E quando eu estava perdido entre minhas paredes e vielas, descobri que quem criara o labirinto tinha sido eu.
-R
– Olá gente, me desculpem estou meio nervoso... – Conheço essa voz. Um choque percorre meu corpo uma mistura de ansiedade e descoberta. – Meu nome é Caleu! – Falamos ao mesmo tempo, ele me olha e eu o olho. Finalmente me lembro de alguém.
Todos na sala nós olham, olho para Caleu e seus olhos enchem de lágrimas.
Levanto-me e mesmo querendo falar com ele saio da sala. Minha cabeça está confusa, antes que eu chegue ao fim do corredor ele grita meu nome e eu me viro, ele corre em minha direção e me abraça, fico imóvel e acontece de novo...
Estou em uma sala de aula, minha cabeça dói, com certeza estou perdido em algum cálculo matemático, sempre soube que nunca fui bom nessas coisas. Alguém ao meu lado me chama.
– Com certeza você é de humanas, se quiser posso te ajudar com isso. – Ele parece gentil e simpático, tem aquele velho formato de rosto que vive sorrindo. Ele arrasta a cadeira e senta ao meu lado. – E não que seja algo importante, mas meu nome é Caleu. – Ele estende a mão para mim eu a aperto.
– Prazer eu sou Ronald!
Volto à realidade minutos antes de Caleu se afastar de mim.
– Você lembrou meu nome, eu sabia que você lembraria, te procurei por vários lugares, Carla me disse que você estava aqui.
– Caleu, por favor, me escuta, eu não me lembro de você, me desculpe, lembro-me de seu nome, vi suas fotos comigo, conheço sua voz sei que é familiar, mas não me lembro de você, me desculpe, me desculpe mesmo. – Ele parece desapontado como se estivesse perdido a alegria que tinha á pouco. – Mas me diga quem você é? Diga-me quem eu sou? Por favor, estou perdido.
– Tudo bem, meu nome é Caleu te conheci no quinto ano, sou seu... seu melhor amigo. – Ele força um sorriso. – Você é Ronald um estudante brilhante, provavelmente a melhor pessoa que já conheci, é bem calado, mas quando esta com Carla e comigo nem parece ser aquele aluno aplicado da escola, um menino engraçado e cheio de vida. Eu sentir sua falta Peter Pan. – Seus olhos enchem de lagrimas novamente.
– Me diga o que aconteceu comigo.
– Aqui não é um bom lugar, Carla me disse que eles estão sempre de olho em você e que eu estaria correndo perigo por ter vindo. – Ele olha para todos os lados e faz sinal para que eu o siga.
Paramos no banheiro masculino. Ele olha todas as cabines do banheiro e começa a falar. – Ron, nós não sabemos o que realmente aconteceu com você, mas sabemos que envolve sua mãe, há alguns meses você sumiu do nada cheguei a sua casa e estava tudo revirado, vi sangue no chão e isso me assustou, depois de tanto procurar descobrir que você tinha mudado de Estado e estava em um hospital aqui perto.
– Espere! Eu mudei de Estado? – Eu o interrompo.
– Sim, você mudou de Estado, nós demoramos mais em fim te encontramos, descobri que quem pagava seu tratamento era Ricarda sua madrasta, fui te visitar uma vez, mas quando retornei ao hospital você já tinha ido, tentei ligar para Ricarda várias vezes tinha conseguido o numero dela no hospital, ela não queria que você fosse encontrado. Carla te encontrou e agora estamos aqui, e viemos te ajudar a descobrir o que aconteceu com você.
– Quem é minha mãe? E o que aconteceu com ela, vocês a encontraram?
– Não Ron, eu lamento, não conseguimos encontrar Júlia, sua mãe.
– Esse é o nome dela?
– Sim Ron.
Minha cabeça dói, meus olhos esquentam, estou com raiva e ao mesmo tempo triste por não saber nem lembrar quem é minha mãe. Sinto uma vontade enorme de chorar. Caleu segura em meu ombro e eu abaixo a cabeça.
Sinto a mão dele em minha nuca e o olho.
– Ei Peter Pan, não se preocupa, vai ficar tudo bem, eu estou aqui. – Diz ele e de alguma forma aquilo me acalma.
***
Voltei para sala minutos depois, Caleu chegou depois de mim disse que precisava ligar para Carla, Aline ainda me olhava, parecia assustada e tinha acabado de desligar o telefone quando cheguei.
Minha cabeça dói no meio da aula e tenho mais um flash de memória.
Uma mulher estende a mão para mim ela está no chão e ensanguentado, não consegue se levantar por mais que tente, ela chora e olha pra mim, eu quero ajuda-la eu preciso ajuda-la, mas não tenho forças meu corpo dói. Alguém está se aproximando de mim, alguém alto e forte não consigo ver quem é.
A mulher grita.
– Ronald!
Eu acordo, estou em uma enfermaria, provavelmente a da escola, Caleu está de um lado e Aline está de outro, Aline segura minha mão e começa a falar.
– Ai meu Deus Ron, fiquei muito preocupada, você está bem? Precisa de alguma coisa? – Eu olho para Caleu, e sei que preciso contar a ele, mas não confio em Aline terei que arrumar um jeito para que ela saia. – Tem água suco e comida lá fora posso comprar se você quiser.
– Gostaria muito que você pegasse água para mim.
– Tudo bem Ron. – Ela olha para Caleu. – Você vem comigo?
– Não, acho melhor não deixar Ronald sozinho. – Ele responde.
– Tudo bem então, volto logo Ron. – Ela parece desconfortável, mas sai da enfermaria sem reclamar.
– Caleu, às vezes eu tenho alguns flash de memórias, alguma vezes me lembro de coisas que já aconteceu, o doutor disse que seria muito comum caso isso acontecesse, por isso me lembro de você e de Carla, quando toquei em vocês lembrei-me alguns momentos que vivemos...
– Mas como acontece? Você tocou alguma coisa e isso o fez desmaiar?
– Não, dessa vez não toquei em nada, nem toquei em ninguém...
Carla entra na enfermaria.
– Provavelmente deve ser suas memórias voltando por conta própria. – Caleu e eu olhamos para ela. – Agora que você entrou em contato com alguma coisa do passado elas irão voltar aos poucos.
– Mas já ouvir essa mulher gritando, no hospital. – Digo.
– Explica como foi esse flash. – Fala Caleu, apressando-me.
Eu explico tudo e eles se olham como se tivessem percebido algo, mas estão com medo de me contar.
– Ron, me diga exatamente como era essa mulher, você conseguiu vê-la não é? – Diz Carla segurando minha mão.
– Ela... Ela tinha os cabelos negros, olhos um pouco puxado, não consegui ver direito, ela estava... Chorando, acho que seus olhos eram castanhos um pouco claros, seu rosto era bem afilado.
– Ron... – Carla tira um celular do bolso, procura alguma coisa nele por um tempo. – Ronald, por acaso a mulher que viu era essa? – Ela mostra uma foto em seu celular da mulher que vi, ela era ainda mais linda na foto, e estava sorrindo.
– Sim! Foi essa mulher sim. – Caleu olha para Carla e começa a falar.
– Peter Pan, essa mulher que você viu, é Júlia, sua Mãe.
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LEMBRE-SE!
Mystery / ThrillerLembre-se! Imagine acordar de repente em um lugar desconhecido e não ter a menor ideia de como foi parar lá; estar cercado de pessoas completamente desconhecidas e receber a notícia que são a sua família e seus amigos. Ronald terá que descobrir quem...