Charlie (AoT)

Mentiras

A viagem até o hospital foi tranquila. A presença de Levi em silêncio era até agradável, afinal o rapaz calado era um poeta.

Ao chegarmos, descemos dos nossos cavalos. Depois de amarrar as rédeas deles, entramos no hospital. Na recepção uma das enfermeiras nos encaminha até o quarto de Isabel, mas ela diz a Levi que ele não iria poder passar muito tempo, pois a garota já está na ala feminina. Como podem imaginar, ele não gostou nada disso e tentou "argumentar" do jeito dele. Quase que nós dois somos expulsos do hospital, se eu não tivesse interferido. Inventei a desculpa que éramos três irmãos, afinal essa enfermeira aparentemente era nova no hospital e ela acreditou.

—Você é boa em mentir Charlotte, até eu acreditei que você era minha irmã, fico me perguntando se fui inteligente em começar a confiar em você. —Essas palavras saem como uma facada no meu estômago.

— Eu posso ser meio mentirosa às vezes, mas jamais prejudicaria algum companheiro.

—Minha roupa discorda disso...

Caramba cara, vai se lembrar disso até quando?

Ao entrarmos no quarto, vemos a moça sentada em uma cama. Ela ainda estava com o braço esquerdo enfaixado, quebrado na queda, junto com umas costelas. A menina dá um sorriso imenso quando nos vê.

—Aniki! Chefe! —Ela diz com empolgação.

Nós dois nos aproximamos dela, e o moreno é o primeiro a falar.

—Como vai, Isabel?

Levi se senta na cama e eu fico em pé.

—Eu estou bem! E vocês?

—Nós estamos bem, tenho uma coisa para você. —Dessa vez, me pronuncio.

—O que!? —A menina que estava na maior empolgação ficou mais hiperativa ainda.

Estendo minha mão com a caixinha embrulhada. Ela se encanta, principalmente quando vê o origami.

—E esse passarinho de papel? —Ela pergunta, segurando-o.

—É um origami, se chama Tsuru... 

Eu pego novamente a caixa e ajudo a abrir o embrulho, enquanto me olhava com curiosidade. Quando revelo que era uma caixinha de música, não poderia esperar uma reação mais satisfatória, ela até se emociona com o presente.

—Obrigada chefe... onde conseguiu?

—Eu quem fiz. —Respondo com orgulho.

—Aparentemente a cabeça dessa aí, não é feita totalmente de vento. —Levi, sempre tem que soltar uma, quando abre o bico. Eu ignoro. —Mas agora tenho minhas dúvidas, afinal, Charlotte ou Charles, não sei, é uma mentirosa compulsiva.

Agora ele me ofendeu.

—Eu não sou uma mentirosa compulsiva, seu cabeçudo e se não acredita que eu fiz a caixinha, faço outra bem na sua frente, para provar! —Digo irritada.

—Não vou perder meu tempo pra ver isso...

Respira Charlie, respira, não vale a pena se irritar com esse idiota!

Isabel observa nosso diálogo com atenção, um sorrisinho que não reconheço de que estava estampado no rosto da menina. 

Mesmo irritada com o traste, volto minha atenção para a garota hospitalizada.

—Como vão seus machucados? Você está se recuperando bem?

—Estou ótima! Já, já eu vou sair daqui e vou estar por aí perambulando com o DMT.