Capítulo 8

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Mais tarde naquele dia, muito mais tarde, depois de lavarem a louça ao som de uma playlist de jazz suave que Harry selecionou cuidadosamente no celular de Louis, captada do topo da torre quando Louis ainda estava dormindo, seus ombros pressionados um contra o outro enquanto eles balançavam, Louis lavando enquanto Harry secava, eles voltam para a sala da lanterna. Eles limpam a bagunça rapidamente, Harry corando um pouco com a devastação que causaram na noite anterior, almofadas e cobertores jogados ao acaso no chão e canecas de chá milagrosamente não rachadas onde caíram do baú. Tem até livros no chão, mais do que o livro de poesias de ontem à noite, sem contar a lanterna que perderam no meio da paixão. Louis não se lembrava de ter ficado tão bagunçado quando eles saíram, mas ele estava um pouco preocupado na hora.

Eles estão quase terminando a limpeza, Louis terminando de colocar cuidadosamente as almofadas de volta no sofá quando ouve o rangido da porta que leva à varanda. Ele se vira bem a tempo de pegar Harry se esgueirando para fora da sala, sorrindo um pouco quando ele se apoia no guarda-corpo com nada além de sua camiseta branca e fina. Já há arrepios na pele dos seus braços, Louis pode perceber, mas Harry não parece se importar, olhando para frente com o sempre presente olhar pensativo em seu rosto que Louis passou a gostar tanto. O cabelo dele está ficando comprido, Louis não pode deixar de notar enquanto o vento faz seus cachos dançarem contra as suas bochechas. Ele fica lindo na luz do final da tarde; etéreo, mas não deslocado, embora talvez devesse. O sol começou a se pôr, banhando-o em uma luz rosa dourada. Ele parece pertencer ao lugar, parece tão bonito quanto a paisagem e isso atinge Louis no peito ferozmente, como uma bala. Bang. Isso realmente vai machucá-lo.

Porque Harry não pertence, por mais que pareça, por mais que Louis queira que ele pertença. O seu lugar é em cidades distantes, em um palco gigantesco, na frente de milhares de pessoas... ele pode não ter a certeza se vai continuar a sua carreira agora, mas Louis tem dificuldades em imaginar que algum dia encontrará o seu caminho de volta aqui. Não quando ele tem tanto a dizer, todas aquelas músicas que está escrevendo timidamente e que vão precisar de um público em breve. Ele vai embora, como deveria, e vai doer.

Se Louis fosse um homem mais forte e mais sábio, talvez tivesse coragem de falar sobre isso. Talvez sentasse o Harry, estabelecesse alguns limites, discutisse o que diabos eles pensam que estão fazendo agora, quando ele deve partir em pouco mais de um mês. Mas ele não é. Ele não é um homem forte, é um homem tolo e quer isso. Ele quer beijar Harry de novo e de novo, a cada segundo de cada dia até que ele vá embora, quer aproveitar a oportunidade enquanto a tem, antes que Harry volte a ser quem ele nasceu para ser. Louis sabe que não passa de um interlúdio, esperançosamente, uma lembrança que Harry guardará com carinho de vez em quando, um pequeno caso especial o suficiente para ser lembrado... e ele quer tudo isso. Ele quer muito mais. Louis não consegue nem mesmo ficar chateado, a emoção do toque de Harry ainda correndo em suas veias, a euforia do que finalmente aconteceu entre eles é impossível de amortecer.

Louis suspira enquanto olha para o pôr do sol, olha para Harry olhando para o pôr do sol, vendo a dor ainda correndo por ele, mas também vendo a força de seu caráter, vendo a forma como ele está se reconstruindo e, de repente, tem que piscar os olhos para conter as lágrimas ao ver como está ferozmente orgulhoso deste homem. Esse idiota que sempre trabalhou tanto e que teve que aprender a não usar o coração na manga das formas mais cruéis, mas que nunca deixou que isso mudasse a bondade de seu espírito. Este completo idiota que tremia em nada além de uma camiseta do lado de fora só para ver o pôr do sol como deve ser, para ver o mar.

Louis balança a cabeça carinhosamente antes de desviar o olhar, indo direto para o baú e pegando um cardigã roxo feio que veio diretamente do inferno nos anos 80. Então, se junta a Harry na varanda, fechando a porta atrás de si e sorrindo um pouco com a força do vento. O assobio quase sempre pode ser ouvido através do vidro, mas é realmente inevitável uma vez lá fora, um som poderoso e envolvente. Louis não perde um segundo antes de caminhar até Harry, colocando cuidadosamente o cardigã sobre seus ombros, assim como colocou cuidadosamente o cobertor sobre ele na noite passada. Harry fica tenso por um segundo, menos de um instante, antes de relaxar no corpo de Louis assim que reconhece que é ele. Louis deixa as mãos deslizarem dos ombros de Harry e agora de seus braços, certificando-se de que o tecido está seguro sobre ele, antes de envolver os braços em volta da cintura de Harry por trás, envolvendo-o, os seus corpos tão próximos que não há um único espaço entre eles. Louis coça a barriga de Harry por um segundo, enquanto pressiona um beijo em cima do ombro direito dele. Então, ele deixa uma de suas palmas repousar suavemente na parte inferior da barriga de Harry, a outra perto de seu coração, sentindo o lento subir e descer de suas respirações profundas. Apoiando o queixo no ombro de Harry, Louis observa as falésias dramáticas e o mar tumultuado além deles, o pôr do sol de tirar o fôlego ao redor.

Tired Tired Sea (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora