Isabela
Acordo com um ruído baixo, porém sufocado.
O barulho aumenta de volume gradativamente, tornando-se mais nítido conforme meu sono é afastado. Movo meu braço, deixando-o cair no lençol gelado e busco o som.
Abro os olhos e, apesar da escuridão no quarto, identifico meu celular na beira do colchão. Ele toca o som personalizado da chamada da Agustina e faço esforço para inclinar-me e pegá-lo. Suspiro e atendo antes que o som estridente seja mais uma vez o responsável pelo latejar doloroso da minha cabeça.
— Alô?
— Isabela, eu estou me controlando para não subir todos esses andares e te encher de socos.
Esfrego os olhos ao me sentar e ligo o abajur da mesa de cabeceira, ainda meio zonza de sono.
— São 6h da manhã. — Confirmo o horário. — Ainda não é muito cedo pra estar tão brava?
— Você e Julio são o casal mais empata-foda do universo. Sabe o que é chegar dentro do seu quarto louca de vontade do seu namorado e então o seu amigo chega bêbado dizendo que havia sido expulso do quarto? É frustrante! — Diz esbaforida. — André é tão bonzinho que ficou com Julio na sala até que ele dissesse algo. Por que você o expulsou?
— Não quero falar sobre isso por telefone, Agustina.
— Estou subindo.
●
Não sei ao certo quantos minutos se passam, mas quando abro os olhos de novo, Agustina estende uma garrafa pequena de Coca Diet e em seguida dá um passo para trás.
— Para a sua ressaca. — Diz semelhante à uma mãe preocupada e eu sorrio um pouco de canto.
Envolvo os dedos em volta da garrafa e abaixo a cabeça. — Obrigada.
— Esses vidros são mesmo tentadores. — Murmura distraída enquanto encara as paredes envidraçadas destampadas, pela primeira vez vendo desse modo.
Passo a língua pelo lábio inferior e nego.
— Eu os odeio. — Destampo a garrafa e respiro fundo antes de tomar um longo gole.
Agustina suspira e senta na borda da cama, os olhos atentos aos meus traços e sei que ela está fazendo uma análise completa de quem largou a faculdade de psicologia pela metade.
— O que aconteceu?
Bebo mais um pouco e olho para a garrafa pela metade, tampando-a e deixando de lado. Ergo as sobrancelhas, sentindo-me completamente frustrada por estar prestes a recomeçar com tudo isso. Frustrada por como esse amor me faz sentir; profusamente machucada, ao mesmo tempo em que luto com todas as forças para voltar a senti-lo. Esse amor que é um equilíbrio e oscila entre um amor mau e bom, que me deixará marcas permanentes. Mas que, ainda sinto aquela pontada sufocante de querê-lo de volta.
Inclino-me para frente com os cotovelos apoiados nos joelhos e esfrego meu rosto e olhos com as pontas dos dedos, tentando achar alguma maneira de fixar minha cabeça nesta realidade.
— Ele deixou claro que não quer nada sério comigo. — Digo baixo, tentando passar uma imagem firme e convicta, mesmo que, por dentro, meu coração esteja batendo sem ritmo nenhum e descompassado. — Eu também não quero me iludir mais por algo impessoal e vazio. Eu corro pra ele como uma mariposa corre para o fogo, mas ele continua construindo suas cercas.
— Julio me contou uma versão um pouco diferente.
Ergo as sobrancelhas.
— O que ele te disse? — Pergunto.
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Amor de Verão [isulio]
RomanceEm janeiro, durante as férias de verão no México, Julio, famoso por sua reputação cafajeste, faz Isabela hesitar em se envolver, temendo ser apenas mais uma. Um presente dado no quarto 505 transforma anos de amenidade em sentimentos profundos e conf...