₊˚๑ 𝟸.𝟺 ˖ ¡!

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Você é louco como eu?
Esteve sofrendo como eu?
(...)
Você é desequilibrado como eu?
Você é estranho como eu?
- Gasoline; Halsey

Everything is Blue                                 ───────────

Obcecado, essa era a palavra que descrevia Jongho. Se sentia um louco desvairado, seguindo o garoto de cabelos pretos para todo e qualquer lugar que o mesmo fosse. O perseguia por todos os lados, entorpecido pelos alucinógenos, aquilo havia funcionado como gasolina em meio aquele fogo. Chapado o suficiente, era a atração no meio da praça, se detonando enquanto as "vozes" sussurravam para si.

Alucinações, causadas pelos arquivos dos destroços de sua vida, ativadas pelo número incalculável de entorpecentes ingeridos. Elas só falam merda, o acusando sobre o desaparecimento. Puxam seu tapete sem mais nem menos e te derrubam de forma vergonhosa em meio a multidão. As crianças te olham assustadas e você só pensa no quanto a vida delas ainda é feliz.

E mais uma vez, ele ali se encontrava. Dentro de seu quarto, se escondendo do mundo. Sua visão no espelho lhe dava desgosto, foi incapaz de segurar a vontade de socá-lo, os estilhaços apenas se espalharam. Caindo na "real", apenas coletou os cacos e após beliscar sua pele e se sentir anestesiado, apenas o passou pela pele, era satisfatório não sentir absolutamente nada, somente a leveza. 

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Uma realidade distorcida, dizendo a todos que estava bem. Uma insanidade sem fim, era claro que estava mentindo. Por que não tomar um pouco de vinho? Ficarei bem, minha mente disse que parece valer a pena, eu tenho sido bom, mereço! Tudo em círculos, sua mente continuava afundando nesse rio viciante.

Mais uma vez, caído em frente a própria casa. Aquele era o ponto de encontro entre ele e o garoto de cabelos escuros. Fora de controle, se encontrava dançando com o diabo quando foi levado às pressas para um hospital por meio de uma ambulância chamada pelo mais velho. Uma overdose, causada pela mistura de remédios, drogas e bebidas.

Tendo várias paradas cardíacas em meio ao percurso, era difícil acreditar que ficaria bem. Achava que conhecia seu limite, mas agora se encontrava inconsciente, implorando para que levassem toda sua dor embora, sabendo que se continuasse daquela forma, nunca iria conseguir chegar perto daquele que achava que era sua Sonda.

Pedia então desculpas para seu "amante" desconhecido, implorando para que um dia ele acreditasse na sua mudança e assim, começasse a se apaixonar por si. Fugindo das coisas, nunca entendendo a verdade, por sua plena ignorância, se sentia perdido, e agora, plenamente decepcionado. Querendo ou não, sabia que o garoto passava por sua casa para saber se ele estava bem, porém todo dia era uma surpresa desagradável. Saber que o fazia mal e o machucava, doía mais do que qualquer coisa no mundo.

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Duas semanas depois, esse foi o tempo que ficou desacordado. Recebendo visitas apenas de duas pessoas: Sua tia, que querendo ou não, ainda era sua responsável e se culpava diariamente por ter permitido que tudo tenha acontecido consigo e "Seu" Amante, que agora que estava recobrando a consciência, descobriu que se chamava Yeosang, Kang Yeosang.

Ao abrir os olhos, sabia que quase havia chegado ao céu, por pouco que ainda se encontrava ali. As sensações sobre seu corpo eram poucas, demorava para recobrar toda a consciência. Quando acostumado com a claridade do lugar, a primeira coisa que observou foi o garoto encostado com as costas na cadeira que o quarto disponibiliza. Estava distraindo olhando para o nada dando a visão clara da sua manchinha de nascença. Os antigos cabelos pretos agora se encontravam 'num' tom azulado, um pouco mais claros que as lentes que usava, e bem mais clara que o moletom azul escuro que o vestia, tudo era azul. Os únicos itens que destoavam, eram a boina preta que o mesmo usava, chamando toda atenção para seus fios azulados e a calça que aparentava ser de couro.

Se sentiu tão entorpecido com aquela cena, que não notou que o mesmo estava vendo as cores, de forma clara. Apenas não queria mais acordar caso aquilo fosse um sonho. Contudo, se sentia curioso do por que ele estava ali então mesmo com poucas forças acabou soltando todas as frases de uma vez "Y-Yeosang? Você é louco como eu? Eu não estou sonhando né?!", "V-você é tão desequilibrado quanto eu? E-esteve sofrendo como eu? E-eu te fiz sofrer esse tempo todo?" Sussurrou a última frase com medo do que o outro poderia responder e começou a sentir seu coração palpitar.

Apenas se acalmou quando o mais velho, com as mãos higienizadas e frias, tocou suas bochechas. A maneira que ele o olhava, era como ninguém nunca tinha olhado e mais pra frente, ninguém jamais poderia olhar. Como um gesto silencioso de "Está tudo bem", O Kang apenas juntou sua testa com a do Choi logo sentindo algumas lágrimas escorrerem por seu rosto e algo molhar sua mão, o mais novo também se encontrava chorando.

Ficaram naquele mundinho deles até uma das enfermeiras do local aparecer e atrapalhar o momento para saber se estava tudo bem com o Jongho, esse que ainda precisaria passar uma ou duas noites no hospital para saber se estava tudo certo consigo. Quando foi liberado, se sentiu diferente ao sair de mãos dadas com o garoto que tanto havia ficado obcecado e conseguir ver por conta dele todas as cores que complementavam a realidade antes vivida por si, claro que havia ficado com sequelas, mas iria tentar por ele e por Yeosang vencer seus vícios e traumas.

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┆ Notas da Autora┆

✧ E eu vejo vocês no próximo cap ♡

𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 - 𝐉𝐨𝐧𝐠𝐒𝐚𝐧𝐠Onde histórias criam vida. Descubra agora