. Estava prestes a seguir meu caminho quando Nathan me interrompe.

"O teste de DNA chegou esta tarde. Ela não era minha irmã", ele revela, sua voz carregada de uma mistura de decepção e alívio.

"De verdade? Nesse caso, eu vou voltar para o quarto..." Digo, dando meia-volta para subir as escadas.

"Espera!" Ele chama minha atenção.

"Algum problema?", pergunto, virando-me para encará-lo.

"Sim, você janta comigo hoje", ele propõe de maneira inesperada.

"Obrigada, mas prefiro comer sozinha...", respondo hesitante.

"S/N! É apenas um jantar! E eu tenho que te devolver algo...", ele revela, deixando no ar um ar de mistério.

"Devolver algo? O quê?", minha curiosidade é despertada. Queria saber o que ele estava prestes a me entregar.

"Um colar. Acredito que seja seu... Você o deixou cair quando veio me trazer naquele dia", ele revela, apontando para um colar que segura em suas mãos.

"Meu colar!", exclamo, surpresa. "Fiquei dias procurando por ele, já tinha até perdido as esperanças. Ele é muito importante para mim, eu preciso dele, me devolva!", estendo a mão em sua direção, implorando silenciosamente.

"Não tenho nenhum interesse em ficar com ele, por isso vou devolver... Mas apenas se você concordar em jantar comigo", ele sorri de forma maliciosa, como se estivesse tramando algo.

"Por que é tão importante que eu jante com você?", pergunto, desconfiada.

"Bom, você quer seu colar de volta, sim ou não?", ele me desafia.

"Sim, eu quero", respondo, decidida a recuperar meu amuleto precioso.

"Então você já sabe o que precisa fazer", ele diz, saindo do local e tomando um caminho diferente dentro daquela mansão imponente.

Quanto ao colar... Era a única lembrança que meus pais haviam deixado comigo antes de me abandonarem naquele orfanato quando eu era apenas uma criança. Eu nunca os perdoei por isso, mas o colar era muito valioso para ser descartado. Eu o usava como uma conexão com meu passado, um vínculo com as raízes que eu nunca conheci.

Doce ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora