𝐜𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 4: 𝐒𝐨𝐥𝐢𝐭á𝐫𝐢𝐨.

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Abri meus olhos lentamente, piscando algumas vezes e finalmente podendo enxergar as coisas ao meu redor. Ainda me sinto tonto e minha cabeça dói um pouco, mas nada tão preocupante...eu acho.

Comecei a olhar ao redor, tudo estava escuro, exceto pela fraca luz da noite que refletia pela vitrine, fazendo-me perceber que ainda estou na loja. Estou sentado no chão, mas espera...

Minhas mãos tocavam em algo macio e quando olhei para baixo, eu estava em uma pilha de...roupas?

Tentei me levantar, mas sem sucesso, senti uma dor na perna, e foi aí que lembrei que estava ferido, mas quando a olhei, não estava sangrando como eu esperava, pelo contrário, estava enfaixada ao redor do ferimento e bem tratado, me fazendo ficar surpreso e ao mesmo tempo confuso.

Mas de qualquer forma eu tenho que sair daqui, já corri riscos demais. Apoiei minhas mãos no chão, e tentei levantar sem forçar minha perna ferida, mas parei ao ouvir uma voz alarmada se aproximando em passos apressados.

_Ei, você não pode se levantar! Vai se machucar mais ainda!

O mesmo garoto anterior se aproximou de mim, me fazendo voltar a ficar sentado. O olhei com minhas sobrancelhas franzidas, o vi olhar para minha perna e depois para mim novamente.

_Eu...eu tive que fazer isso, por que se continuasse daquela forma, poderia infeccionar e se isso acontecesse você estaria correndo risco de vida.

Foi aí que uma coisa se passou em minha mente...quando eu desmaiei, eu estava do outro lado da loja...então...

_Como conseguiu me trazer até aqui sozinho?!

Falei com a voz um pouco alterada e rispida, vendo o garoto se assustar com o tom que me direcionei a ele.

_E-Eu te arrastei até aqui...

Cerrei meus olhos, o vendo suspirar.

_É sério, estou dizendo a verdade, eu tentei te carregar mas não consegui, então te arrastei até aqui...e uma coisa eu digo, você é pesado em.

Disse essa última parte dando uma risadinha, mas assim que viu minha expressão mais séria que antes, parou de rir e desviou o olhar.

_De qualquer forma, obrigado garoto, mas eu tenho que ir!

Falei de forma direta, novamente tentando me levantar.

_Não!

Falou com o tom de voz mais alto, e assim que percebeu isso, se calou e arregalou os olhos, e respirando fundo, voltou a falar.

_Você não pode sair assim, além de estar fraco e machucado, está de noite como pode ver. É perigoso sair essa hora da noite, principalmente no estado que você está.

_E quem disse que isso é um problema? Posso muito bem me virar sozinho, exatamente como venho fazendo a três anos!

Falei, vendo-o cruzar os braços e me olhar.

_Olha moço, eu não duvido que você consiga se virar lá fora, mas...não me entenda mal, eu apenas quero ajudar, esse mundo já está morto o suficiente.

O silêncio reinou no lugar, ele se sentou do meu lado e eu continuei a olhar a rua vazia e sombria através da pequena vitrine.

_Aqui, tome.

Falou me entregando uma lata de feijão pela metade, o olhei relutante e ele apenas sorriu fraco.

_Pegue, não é muito mas...vai ajudar um pouco.

O olhei mais uma vez desconfiado, mas peguei a lata de sua mão e quando coloquei a primeira colherada em minha boca, não pude deixar de suspirar em satisfação.

𝐻𝑒𝑙𝑙 𝑂𝑛 𝐸𝑎𝑟𝑡𝒉 • 𝐓𝐚𝐞𝐠𝐲𝐮Onde histórias criam vida. Descubra agora