Capítulo 1

89 18 1
                                    

Leonardo Bianchi

7 de outubro

02:33

Eu deveria ser muito mais seletivo em minhas amizades. Eu não estaria passando por isso se eu fosse mais exigente.

Eu quero matar Jackson, muito lentamente. O filho da puta me paga por ligar às 02 da manhã bêbado resmungando pelos dias sem ver a namoradinha adolescente. Tenho certeza de que a loira pelada na minha cama também não estava muito feliz com essa situação.

Meu celular toca novamente e o nome do meu amigo me faz revirar os olhos e bufar antes de atender.

" Sr.Leo? – A voz de que me recepciona não é do bêbado inconsequente, mas sim de Joseph. – Desculpe-me incomodá-lo, mas as coisas estão cada vez mais...– Um tiro alto ressoa da ligação – cada vez mais instáveis, Sr.

– Estou a caminho, Joseph, só tente manter o idiota vivo por mais 10 minutos.

– Farei o possível Sr.

Jogo o celular no banco ao lado e esfrego a mão no rosto. Não dá pra negar que a situação tem um Q interessante, de alguém tão impassível a um bêbado chorão. E o melhor de tudo é que posso guardar cada imagem na minha memória e o fazer lembrar disso até o fim de seus dias.

Afinal, é pra isso que servem os amigos.

Com o carro em alta velocidade mal tenho tempo de frear antes de bater em um corpo esquio. A pessoa rola alguns metros mais á frente e xingo uma maldição antes de parar o carro e descer para ajudar.

– Sinto muito parceiro – Murmuro o pedido de desculpas conforme de aproximo – Essas ruas são muito escuras, não te vi na minha frente.

A pessoa resmunga baixinho analisando os danos do pequeno atropelamento sofrido.

Agacho-me para ajudar, mas a constatação de que o rapaz em roupas misteriosas na verdade é uma garota jovem me surpreende.

A garota ergue a cabeça me fitando com raiva e seu capuz escorrega pela cabeça revelando seus cabelos dourados.

Algo em seu rosto me diz que a conheço de algum lugar, mas mesmo forçando minha mente não consigo me lembrar.

– Ah, mas é claro que a culpa são das estradas escuras – Debocha preparando-se para levantar. Apresso a estender a mão, mas ela apenas ergue as sobrancelhas em desdém e faz isso sozinha – Não é você que é um incompetente que não sabe usar os faróis. Me diga querido, por acaso comprou sua maldita carteira?

A criança tinha uma boca bem atrevida para alguém que acabou de limpar o asfalto com o próprio corpo.

– Como é? – Questiono tentando segurar a risada. Toda essa situação é uma piada. – Você surge do meio do nada e a culpa agora é minha? Seus pais sabem que está vagando por aí no meio da noite, criança?

A loira atrevida me olha com toda sua indignação e contorce o rosto antes de formular uma resposta.

– Eu pareço alguém que precisa pedir a mamãe e o papai para dar uma voltinha? – Diz cada palavra em puro deboche. – Isso não é da sua conta, imbecil, mas eu tenho 19 anos!

Eu não queria, eu realmente tentei a todo custo evitar, mas meus olhos exploram seu corpo sem minha autorização.

É, realmente ela não era uma criança.

– Você está bem, menina? – Pergunto lembrando -me de que preciso salvar meu amigo bêbado de enfiar uma bala na própria bunda – Precisa de alguma coisa, uma carona, quer que eu a leva a um hospital?

A jovem loirinha me encara como se eu tivesse a convidado a uma orgia e sua expressão me diverte mais e mais.

– A única coisa que desejo nesse momento é distância de motoristas imprudentes como você!

– Leonardo, amor. – Respondo tomando o mesmo deboche que a cerca.

– Como é!?

– Meu nome, linda, é Leonardo – Ela pisca confusa quando tombo a cabeça para o lado – agora é a hora em que a Srta. se apresenta.

– E porque eu deveria? Só porque é um Sr. Prosinha não significa que eu também seja. Não saio por aí tagarelando com desconhecidos no meio da rua.

– Ah, claro que não, somente se esgueirando como um bandidinho.

Sua cabeça pende para o lado e ela dá dois passos em minha direção.

– Você é um babaca – Afirma antes de passar por mim trombando em meu ombro.

Deixo que vá sem dizer mais nada, algo me diz que essa não é a última vez que nos veremos.

Lembrando-me do propósito de estar em uma estrada deserta as 2 da manhã volto para meu carro e percorro o pequeno caminho que falta até a casa de Jack.

Joseph se apressa a liberar minha entrada e já posso ouvir o som de tiros sendo disparados.

– Joseph – Peço enquanto caminho até a porta – me faça um favor e grave cada minuto a partir daqui.

Eu preciso ter isso documentado.

– Rizzo! – Grito indo em direção ao seu escritório. A porta com alguns furos me diz que essa brincadeira já foi longe demais.

Entro no escritório vendo-o deitado em seu sofá do canto, uma de suas mãos segurando a arma e a outra uma garrafa de Mitilini quase vazia. É impossível não notar uma garrafa semelhante jogada vazia no canto oposto.

Puxo tanto a arma quanto a bebida de sua mão o fazendo pular assustado. A bebida em seu sistema só fez com que Jack se desequilibrasse batendo com a nuca na parede provocando um som oco.

Atrás de mim Joseph filme toda a cena.

– Você está horrível – Constato jogando as coisas em sua mesa e me sentando do seu lado.

Em um movimento totalmente inesperado Rizzo deita a cabeça no meu colo choramingando como a porra de um bebê.

– A- atena não m-me deixa vê-la – Resmunga com algumas lágrimas escorrendo do canto de seus olhos.

Acaricio seus cabelos ensebados de sujeira e torço o rosto. Quanto tempo esses fios não vêem um shampoo?

Ignoro sua falta de higiene proveniente do coração partido e deixo que chore e resmungue o quanto quiser.

Não é porque ele é um bêbado idiota e apaixonado que eu vou deixá-lo a míngua.

– Ela vai te perdoar – Garanto a ele na esperança de o acalmar – só precisa de um tempo

– Você não viu o rosto dela, Leo, ela nunca vai me perdoar – Jack esfrega o rosto se irritando com as próprias lágrimas. – Atena não quer mais saber de mim, não me atende, não quer me ver e não aceita nada que eu mande pra ela.

Não sei o que fazer nessa situação, tudo que vem na minha cabeça são todas as piadas que vou fazer pelo resto de sua vida e o icônico vídeo que farei questão de guardar muito bem.

– Talvez você possa tentar de novo, daqui a um tempo

– Eu... eu, sou o... o Jackson dela e eu realmente – Ele se senta rápido e ergue o dedo na minha direção, as palavras saindo tão emboladas que quase não consigo entender – Eu amo aquela garota de verdade, Leo.

A revelação me pega de surpresa. Apaixonado,ok. Eu consigo digerir a informação. Mas amor? Não existia isso para nós.

– Eu a amo demais.

❤️❤️❤️

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 29 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Take me with you - Spin-of de Ti avrò per meOnde histórias criam vida. Descubra agora