Chapter 1

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Incrível como o fato de ter cursado medicina não tem me beneficiado em relação à minha própria saúde. Nem sempre sei lidar com algum tratamento quando tenho que fazê-lo sozinha. A ansiedade também é outra questão que não consigo lidar com muita frequência, porém fico mais tranquila quando percebo que ainda consigo controlar para que não se torne algo severo.

Neste momento, estou arrumando minha mala pela terceira vez, só hoje. E o mais importante é que eu deveria estar dormindo e descansando, já que são quase duas da manhã e preciso estar de pé às seis e meia e pronta até às oito da manhã.

Motivo? Bom, finalmente estarei iniciando minha residência em Psiquiatria. Recebi um e-mail na semana passada do diretor de um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Aparentemente, eles costumam entrar em contato com formandos que possuem notas altas, o que me leva a pensar que não fui a única a ser chamada.

Nesse meio tempo de residência, estaremos prestando atendimentos de emergência, reuniões com outros doutores e consultas semanais com pacientes.

Desisto de desarrumar e arrumar a mala e decido ir comer algo. Saio do quarto andando pelo corredor e indo em direção à cozinha.

Só a luz do meu quarto está ligada, deixando todo o resto do corredor escuro. Vejo um vulto agarrado à parede a uns quatro passos de distância e sei exatamente quem é.

— Isso são horas, Suzane? — ando em sua direção, apalpando a parede e tentando achar o interruptor.

— É minha mamãe agora? Eu estava me divertindo, Maya. Diferente de você que só fica trancada naquele quarto! — as palavras saindo emboladas provando que ela bebeu até demais.

Acendo a luz na mesma hora em que ela faz uma careta para mim.

— Eu vi. — falo sobre a careta e ela solta uma risada exagerada — Vem, vou te colocar na cama.

Suzy é minha colega de quarto. Cursa direito na mesma faculdade que eu, mas passa mais tempo de namoricos por aí, do que estudando.

Ela é maravilhosamente linda. Porém, não se valoriza como mulher. O que é uma pena, porque se isso começasse a acontecer, a vida dela melhoraria uns noventa por cento.

A levo para o quarto e ela logo se joga na cama de bruços. Tiro seu sapato, coloco ao lado da cama e jogo um lençol por cima do seu corpo preguiçoso.

— Está se sentindo bem? — pergunto sentando ao seu lado na cama.

— Hurum. — diz com o rosto virado para o outro lado.

Me levanto dando a volta na cama.

— Certeza? — me sento de novo, dessa vez encarando seus olhos fechados.

— Está esperando que eu vomite, é isso? — abre os olhos — Eu estou bem, mamãe!

— Okay, tudo bem. Me desculpe por ser um pouquinho preocupada com você.

Me levanto e a olho pela última vez. Ela nem se mexeu e tenho a plena certeza de que vai dormir até a segunda hora da tarde.

Saio fechando a porta atrás de mim e vou em direção à cozinha já pensando em um rápido sanduíche de frango com alface e um copo de suco.

É exatamente isso que eu faço e como tudo com calma, depois volto para o meu quarto com a intenção de me deitar e dormir.

•••

Dizer que dormi por duas horas, é exagero. Minha ansiedade não me permitiu descansar da maneira que precisava, e isso me preocupa pois só penso que minha nova rotina de futura doutora psiquiatra começa hoje.

My Good HellOnde histórias criam vida. Descubra agora