Confissões

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Capítulo 3 - Confissões

Já passava da meia-noite e os três ainda conversavam na biblioteca do bunker sobre o caso atual. O assunto, regado a muita cerveja e salgadinhos, parecia nunca ter fim. Para tentar ligar os pontos obscuros, eles consultavam os livros dos Homens das Letras e seus relatórios, folheando arquivos antigos cheirando a mofo. Concordaram, após um bom tempo de diálogo e especulações, que, apesar de ser um pouco incomum, lobisomem e vampiro poderiam estar dividindo o território de caça. Certamente não se tratava dos líderes da matilha/ninho ou de membros da elite dos clãs. O perfil desses antagonistas associados combinava bastante com indivíduos mais fracos, provavelmente banidos de seu grupo, que se juntaram com o intuito de se fortalecerem. Como os locais onde as vítimas foram encontradas não apresentavam qualquer sinal de atividade ou sinais do crime, deduziram que provavelmente aqueles não haviam sido os pontos onde as mortes ocorreram. Os corpos haviam sido desovados ali para encobrir as pistas e confundir os caçadores. Dificilmente lobisomens fariam um trabalho tão limpo. Uma cena de ataque de lobisomem era absolutamente nojenta. Haveria muito sangue, pedaços do corpo espalhados... Os malditos eram muito bagunceiros.

Castiel parecia o mais desanimado dos três. Bebia pouco, como de costume depois de estar se transformando em humano. Para quem um dia pode beber uma loja de bebidas inteira, ele agora ficava embriagado com uma garrafinha de cerveja. Seu ar abatido e seus olhos vermelhos indicavam que ele estava cansado e sonolento.

— Vai descansar, Cas. Acho que isso aqui já deu, por hoje — aconselhou Dean, notando o cansaço do anjo e se sentindo preocupado com ele mais uma vez.

Castiel sorriu sem muita vontade. Levantou-se e deu boa noite aos irmãos. Ao passar por Dean, ele colocou a mão sobre seu ombro por alguns segundos, mas a retirou antes que a mão do loiro a cobrisse. O braço do Winchester mais velho ficou parado no ar e ele disfarçou o movimento fingindo coçar a nuca, esperando que Sam não percebesse seu vacilo. Porém o mais novo percebeu o constrangimento do irmão e estirou um dos cantos da boca. Ficava impressionado pela falta de jeito de Dean ao lidar com sentimentos.

Castiel já havia se recolhido ao quarto de Dean, quando Sam interpelou o irmão mais velho:

— Por que você é tão burro, Dean? Qual o problema em se demonstrar um pouco os sentimentos?

— Do que você tá falando, idiota?

— Estou falando da sua falta de sensibilidade com o Cas... vadia!

—Sam, você tá precisando transar. Quando começa com essa conversa de mulherzinha, você me dá medo.

— Com certeza, esse é o seu problema.

— Hã?!

—Você tem medo!

— Eu tenho medo?

— Uhum!

— Eu?

— Isso mesmo, você!

— Tá bom. Vamos lá... — Dean se levantou da poltrona onde estava e sentou-se ao lado do irmão no sofá. — Vamos ter a conversinha de irmãs que você quer.

Sam deixou de lado o notebook e encarou seu irmão mais velho:

— Sou todo ouvidos.

— Pois bem... Se você sentisse atração por outro... cara... Isso é só uma suposição. Você teria coragem de me contar, sabendo que eu sou o grande filho da puta que eu sou?

— Não.

— Ótimo! Foi uma conversa muito boa, irmãzinha. Boa noite! — Dean se levantou e dirigiu-se a sala do bunker, se deitou no sofá que vinha fazendo de cama e começou a cochilar. A cerveja já o tinha deixado bem relaxado e ele sentiu que apagaria depressa. Entretanto não foi o que aconteceu.

— Eu já senti — a voz de Sam rompeu o silêncio, ao mesmo tempo em que a claridade das lâmpadas sendo acesas pelo mais novo fez os olhos de Dean arderem.

— Saco! Sentiu o quê? — Dean quase gritou, irritado por ter sido acordado quando começava a pegar no sono.

— Sobre aquele assunto: Sentir atração por outro cara.

— Sério? — De um salto Dean se colocou sentado, encarando o irmão de frente.

— É sério, cara!

 — Como, quando, onde, por quem? Desembucha!

Sam torceu a boca, meio antipatizado com a indiscrição de Dean:

— Não interessa.

— Interessa sim. Pode começar a falar!

— Faz algum tempo. Por aí. Não vou dizer quem foi.

— Hmm... — Pensativo, Dean pareceu tentar recordar alguma situação que ele poderia ter desconfiado de Sam. Não encontrando nada muito relevante, voltou a falar com o irmão — e vocês dois... você sabe... ficaram juntos?

— Não!

— Por quê?

— Não era recíproco.

— O que? Você ficou atraído por um cara que não estava a fim de você? Você é azarado até nos relacionamentos com caras?

— Ele gostava de outra pessoa — respondeu Sam, ignorando a última pergunta.

— Hmmm. — Dean voltou a pensar, olhando para o teto. De repente seus olhos arregalaram e ele encarou o irmão. Sua expressão facial passou da curiosidade para indignação. — Foi o Cas, não foi? — engrossou o tom de voz.

— C-claro que não! — gaguejou Sam, mexendo nervosamente nos cabelos.

— Foi ele sim. Quando você e ele ficaram aqui sozinhos. — Dean girou a mão no ar —Na época que eu andava com o Crowley pelo mundo afora. Vocês dois aqui, ele cuidando de você, te curando do efeito dos testes... Vocês ficaram mais próximos e vocês... Não foi?

— Não, Dean. Não foi com o Cas.

— Porra, Sam! Ele não é seu tipo!

— Como é que você pode saber qual é o meu tipo?

— Ele é um anjo e anjos são idiotas. Você não se interessaria por um cara idiota.

— Exatamente! — Sam concordou acenando com a cabeça e forçando os cantos dos lábios para baixo numa careta estranha.

— Foi o Cas!

— Não foi, Dean!

— Quem foi então?

— Não foi o Cas, e eu não vou falar quem foi. Agora vamos dormir que daqui a pouco precisamos ir à delegacia. Esse caso já está me dando nos nervos.

continua....

espero que gostei vote estrela diverti lendo. bjs

Antes Que Seja Tarde (Destiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora