ㅤㅤ❝No jogo dos tronos ou se vence ou se morre.❞
𝗔𝗟𝗬𝗦 𝗦𝗡𝗢𝗪 não deveria ser uma jogadora. Nascida bastarda seu único papel no mundo deveria ser, servir aos seus irmãos quando eles se tornassem lordes e ladys, e assim seguir seu caminho. Mas q...
❝ ───── A matilha sempre vai permanecer unida até mesmo quando precisarem se tornar lobos solitários. Quando ouvirem os uivos dos irmãos estarão a caminho...❞- Alys Snow, .
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Alys suspirou pesadamente.
O inverno no Norte durava mais do que no restante de Westeros. Mesmo que ainda fosse verão, a neve branca caía e formava um vasto tapete branco manchado por troncos de árvores sem folhas, que de longe pareciam fiapos marrons. Era uma bela visão, na verdade. Uma visão para onde ela gostaria de fugir, para não ter que presenciar o que acontecia à sua frente.
Ela conseguiu permissão para acompanhar os homens da casa nesse tipo de trabalho quando fez nove anos. A menina julgou que, se tinha idade para ver o sacrifício de um cavalo doente, tinha idade para ver um homem morrer. Não era nenhuma lady, então não haveria problemas.
Morte era morte, afinal de contas.
A primeira vez que viu um homem ser decapitado foi em um dia sem neve. Eles usavam menos peles do que o habitual, e Robb e Jon a provocavam constantemente para que ela não chorasse, mesmo que também fosse a primeira vez dos irmãos ali. Porém, ela tinha sua pequena confiança junto dela e julgava que um homem que matou a própria esposa merecia aquele fim. Ela não mostraria sensibilidade com aquilo.
Mas sua inocência a fez de tola.
A morena teve pesadelos durante três luas seguidas. Nunca contou para Robb ou Jon. Theon não era uma opção para lhe confiar segredos. Ela era uma menina, não deveria ver ninguém morrer. Aquele tipo de coisa não era para os olhos sensíveis das mulheres, mas seu pai, por algum motivo, permitiu essa pequena experiência e lhe deu um voto de confiança. Por isso, ela não queria se mostrar fraca; precisava provar que também tinha estômago para situações como aquela. Mesmo que ninguém tivesse a preparado para os gritos de desespero de um homem que estava prestes a morrer, de um homem que merecia morrer. Ninguém lhe disse que era tão assustador ver o desespero humano na sua forma mais pura. Ela quis chorar e se esconder atrás do pai, porém se manteve firme e inexpressiva durante a decapitação e em toda a volta para Winterfell.
Ela não se permitiu ser fraca, mesmo quando Jon fora ao seu quarto naquela noite dormir com ela, pois estava com medo. Mesmo que Robb tivesse vomitado escondido depois do jantar porque Theon disse que o porco estava parecido com os miolos do criminoso, Alys não derramou nenhuma lágrima.
Agora, ela ainda achava que não estava preparada para ver mais olhos perdendo a alma, mas se julgava muito boa em fingir isso para o resto.
Seu pai tinha sido informado sobre um desertor da Patrulha pelo seu tio Benjen, e agora precisava cumprir seu dever como Senhor Protetor do Norte. Mesmo que o trabalho fosse complicado, Ned sempre dizia que, se fosse matar um homem, tinha que ser por suas próprias mãos.
Agora era a vez de seu irmão mais novo, Bran, começar a se acostumar com aquilo. Como segundo filho legítimo, e tendo apenas sete anos, era a primeira vez que ele os acompanhava nesse tipo de trabalho. Ela tinha sido totalmente contra a ida do pequeno menino, mas seus irmãos mais velhos argumentaram que, se ela, que era uma mulher, já tivesse participado desse tipo de experiência com idade próxima, nada mais justo que Bran fazer o mesmo.
