Lembre-se! Episodio 1 Acordado.

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Imagine acordar de repente em um lugar desconhecido e não ter a menor ideia de como foi parar lá; estar cercado de pessoas completamente desconhecidas e receber a notícia que são a sua família e seus amigos. Ronald terá que descobrir quem é, e o que aconteceu antes de sua perda de memória. Ele será envolvido por mistérios e mentiras, e terá que escolher em quem confiar.

 Agora estou acordado

tive um sonho.

Eu estava deitado no chão, só escutei um grito desesperado chamando Ronald, uma mulher, chorando.

e tudo escureceu

Ronald! Acho que esse é meu nome. Não sei que dia é hoje, ou o ano e não saber quem eu sou, me deixa confuso.
fazem três dias que acordei em um hospital e não me lembro de nada, não lembro nada da minha vida, só lembro-me de um sonho, esse sonho que acho ser uma lembrança, mas porque alguém estaria gritando por mim? Porque eu estaria no chão? E quem era a pessoa que gritava, ou melhor, a mulher que gritava meu nome?

Desde que acordei ninguém veio me visitar, então até agora só tenho meu nome. Há uns instantes uma enfermeira veio ao meu quarto avisar-me que minha família está a caminho, então eu tenho uma família, finalmente saberei quem sou.

Estou em meu quarto, um quarto simples de hospital, levanto-me e tem duas mesas uma em cada lado; em uma delas tem um buquê de flores e uma foto minha com um garoto, parece que somos amigos ou irmãos, ele está com o braço em volta dos meus ombros e parecemos felizes, mas isso é a única coisa que vejo que me relaciona com alguém. Tem um balão em forma de coração amarrado ao pé da minha cama, Aproximo-me para pegar e ao tocar no balão acontece alguma coisa. "Estou em uma praça, a luz do sol não me permite ver muito, alguém se aproxima de mim com o balão na mão. – Ron, tome é pra você. – nossas mãos se encostam, eu conheço esse toque."

Ainda estou segurando o balão, acabei de ter um flash de memória ou algo parecido. Durou apenas alguns segundos, mas pareceu horas pra mim, aquele toque é familiar, o balão ele fez isso comigo.

Alguém bate na porta abrindo-a, uma mulher de cabelos cacheados. Ela me olha e eu estou em pé segurando o balão. O doutor se aproxima de mim.

– Ronald essa é sua mãe. – Ela não parece feliz em me ver, mas mesmo assim me acolhe em um abraço. – não retribuo. Ela se afasta de mim, não a conheço não me lembro dela.

– Oi Ron sou Ricarda, sua mãe. – Ela sorri, e mesmo com esse sorriso, ela parecer ser uma mulher triste, seus cachos quase cobrem seus olhos, e não a acho familiar. – Irei lhe levar para casa. Arrume-se e daqui a pouco me encontre na recepção, suas roupas estão nessa mochila. – Ela me da uma mochila vermelha com algumas roupas e um chapéu. – Não demore – ela sai do quarto.

Depois que coloco minhas roupas, pego a moldura e a tiro, dobro a foto e coloco em meu bolso, seguro o balão depois o solto pela janela do quarto e ele flutua, assim como as lembranças desaparecendo aos poucos.

                                                                    ***

Chego enfim a uma casa, Ricarda me mostra meu quarto, que ao chegar lá também não tenho lembranças dele. Sento-me na cama e tento lembrar-me daquele quarto, mas nada vem a minha mente. Não quero me forçar a lembrar de nada, mas preciso lembrar, preciso saber o que aconteceu comigo. Desço as escadas e escuto Ricarda falando ao telefone. –... Ele está aqui, mas isso não lhe importa... Não seja ridículo, ele irá à escola, mas não pense em chegar perto de Ronald, ele não merece lembrar-se de você... Essa situação de vocês nunca deveria ter acontecido. – Ela desliga o telefone com raiva. – Eu faço um barulho descendo a escada para avisar que estou chegando. – Ronald, conseguiu lembrar-se de alguma coisa em seu quarto?

– Não, me desculpe, estava ao telefone? Era alguém que eu deva lembrar?– Ela parece desconfortável com a pergunta.

– Ninguém importante estava falando com a escola, você começa amanhã. – responde ela tentando parecer natural, mas não sou burro.

– Acho que vou lá fora um pouco, talvez eu lembre alguma coisa. – Tente não ir muito longe e não fale com estranhos... – Todos são estranhos pra mim. – eu saio.

***

Isso ta me cansando, nada me é familiar, não consigo associar esse lugar com nada, não lembro não tem como lembrar. Começo a andar sem rumo, vejo árvores, ruas cheias de crianças e adultos... Alguém me encara, não sei quem é? Uma menina! Mais ou menos com 16 anos, eu tento me aproximar, mas o sinal de transito fecha e os carros passam, ela está segurando um grande caderno de desenho e começa a escrever algo. Depois deixa o caderno e vai embora. Um ônibus para na minha frente e perco-a de vista. Quando o sinal abre corro em direção ao banco da praça onde ela deixou o caderno, mas sou interrompido por uma carroça de... Balões, eu me lembro dessa praça, pego o caderno sem demora e as frases estão escritas separadas cada uma por folha.

"Ronald, essa não é sua vida eles estão mentindo" – o que é isso? – viro a pagina. – "Eles não querem que você se lembre, eles não querem que você conte a ninguém"

"Ron... Lembre-se!". 

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