Charlie (AoT)

Malandragem

Uns dias haviam se passado desde a última missão. Isabel estava no hospital se recuperando e vez outra ia visitá-la, Levi sempre me acompanhava. Passávamos mais tempo juntos agora. Sem falar que ele continuava no meu esquadrão... Mas oh rapaz complicado, mesmo depois que passou a confiar em mim, ainda era difícil de lidar. Mas eu já estava acostumada com uma pessoa bem parecida com ele.

O fato de Levi ainda não ter se tornado capitão me preocupou. Não sei se era cedo demais para isso, mas ele tinha que virar. E se não, eu tinha que mexer meus pauzinhos... se isso não acontecesse a merda que eu já fiz ficaria ainda maior. Com Isabel viva, muita coisa poderia mudar. E enquanto a mim, não me importava nem um pouco com cargos, afinal daqui a um ano estou de volta no futuro.

Eu percebi que ele ainda estava abatido por causa da morte de Furlan, mas não demonstrava. Ele é do tipo que sofre em silêncio. E eu, como alguém altamente emocional, ofereci meu ombro como apoio, ele aceitou e eu não esperava.

Levi, só se "dava" com Erwin e comigo, como os demais, ainda era difícil, principalmente com Hange. Mas até onde eu sei isso vai mudar. Pelo menos eu acho...

—Eu fiz uma coisa para Isabel, será que ela vai gostar? — Chego até Levi, que estava sentado em uma mesa tomando um chá.

— O que? — Ele pergunta meio desinteressado.

Eu estava com as mãos nas costas. Quando revelo-as mostro uma caixinha de madeira envernizada e pequena.

—Abre a caixa e gira a manivela do lado. —Entrego a ele.

Ele abre a caixa, tinha um passarinho entalhado à madeira. Levi gira a manivela, um som suave sai da caixinha, e o passarinho abre o bico, girando. O moreno se assusta.

—Onde arrumou isso? —Ele me pergunta confuso.

—Eu que fiz... —Respondo com um grande sorriso.

Ele fica surpreso analisando a caixinha em todos os lados.

—Não sabia que você tinha cérebro pra isso. —Ele fala e eu acabo rindo, acho que me acostumei com ele. —Onde aprendeu?

Como vou explicar que aprendi na internet se isso nem existe ainda? Invento uma desculpa.

—Ah, eu aprendi com meu tio.

Uma coisa que tinha ficado boa nesse tempo no passado, é mentir. Levi não desconfia da minha palavra. O rapaz abre a caixinha de novo e pela minha surpresa, ele sorri curto. Nossa! E que sorriso bonito...

—Ela vai gostar. — O baixinho diz me devolvendo a caixinha.

Uma parte da minha missão no passado tinha falhado. Eu deveria passar completamente despercebida, mas fiz tudo ao contrário. Fiz amizade com os oficiais, fiz amizade com os cadetes, fiz amizade com os soldados, com Levi... e por causa de Johnny, era conhecida até na polícia militar.

— Seu irmão já se recuperou? —Levi pergunta depois de passar um tempo quieto.

Ah, meu Deus! Esqueci de avisar a Jonathan que ele estava doente!

—Sim, ele está bem melhor! — Olho para cima deduzindo onde a PIXEL estava, torcendo pra que ela entendesse meu sinal. — Vou indo, vou embrulhar o presente da Isabel. 

Na real, eu queria era falar com meu irmão, não dava para manter mais tempo essa mentira.

—Irei lá mais tarde, se quiser me acompanhar. — O rapaz me diz, terminando o chá. E que jeito estranho de segurar uma xícara. Segura a xícara de modo estranho, as espadas ao contrário... Levi é meio esquisito...