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"Olhei  pra baixo e tinha uma escada meio sombria.

— Pai! — Digo alto e faz um eco, ouvi umas risadas, ouvi a risada escandalosa do meu pai. 

Desci as escadas correndo, e encontrei uma garagem cheia de carros estranhos, porque meu pai tem esses carros  estranhos.

Pai. — Fui correndo para os braços dele, ele me pegou no colo, sabia que iria fazer isso.

— Ta fazendo o que aqui essa hora? — Ele diz, em quanto o tio Bruno  me olhava parando de rir.

— Não consigo dormi.

— O que eu tenho a ver com isso mané? — Ele diz e fiz uma cara de brava.

— Eu não pedi pra nascer, tu que me cria! Então tu tem muito a ver meu senhor. E pra que esses carros esquisitos? Tu tem um péssimo gosto. — Digo cruzando os braços.

— Tu é minha cria mesmo viu.

— Sou, então trate de me fazer  dormi! — Digo fazendo o tio Bruno e o tio  Lucas rirem, meu pai revirou os olhos e mantive minha postura de furiosa. 

— Tu me respeita garota. Já volto ai, fica de olho viu.

— Tchau papai! — Tio Lucas diz.

— Dorme com os anjos papai. — O tio Bruno diz e depois ri junto com o tio Lucas, então eu ri também.

Meu pai tirou uma arma da cintura e colocou em cima do balcão olhando os homens alto e ele pararam imediatamente de rir ficando mudos, minha risada fez até eco, meu pai me olha e eu ponho a mão na boca pra segurar meu riso, porque quando não pode rir, da mais vontade ainda de rir? 

Depois meu pai me levou pro quarto, acabando com a minha graça toda."


— O que tá rolando lá na boca?  — Pergunto olhando pro Lucas.

— Kaue disse que roubaram alguma coisa lá.

— Que bando de imbecil, não serve pra nem pra impedir um assalto. — Digo. — Me leva até lá Lucas fazendo o favor, estou com preguiça de dirigi mané.


Assim fez, em quanto íamos as mensagem do Kaue só chegavam, que garoto chato.

— Algum zé ruela tentou roubar uma Glock e um pacote de cocaína que tem na dispensa. — Jake diz me respondendo no áudio. 

Eu estava nervosa, só isso. Estou me sentindo melhor e não tão culpada por isso, acho que esse é o remédio, transar como se não houvesse amanhã e dormir.

Chegando no morro, subi na moto com o Juninho, já devia ser mais de seis horas da noite, estava escurecendo. Desci da moto e vi cinco vapor do lado de fora com uma M16 de honda, passei por eles que me olhava, só tinha homem sarado e gostoso com a maior cara de bandido que imaginar, como vapor nessa boca.

— Que merda é essa?. — Kaue diz me entregando um papel. — Essa porra estava  no chão da dispensa. 

Abri e reconheci a letra de cara, era do meu pai.

" no relógio."

— É do meu pai essa letra. — Digo já sentindo o choro vim, mas eu não vou chorar na frente desses bunda mole. — Não entendi, o que isso?

— Não sei, me diz tu. O pai é seu, ele parecia querer mandar um recado. — Jake diz, em quanto só consigo pensar que essa podia ter sido uma carta completa, escrita pelo meu pai, acho que ele já tinha uma ideia de que isso ia acontecer, ou talvez ele estava alertando alguma coisa.

Mas que merda, ele escreve "no relógio" sendo que ele tem mil relógios guardado e nenhum ele usava. Ele usou só quatro vezes o mesmo relógio, que foi o que a Beth deu a ele no dia dos pais.

Mas aquele relógio é simples, nem foi tão caro e depois ele foi roubado, obvio que ele matou o ladrão e pegou o relógio de volta, em fim, aquele foi o único relógio que eu vi ele usando, sempre falava que relógio era pra ocasiões especiais.

— Vem cá. — Jake me abraça, nem percebi que estava chorando muito, abraço ele de volta e olho para o Kaue com o semblante sério, limpei meu rosto rapidamente e respirei fundo.

— Quero saber quem foi o filha da puta que entrou aqui. — Falei guardando a carta no meu bolso.

— Mandei pro  galpão. — Kaue diz.

Fui descer as escadas, Kaue vem atrás de mim, ele queria dizer alguma coisa mas ficou calado, senti que ele estava querendo me confortar ou alguma coisa do tipo, esse garoto é estranho, mas meu pai sempre confiou nele, acho que por ele ser quieto e ser profissional o tempo inteiro.

— Se tu quiser, eu cuido disso. — Kaue diz segurando meu braço quando eu ia abrir a portinha do galpão. 

— Me solta. — Digo com raiva.

— Cê vai ter que matar esse filha da puta, só pra te dar um toque. — Ele diz irônico, engoli seco e não eu não estou preparada pra essa merda, não da pra matar uma pessoa implorando pela vida, por causa de uma cocaína? Foda-se a cocaína, a gente é rico compra outra, mas e o filha da puta que foi ladrão com a gente? Ele não vai poder comprar outra vida. — Sonza, eu faço isso.

— Não. — Eu tenho que me segurar nas emoção merdas que eu tenho, essa vida tem que ser minha vida nova e não deve ser tão difícil, é só matar...

Entrei pela portinha, o cara estava amarrado e desmaiado, parecia que estava acordando já por conta da luz que foi acesa, ele parecia muito alguém que eu conheço.

Ele abriu os olhos, ele parentava ter mais de trinta anos, estava babando, os olhos estavam vermelhos e o rosto estava acabado. Os meninos devem ter feito ele cheirar toda a cocaína que ele roubou.  

— Por favor Luisa, não faça nada comigo tenho minha família minha filha, não posso deixar elas... — Ele diz rápido e alto,  ele parecia acelerado por conta da droga, ele estava totalmente drogado.

Mas o fato dele implorar por conta da filha me tocou.

— Todos tem família seu rato, melhor tu ficar  na miúda ae. — Kaue diz apontando a arma e ele ficou com o olho bem aberto olhando pra mim, eu confesso que estava com medo dessa situação, olhei pra Kaue e ele me olhou, fazendo um sinal pra mim atirar logo, Juninho estava entrando pra gravar ele morrendo, pra servir de exemplo pros outros ratos que tentar entrar.

Levantei minha arma mirando na cabeça dele, eu estava tremendo um pouco.

— Tu pega minha droga, tenta pegar minha arma e pede clemencia falando da sua família? Ta me achando com cara de que?  — Digo e ele abaixa a cabeça esperando o  meu tiro. — Aqui ó,  olha pra mim rato! — Disse e respirei fundo, quando ele levantar a cabeça eu atiro.

Eu estava sentindo meu suor escorrer, minha barriga doía de tão nervosa e ansiosa que eu estou, minha cabeça estava doendo, parecia que tinha uma bomba prestes a explodir.

De repente me assusto com a arma disparando.


 







𝖒 𝖆 𝖋 𝖎 𝖔 𝖘 𝖆 - Luiza SonzaOnde histórias criam vida. Descubra agora