𝖒 𝖆 𝖋 𝖎 𝖔 𝖘 𝖆 - Luiza Sonza

011

— Ae boa garota, veio sozinha. — Ouvi a sua respiração perto de mais, ainda estava de costas.

— Se tu não quiser um olho roxo, não chega perto de mim não tá ligado. — Falei e me afastei me virando de frente pra ele, ficando numa distância favorável. — Manda logo o papo, tenho coisa pra resolver.

— Tu fala igualzinho a ele, é tão igual, então, deve saber da grana que teu pai escondia. — Revirei os olhos e cruzei os braços entediada. — Ele era tão egoísta que escondeu dez milhões de dólares, na porra de algum lugar da Austrália, se tu já se pergunto algum dia, esse foi o motivo do fim da vida merda que ele tinha.

Senti meu coração acelerando um pouco, meus olhos começou a arder, mas eu não vou me submeter a isso, essa humilhação é de mais. Minhas mãos estavam quase se movendo sozinha até a minha arma.

— Então, quer dizer que tu matou meu pai por causa de dinheiro? — Digo encarando ele que estava acendendo um cigarro.

— Também, mas ele me irritava um pouco e por que eu quis mané. — Deu um trago e engoli meu choro.

— Manda logo o que tu quer caralho. — Digo.

— Own tadinha da filhinha órfã, sabe o que eu quero que tu faça, me fala onde é que tá esse dinheiro? — Ele diz nitidamente com raiva.

— Pra que tu quer o dinheiro do meu pai?! — Digo sem entender.

— Esse dinheiro não é do teu pai tá ligado, aquele filha da puta me roubou! — Ele andou na minha direção e não me movi. — Quero só o que é meu.

— E tu quer que eu acredite no que tu fala?

— Quero e é melhor ser rápida, pra não ir pro saco também. — Ele estava bem na minha frente, me encarando, centímetros de mim.

— Eu não tô sabendo dessa merda de dinheiro e se eu soubesse, não te falaria com certeza! Tu vai pagar pelo o que tu fez e vai ser do meu jeito, tu mata meu pai por causa de dinheiro, porque ele tinha uma vida merda, porque ele te irritou, não me deu um motivo de verdade pra ter uma consideração, de que tu é só mais um traficante de merda que tem uma vida mais triste do que a minha tá ligado, essa parada só me da mais vontade de planejar a tua morte, porque tu vai pro saco primeiro que eu e isso vai ser do meu jeito, nem que eu vá pro xadrez, mas vai ser pelas minhas mão tá ligado! — Cheguei perto do ouvido dele. — Então é melhor tomar cuidado Mylier. — Sussurrei e encarei, ele não disse nada então sai dali e entrando no carro que vim.

Ainda encarando ele que nem se mexeu, dei partida e dirigi pra fora do galpão, passei pelo portão e meu celular começou a tocar.

Era o Kauê me ligando de novo, que homem chato puta merda, disse que eu não iria atender.

— Rápido! — Digo assim que atendo.

— Tu tá ficando maluca?! Que porra tu foi fazer sozinha com o Myler meu irmão? Puta que pariu! — Ele dispara e revirei os olhos.

— Puta que pariu digo eu, que história é essa de dez milhões de dólares parceiro?! — Digo e ele desliga ou a ligação caiu, estranho! Bem estranho, vou querer saber dessa história direito quando chegar.

[...]

Subi o morro com o Juninho, mas antes ele parou em uma lanchonete pra mim comer um pouco, eu estou literalmente morrendo de fome.

— Oh meu amor, sinto muito pelo seu pai viu. — Maria diz passando a mão na minha cabeça, apenas sorri e fingi simpatia, meu pai odeia essa mulher.

Sempre falou mal dela, por ela ser a maior fofoqueira desse morro, inventar fofoca sobre a vida "amorosa" de merda que ele tinha, com as putas que apareciam no baile, eu sei que meu pai tratava elas que nem um lixo depois que transava, mas porra... Ele era um traficante e dono desse morro, todas iam querer, ele ia querer escolher e isso é óbvio.

Elas são burras de descer ao nível do meu pai por conta de grana. Tinha ódio quando ele levava lá em casa, tirei uma no chute.

_________
UM ANO ATRÁS

Escutei o barulho do chuveiro, meu pai deve ter chegado.

Abri os olhos com dificuldade por conta da claridade, meu pai sabe que eu odeio isso de abrir essas cortinas.

Levantei ficando sentada, tinha umas roupas no chão, mas eram femininas e não eram minhas. Que merda!

De novo meu pai trouxe uma puta pra cá!

— PAI! — Gritei e ele apareceu imediatamente.

— Hi mané, era pra ela ter vazado já, mas quis tomar uma ducha.

— Porra cara! Não era nem pra ter...

— Amor, pega uma toalha pra mim aí, por favor? — Escutei uma voz fina me interromper, amor? Sério? Levantei a sombrancelha pro meu pai que estava rindo e indo pegar a toalha no closet.

Levantei rapidamente e peguei a toalha da mão do meu pai, peguei os pedaços de pano que ela chama de roupa, abri a porta do banheiro com força e joguei nela.

— Tem cinco minutos pra meter o pé daqui, ou então vai sair no chute! — Digo e quando  ela ia abrir a boca pra falar, sai e fechei a porta batendo com força.

— Onze e dezessete ela tem que estar na porta ou do lado de fora? — Meu pai pergunta sínico e olhei para o relógio na parede, eram onze e treze, tinha acabado de dar onze e quatorze.

— Ela tem que estar fora da minha vista! E se tu trouxer outra puta aqui, não vou dar nem a chance de se trocar, tá ligado.  — Digo e meu pai ri, revirei os olhos irritada.

— Tu sabe que eu te amo. — Ele diz e vem me abraçar.

— Eu te amo mais. — Respondi e ele me aperta, senti o cheiro do seu perfume caro. — Mas tu que não se liga não, pra ver o que é bom pra tosse.

— Você acha que é quem garota? — Me assusto com a galinha que abriu a porta do banheiro escancarado, me virei imediatamente.

— Hi! A dona dessa casa, tem um minuto pra sair da minha vista mané.

— É melhor se mandar Laura. — Meu pai diz, até ele tem medo do que eu posso fazer.

— E se eu não sair? — Ela diz e eu ri fraco e avancei nela, puxei seu cabelo e comecei a andar até a escada, ela gritava de dor, tentava me arranhar, mas eu não soltava.

Desci as escada segurando o cabelo de palha dela, até a sala, depois fiz um sinal pra Beth abrir a porta, soltei a garota no chão e chutei ela pra fora, até passar pela porta.

— Tira essa porra daqui agora. — Disse para o segurança que assentiu e entrei de volta.

Beth, Maria me olhavam incrédula e meu pai tomava um café, como se estivesse se acostumado com essa merda, respirei fundo e sorri.

— Preciso de um café. — Digo e vou até a cozinha, Beth me acompanha.