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"eu tenho meus segredos
e planos secretos
só abro pra você
mais ninguém"
sozinho_caetano veloso
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Era impossível para ambos resistir a especulação de como seria o reencontro no final do dia. Quase dois anos após o segundo divórcio, e um ano inteiro sem interações físicas ou cibernéticas, era no mínimo estranho. Uma vez ou outra, no entanto, se visitavam no relicário da memórias vividas a dois.
Desde o segundo rompimento, nenhum deles engatou em um relacionamento sério. Helo decide, mais uma vez, se casar com a profissão e toda a rotina puxada que acompanha. Não tinha alguém mas culpava a falta de tempo e, francamente, de disposição. Iniciar um relacionamento requer muita força de vontade, paciência a arte de relevar muitas coisas. Não é como se esse novo alguém já soubesse de cor como você gosta do seu café. Ou suas flores preferidas.
Já Stenio, logo depois do divórcio número dois, fechou negócios com um empresário português e ficou mais pra lá do que cá. Em muitos sentidos. Helo, em momentos de fragilidade, flertava com o ato de imaginar tudo o que ele viveu de dois anos pra cá. E ele, de fato, se envolveu casualmente com sua cota de mulheres portuguesas, brasileiras... mas nunca compartilhou algo a mais do que eventos isolados. Em sua consciência, Stenio guarda seu relacionamento com Helo como a única oportunidade da sua vida de ter amado e de ser realmente amado por alguém. Seu tempo de viver isso acabou, mas pelo menos viveu. E entente que não faz sentido buscar algo que já achou.
Qualquer devaneio sobre suas vidas passadas, no entanto, eram sufocados pela vida real de cada um. Stenio comparece a mais um dia de trabalho na Alencar Monteiro. Ao passar pela recepção, sente uma espécie de deja-vú ao pronunciar as seguintes palavras:
— Olivia, liga para aquela floricultura da General Osório, precisa ser aquela. E pede a Orquídea Feiticeira, também precisa ser exatamente essa. E um cartão. Preciso levar no fim do dia.
— Nossa, há quanto tempo o senhor não me pede para encomendar flores? Conheceu alguém especial?
— Conheci... faz tempo.
Ele esboça um sorriso no canto da boca e segue reto para sua sala. Ao entrar, fecha a porta, pendura sua bolsa no encosto da cadeira e começa a abrir os armários a procura de algo. Bingo! Sempre guarda uma caixa de chocolates para oferecer aos clientes. Contudo, essa em específico acompanhará as flores hoje à noite. Precisa pensar em todas as formas possíveis de amolecer aquela mulher. Seu plano prático é interrompido por batidas na porta. Impossível não reconhecer as batidas de sua própria sócia. Ele repousa a caixa no aparador e manda entrar.
— Atrapalho?
— Imagina. Bom dia.
— Bom dia. Sei que você se irrita com esse assunto, mas estava em uma ligação agora pouco com o Mauro, agente da PF. Ao que tudo indica, o Montez não fugiu de volta para Portugal. De acordo com a perícia que fizeram dos passaportes escaneados, ele nem saiu ainda da América do Sul.
— Lais, de verdade, sei que você quer me manter informado... mas eu não quero saber mais nada desse cara. Só quando for preso, os bens confiscados e o meu dinheiro na conta.
Ele anda incessantemente pela sala mas parece esquecer o que estava fazendo. Laís percebe o comportamento atípico do sócio.
— Tá tudo bem?
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o acordo
RomanceStenio enfrenta uma crise financeira em seu escritório de advocacia após um grande cliente dar o cano. Para recuperar o caixa da firma, ele precisa conseguir fechar contrato com Omar Prado, CEO de uma importante empresa farmacêutica. O multimilionár...