Charlie (AoT)

Amigo

—Charles! Charles! Acorda!

Estava suado e ofegante quando o moreno me acordou preocupado.Ele balançava gentilmente meu ombro enquanto estava como sempre com o cenho franzido e com aqueles curtos olhos azuis me encarando, mas genuinamente preocupado comigo.

—Outro pesadelo? —Ele me pergunta, agora deitando à minha frente e me abraçando apertado.

—Sim, outro pesadelo...—Respondo encostando a cabeça em seu ombro e fechando meus olhos. Ainda tremia um pouco.

O rapaz mantém os braços em volta do meu corpo e dá um longo suspiro. Ele encosta o queixo no topo da minha cabeça e desliza a mão direita antes nas minhas costas para meus fios longos.

Eu ainda sentia medo, mesmo sabendo que o sonho não era real, era assustador. Eu tentava esquecer de toda maneira possível, mas estava difícil me concentrar na realidade.

—Sinto muito, quer falar sobre? —Pergunta agora tirando o cabelo do meu rosto.

—Não...

—Tudo bem, não precisa falar se não quiser. —Ele tira a mão do cabelo e me aperta ainda mais em seus braços e fica em silêncio.

Passamos um bom tempo sem dizer nada. Ele tenta acalmar meus ânimos, depois daquele ocorrido como se eu fosse uma criança pequena, enquanto eu agradecia por estar tão perto dele naquela noite. O quarto estava escuro e bem quentinho, prestar atenção nisso também me ajudou um pouco.

—Está mais tranquilo agora, cabeça de fósforo? —Ele pergunta tentando quebrar o clima meio pesado.

—Estou sim, anão de jardim...

—Belo insulto rimado, mas não esqueça que você é ainda menor que eu!

Eu rio, infelizmente ele tinha razão. Não dava para discordar com meus 1,50 de altura.

—Pelo menos eu ainda tenho jeito com um salto, você só com uma escada! —Faço uma provocação, ninguém mandou começar zoando a cor do meu cabelo.

—Tem certeza que quer começar uma guerra de insultos, Charles? Eu sempre venço você! —Ele me olha seriamente, não abre um sorriso, mas não parece com raiva.

—Te insultar nunca é demais Sime e foi você quem começou!

—É mesmo? —Ele me solta e olha profundamente em meus olhos, como se estivesse vendo minha alma.

Eu sorrio e ignoro a cara dele de "psicopata". Estava me sentindo tão bem ao lado dele que me esqueci completamente do pesadelo e de qualquer problema que eu tivesse.

—Eu te amo Simon...—Abraço ele novamente e suspiro como se estivesse aliviado por ele estar ali.

—Eu sei. —Ele responde seco, mas com um sorriso curto, aquele sorriso que me lembrava tanto outra pessoa, fecho os olhos suspirando novamente quando esse pensamento invade minha mente. —Pela sua cara, você lembrou dele, não é?

Ele percebe, ele sempre percebe, como se lesse meus pensamentos.

—Eu não tenho culpa de vocês serem iguais. — Falo me afastando um pouco. Me viro e olho para o telhado branco forrado.

—Tão iguais assim? —Ele ergue uma sobrancelha.

—Quase uma cópia, da mesma altura, cor de cabelo, só muda um pouco o corte, o fato de você usar brinco e ter uma tatuagem no braço, mas até a cor dos olhos e formato também é semelhante...

Depois disso segue-se novamente um silêncio naquele quarto. Eu ainda olhava para cima, enquanto Simon me encarava.

—Sente falta dele? —Simon pergunta, com uma expressão neutra. Apesar de eu o conhecer desde criança, ainda era difícil saber o que se passava na mente desse homem.