A PROPOSTA - NYX

- 01 -

✨ A Proposta ✨
.•Cap. 01 •.

Todos pensam que são heróis. Fantasiamos sobre momentos de glória - como os que lemos em livros.
Mas a dura verdade é que não sabemos como reagiremos quando o momento chegar. Você será forte o suficiente para isso? Para enfrentar a arma e dizer: "Escolha-me", "Atire em mim", "Mate-me".
Quando chegar a hora, o que você escolherá? Sua vida ou a deles?

— S/N —

Apertei a mão do meu pai, com meu coração na minha garganta, doeu vê-lo assim. Estava inconsciente em sua cama, pálido como nuvem. Sua boca quase roxa dava-lhe a aparência de um defunto.

Lágrimas caíam pelo meu rosto, e eu as limpei pela milésima vez. Ele  era uma das únicas coisas constante em minha vida. A âncora que mantinha nossa família unida. Um pilar de força e saúde.

Edmundo, meu irmão mais velho, apareceu à porta. Eu me aproximei e o abracei fortemente, sendo retribuída por ele.

– O que disse o médico? – eu perguntei.

Edmundo olhou por cima do meu ombro para o meu pai e suspirou fundo.

– Vamos para o corredor.

O acompanhei para fora do quarto e nós nos sentamos na mesa, onde ficamos frente a frente.

– Ouça, pequena... – Ed começou. Ele pegou minha mão como fazia quando eu era criança e tinha medo do escuro – Preciso que você fique calma, tudo bem? Seja forte. O diagnóstico... é muito ruim.

Eu acenei e respirei fundo.

– Nosso pai... – ele começou, parou, e depois desviou seu olhar para o teto. Então limpou a garganta – Ele teve uma decaída em sua síndrome.

Lágrimas frescas brotaram em meus olhos e ameaçaram sair, assim como o de meu irmão.

– Ainda não sabemos o quanto isso o afeta, mas eles acham que afetou com o cérebro dele.

– O que podemos fazer? – perguntei, com desespero em minha voz.

– Descansamos um pouco – a voz ecoou por trás de mim suave, fazendo meu coração acalmar um pouco mais, minha mãe. Ela se aproximou e me deu um abraço.

– Os curandeiros ainda estão fazendo alguns testes.

Eles se deram uma olhada, e eu sabia que eles não estavam me dizendo nada.

– O quê? – eu exigi – O que está acontecendo? – Ed balançou a cabeça.

– Você ainda trabalha amanhã, não é? – perguntou ele — Vá para a sua casa e durma um pouco. Nós te avisaremos quando soubermos mais, está bem?

Eu lamentei. Não queria partir, mas sabia que eles estavam certos. Era importante que eu continuasse nesse emprego.

Nos despedimos e eu saí em direção ao frio ar noturno. Espiei as luzes das estrelas brilhantes da cidade de Velaris ao longe, com um pavor em meu estômago. Eu me senti impotente. Não havia nada que eu pudesse fazer?

De manhã do dia seguinte, eu caminhei ao longo dos caminhos íngremes da Velaris mais distante até o centro dela, tentando limpar minha mente. Estava voltando da floricultura em que eu trabalhava, depois de fechar a loja.

Os longos troncos dos salgueiros envergavam com a brisa fria do final de verão. Os cisnes flutuavam ao longo da superfície transparente de um lago próximo. A conversa das crianças brincando voava pelo ar, e os amantes se abraçavam na grama.