Sabor Inesquecível

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Beep, beep, beep...

Os olhos do ex presidiário se abrem, sendo recebidos por uma terrível de uma luz forte e florescente diretamente em suas vistas.


Sua cabeça se vira para o lado, avistando o tubo injetado em sua veia, que se vai até uma bolsa de soro. Há algumas camas vazias próximas e cadeiras para o cuidador "supervisionar" o paciente, como há normalmente em hospitais.


Sua única "companhia" era Jorjinho, o soro ambulante que, aparentemente, tinha vida própria, embora não possa falar. Ele estava... exercendo seu serviço como soro, claro.


"O-Onde eu...?" — O homem se interrompe antes de terminar o raciocínio, grunhindo pela forte dor de cabeça que sentia.


O objeto animado nota os movimentos do paciente, se colocando ao lado em que este está virado, impedindo-o de sair por esse meio, caso tentasse.


O loiro apenas o observou de forma indiferente, ainda muito confuso com o que estava acontecendo.


— Esse é o hospital da federação, não é? Por que estou aqui...?


Jorjinho "se agacha", como um gesto comum de dizer "esta pergunta é obvia". O jovem analisa o próprio braço e começa a ligar os pontos.


— Ah... a noite de ontem? M-merda... eu esqueci, eu esqueci... — Ambas se mãos vão até ao rosto, em desespero — Eu deveria ter falado com os meninos, deveria ter fisgado alguém antes de beber, e caralho, caralho... que porras eu fiz?


Como força do hábito, a língua passa pelos dentes, sentindo um pouco ainda do gosto da "comida" que provou ontem.


Era tão boa.


Tão viciante


Cellbit arranca a bolsa de soro do little jorji e começa a beber quase tudo em apenas uma golada. Precisava tirar esse gosto, precisava esquecê-lo logo. Não poderia permitir que sua natureza prenominasse, ou que passasse a gostar de um sangue que não fosse de seu marido. Seria desconfortante.


O jorjinho se afasta, um pouco assustado, e a porta se abre. É um trabalhador da federação, ele está com uma caneta e uma prancheta em mãos.


— Bom dia...? — O homem sem face observa o detetive beber o soro, enquanto fechava a porta atrás de si — E-está melhor?


O rapaz joga o plástico vazio em um canto qualquer, levando seu olhar predador ao funcionário. Sua expressão fica mais séria.


— Eles... estão bem?


— Sim, sua família está bem, não se preocupe.


O canibal sente um peso sendo retirado de suas costas, colocando a mão no coração e dando um suspiro como sinal de alívio.

Feel Me - Chaosduo - QSMPOnde histórias criam vida. Descubra agora