Boteco do Boi Gordo

1.3K 117 24
                                    


Borbulhos ressoam pela água, e a corda logo é puxada de volta.


O vampiro finca as presas no animal e suga todo seu sangue, consequentemente levando-a orbito, assim como os outros. Por fim, joga o resto da carcaça junto a uma pilha de cadáveres de peixes. Guardaria para comer depois.


Infelizmente a vida do pobre detetive era assim agora. Com a situação caótica e o clima de frieza que rolava entre o casal, não havia mais permissão mordê-lo quando quisesse ou precisasse, como agora. Tinha que usar outros meios.


E claro, uma das alternativas mais clássicas é o sangue animal. Tomado em alta quantidade pode acabar com sua sede por um tempo. Porém não é a mesma coisa que o humano, já que este não é tão nutritivo quanto o outro, o deixando-o um pouco mais fraco que o normal. Mas, pelo menos, dava para se viver assim.


O rapaz retira o celular o bolso, observando por um curto momento a tela de bloqueio. Eram nove da noite. Poderia gastar o resto da noite construindo o castelo, terminando as partes que faltam e começando as outras.


Entretanto, o felino havia outros planos para hoje.


Os dedos rapidamente discam o número do melhor amigo, torcendo para que este não esteja ocupado ou longe.


Felizmente, não demorou muito para atender a chamada.


— Alô?


— Felps, onde tu tá, ainda tá com o Richas?


— Sim, eu e ele estamos quebrando blocos. O que tem?


— Tem como deixa-lo com a Bagi ou o ElMariana? Estava pensando em sextar hoje, sabe? Talvez dar uma passada no boteco do Boi gordo, eu preciso dar uma... distraída, sobre tudo o que rolou. Acredito que passar um tempo com meus amigos possa me ajudar.


— Um rolê você diz? Hum, estava pensando em dedicar minha noite ao quadrado, mas acho que posso abrir uma exceção. Tudo bem, verei se alguém aceita cuidar dele para mim esta noite.


...


O som estava alto e o ambiente caótico como de costume. A música sertaneja brasileira era ouvida por todos os arredores da favela, junto com as conversas e risadas dos falantes de outros idiomas que residiam em Quesadilla.


O Morro do Xerê havia de fato se tornado um lugar bastante frequentado pelos habitantes de ilha, devido à quantidade de construções e eventos que são feitos lá. E também porque o boteco era MUITO mais leve que Las Casualonas.


O brasileiro timidamente adentra no local tomando bastante cuidado para não esbarrar em ninguém. Não queria começar uma guerra, pelo menos não ainda.


Seus olhos azuis correm diretamente para área de bebidas, notando que ambos seus parceiros estavam lá. O barman exercia seu papel e servia uma bebida para Felps, que sorria ao por outro gole da bebida na boca.


"Céus, ele já está bebendo"


O rapaz se une ao melhor amigo, sentando-se bem ao lado deste. O moreno arregala os olhos em surpresa, logo retirando o copo da boca e sorrindo para ele.


— Olá, Cellbit! Como você está?


— O que você acha?


O detetive rouba o copo do amigo e bebe tudo de uma vez só.


— Mais duas dessas, Por favor — Ele faz o sinal de "dois" com os dedos


O barman pega a garrafa cheia do mesmo conteúdo e preenche os dois copos para os clientes.


— Calma ai! Calma ai! — Exclamou a divindade divíssima, agarrando o punho do outro para impedi-lo de voltar a beber — Nós acabamos de chegar! O que aconteceu? A terapia não está te ajudando?


— Está, não... Não sei. — A expressão no rosto do vampiro toma um olhar cabisbaixo, encarando aquelas pessoas festejando com indiferença, como se estivesse perdido. — Não sinto que apenas uma sessão vá resolver todos os problemas que tenho... mas ao menos deve evitar de aumenta-los, por hora.


— É tenso mesmo... - Me admira o profissionalismo do Roier para lidar com essa situação.


— Não era ele que estava trabalhando hoje... era um cara grosseiro, possivelmente calvo e esquisitão... Doutor Benito Camelo, eu acho?


— Benito Camelo? Quem é esse? Quando ele chegou?


— Um sabichão que se diz médico — O loiro cruza os braços — Não tenho a mínima ideia. Talvez ele já estivesse aqui?


— Se ele já estivesse aqui, os outros teriam nos contado, não?


— Você tem um ponto. Porém, o Abueloier também apareceu do nada também...


— Me pergunto quantos mais deles deve ter


— Felps? Você está insinuando que...


O rapaz de cabelos cacheados rapidamente tapa a boca do vampiro, mostrando com a cabeça o Cucurucho ao lado de um grupo de pessoas, soltando bolhas.


Eles estão de olho em nós da silva, vamos mudar de assunto.  — Ele concordou com a cabeça — Enfim, não se preocupe Cellbo, hoje será divertido. Vamos festejar igual nos velhos tempos, com direito a Karaoke e sinuca.

...

Em um canto do balcão próximo a eles, um homem pareceu ter escutado brevemente a conversa.


Ele pega seu copo vazio, olha para o Cucurucho e vai discretamente até o banheiro.


Feel Me - Chaosduo - QSMPOnde histórias criam vida. Descubra agora