Palavras de Amor

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Capítulo 17 - Palavras de Amor

Crowley não parecia nem um pouco satisfeito enquanto dava por encerrada aquela reunião de negócios. Ele estava visivelmente cansado e irritado. Juntava alguns papéis e rolos de pergaminho e os colocava de lado desmazeladamente. Estavam no grande salão de conferência do Inferno, onde uma mesa redonda rústica de madeira maciça - que o rei do inferno gostava de se gabar dizendo que havia pertencido ao lendário rei Arthur - tinha seus lugares ocupados pela elite do Inferno e de outras repartições. Estavam reunidos ali também alguns representantes do Céu, cujos negócios com o Inferno eram constantes devido ao interesse de todos pelo tesouro mais precioso do universo: as almas humanas. Bem a esquerda do rei estava o arcanjo Miguel. Reunião finalmente concluída, enquanto todos pediam licença para se levantarem e iam aos poucos deixando o salão ainda discutindo sobre os negócios tratados, Crowley descansou a mão sobre o braço do arcanjo, dando a entender que desejava que ele permanecesse um pouco mais.

Assim que todos os outros saíram, Crowley se levantou e se dirigiu a um de seus serviçais que havia acabado de entrar para começar a arrumação do lugar:

—Traga do melhor uísque que tiver até a sala de estar e depois nos deixe a sós.

Miguel apenas observava o rei, sem falar nada.

— Venha, Miguel, vamos para um lugar mais confortável. Quero me afundar naquele sofá de couro e me esquecer do dia cansativo de trabalho que tive.

— Você não me parece mesmo muito animado, Crowley — falou o arcanjo, enquanto rumavam para a sala de estar.

— Está tão óbvio assim? — Crowley esboçou um sorriso que só fez reforçar sua aparência descontente e indicou, com um gesto, a entrada da sala.

 Á frente de uma imensa lareira acesa estava o confortável jogo de sofá de couro negro, cercado por paredes de pedra ostentando quadros retratando cenas infernais de tortura e morte. Apesar da decoração lúgubre, o lugar era confortável e ornamentado de maneira luxuosa, com lustres de cristal e tapetes de pele de ursos negros tão grandes e macios que entristeceria até mesmo quem não se incomoda com o maltrato aos animais e sua exploração e morte.

Ambos se acomodaram no sofá e foram servidos do melhor uísque escocês, cuja garrafa valia, no mundo dos humanos, uma pequena fortuna. Ao ver que o demônio serviçal tinha a intenção de deixar a sala levando consigo a garrafa de uísque numa bandeja, o rei o protestou:

— O que pensa que está fazendo, seu diabo?

— Mil perdões, majestade. Eu pretendia levar a garrafa para a suíte — respondeu o demônio.

— Pretendia servir essa preciosidade ao Winchester? Deixe esta garrafa aqui e desapareça das minhas vistas antes que eu o transforme em cinzas!

O arcanjo acompanhou com o olhar o demônio cabisbaixo deixando a sala. Depois voltou a encarar o rei do inferno sentado ao seu lado no confortável estofado:

— O que foi que Dean Winchester aprontou desta vez? Seu humor está muito pior que o usual.

— Temo ter cometido um grande equívoco com ele.

— Nem pelo sexo tem valido a pena? — perguntou o arcanjo.

— Se você estiver se referindo às duas únicas vezes que consegui levá-lo para a cama neste ano inteiro, eu diria que foi medíocre. Ele estava completamente bêbado, quase inconsciente, e teve problemas sérios de ereção, só conseguiu permanecer ereto com a ajuda de duas diabinhas, o tempo todo ele me rejeitava dizendo que não sentia atração por pessoas do mesmo gênero. Isso tudo quando não desmaiava de tão bêbado no meio da orgia.

Antes Que Seja Tarde (Destiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora