CAPÍTULO 1: Aurons

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    Em outro lugar do universo havia uma galáxia que se encontrava em um ponto desconhecido, onde planetas rodeavam uma estrela de cor branca. Cada um possuía mais de uma lua e sua composição era diferente da terra e dos planetas que conhecemos. Essa galáxia era duas vezes maior do que a via láctea, portanto, tinha em seu interior mais planetas.
    Dentre eles um se destacava, ele atendia pelo nome de Aurônia e possuía uma raça de seres chamados aurons. Sua fisionomia se assemelhava com a humana, simplificando, duas pernas, uma coluna reta, dois braços e uma cabeça. Entretanto eles eram bem robustos, de uma pele acinzentada e áspera, também usavam armaduras muito bem planejadas e desenvolvidas, podendo variar dependendo da hierarquia. Essa espécie era conhecida pelo seu poder tecnológico; entre todas os outras eles foram os que tiveram a evolução mais rápida, seguidos da humanidade (que incluía também as outras raças que viviam na terra), os concobianos, os edemônitas e os astérions. Os aurons invadiam planetas, escravizavam outras raças e tomavam suas tecnologias, por isso eles se tornaram o maior império do universo.
      Se preparando para outra invasão, o general Ermóf, encarregado pelo imperador Arclínt V(quinto) de comandar as estratégias de batalha e as invasões, ainda estava vestindo sua armadura quando ouviu alguém bater a porta. “Entre.” Disse enquanto embainhava a gigante espada feita de arkadérion. Um metal que só se encontrava nas montanhas de climístia, em Aurônia.
    O soldado abriu a porta, automaticamente ajoelhando-se. Ermóf, de costas para ele, falou:
    — O que foi? — ele perguntou.
    — Senhor — O soldado tremia. — Estamos nos aproximando de Livério, mas... — Hesitou por um instante, suas mãos tremiam e sua respiração parecia ofegante. Ermóf não se surpreendia com aquela reação, afinal, o conheciam por sua frieza. Na verdade era mais uma questão de medo do que respeito melhor dizendo.
    Os aurons, além de terem poder tecnológico, possuíam poder militar considerável. Chegaram em um ponto que a sua reprodução não era mais biológica e sim por clonagem. Isso era necessário para terem um certo controle populacional. A maioria dos recém nascidos, quando atingiam a idade certa, eram entregues ao  império e treinados para depois de alguns anos entrarem definitivamente no exército. Com Ermóf não foi diferente, mas ao contrário dos outros ele atingiu a posição de general consideravelmente rápido.
    No campo de batalha ele era excepcional, seus movimentos sempre precisos e o seu talento para comandar admirável. O Imperador viu potencial nele e mandou para que o chamassem a sua presença. Ao chegar na sala do trono ele se ajoelhou. Arclínt ainda no trono se inclinou e ficou observando o talentoso soldado. Que demonstrava calma e serenidade. Ficou surpreso, a maioria dos que eram chamados a sala do trono eram condenados a morte por algum crime. Então ele não se surpreenderia se esse tal de Ermóf ficasse nervoso e começasse a falar que era inocente sem nem mesmo saber o motivo por qual foi chamado. Mas não, dessa vez foi diferente. De joelhos e calmo, ele não falava nada, o imperador foi tomado pelo receio, parecia que se chegasse muito perto receberia um bote como de uma cobra. Os soldados que estavam enfileirados nos cantos também sentiram isso e imediatamente se prepararam para qualquer situação que representasse perigo ao soberano.
      Arclínt se levantou do trono e chegou perto do rapaz, um arrepio subiu pela sua espinha, aquela presença era muito estranha. Ermóf ainda estava de joelhos quando foi-lhe dada a ordem para que se colocasse de pé, se levantando ele viu que em sua frente o soberano estava com o braço estendido, com a palma da mão para cima: “Me dê sua espada.”  Ele disse.
      Desembainhando-a ele a entregou nas mãos de Arclínt, repentinamente o soberano lançou um golpe tão veloz que causou uma forte ventania no lugar. Os soldados apenas foram perceber o que havia acontecido quando o imperador parou do lado de Ermóf, com a espada a poucos centímetros de seu pescoço. Não esboçando nenhuma reação Ermóf permanecia parado: “Se eu tentasse te matar, o que faria?” Arclínt perguntou.
      Ermóf não falou nada, apenas continuou parado, olhando para a frente. O soberano, fechando o semblante, repetiu o que disse. Dessa vez com um tom de raiva, e de novo, sem resposta. Quando parecia que Arclínt iria matá-lo algo estranho aconteceu, o soberano parou, mudou a expressão e deu um leve sorriso, depois de alguns segundos virou o cabo da espada para o rapaz que ao mesmo tempo a pegou, colocando-a de volta na bainha. Depois desse dia o imperador nomeou-o como general e o encarregou de organizar as invasões à outros planetas. Sempre o perguntaram o motivo disso mas ele dava a mesma resposta: “Há coisas que não precisam de explicação, se funcionarem bem, já está perfeito.” Ele afirmava.
    O soldado que foi informar Ermóf ainda estava de joelhos, engolindo seco voltou a falar: “Nossos radares identificaram uma energia estranha e nós não conseguimos descobrir o que é.” Ele disse.
      No mesmo momento a nave tremeu. Algo havia a atingido com uma força enorme. Os sons dos alarmes junto com luzes de emergência faziam uma sintonia infernal. Segundos depois outro soldado apareceu de repente na porta, estava cansado mas rapidamente se recompôs: “ General! Livério ativou os canhões e está nos atacando!” Disse, ofegante.
      Ouvindo isso Ermóf saiu às pressas rumo ao centro de comando. No corredor, e com os dois soldados o acompanhando, ele estava apressado.
    — Qual a situação da nave? — Ermóf perguntou.
    — Perdemos um motor e o casco está rachado! — o soldado a sua direita respondeu olhando para ele.
    — O que?! Isso é impossí...
    Nesse momento a nave tremeu novamente, um som grave de metal rangendo antecedeu a inclinação de todo o lugar, logo em seguida voltando. Ermóf perdeu o equilíbrio e bateu de ombro contra a parede, levantando-se ele franziu a testa. Seu rosto demonstrava um ar de preocupação. O motivo disso era que os cientistas e desenvolvedores que projetaram as armas haviam dito que os escudos que as protegiam eram impenetráveis, ao menos era o que parecia.
    Livério era um planeta com aspecto desértico, ainda do espaço era possível ver os tons de laranja sobrepostos por nuvens brancas e marrons. Incrivelmente havia vida nesse planeta. Vida bem avançada.
    Movidos principalmente pela curiosidade, o motivo para os aurons atacarem esse lugar era porque recentemente quantidades massivas de energia eram liberadas no espaço. Logicamente poderia haver alguma tecnologia ou recurso de algum valor para eles. Os escudos de batalha foram projetados com base nas tecnologias que já conheciam, então tecnicamente deveriam ser quase impossíveis de serem atravessados, “quase”. Com muito esforço os sistemas de ataque conseguiram destruir os canhões que impediam as naves de pousar. Em contra partida o exército liveriano já estava preparado.
    Ao chegar na sala de comando Ermóf observou o planeta e principalmente os canhões, eles tinham um brilho vermelho. Ficou olhando aquilo por alguns segundos mas logo deu as costas e com muita pressa saiu dali. Descendo até o lugar onde as tropas estavam, o general se pôs na beirada do portão e levantando sua espada gritou:  “Ataquem!!!”

AIR FALCON - Parte 1 (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora