Why do you love me?

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Nota: como prometido, teremos atualização dessa fic também para a Haikaveh week <3 Espero que vocês gostem dos três novos capítulos, sendo este o primeiro. ;) Esse é referente ao terceiro dia da week, mas eu não segui os temas propostos.


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Não esqueci todas as coisas que passamos, nem te perdoei pela forma que me tratou, nem esqueci todas as vezes que chorei sozinho por causa de você, nem senti saudades em todos esses anos.

Até hoje.

Não estava nos meus planos ir a um show. Na verdade, uma série de coincidências acabou me levando ao meio daquela gente toda. Tudo começou quando um colega do trabalho descobriu que ia se tornar pai e começou a vender rifas de um monte de coisa pra juntar dinheiro rápido para as coisas do bebê. Todo mundo quis ajudar de alguma forma, eu não era exceção. Comprei um videogame antigo dele, também participei de algumas das rifas de cestas de chocolates e essas coisas. Tighnari comprou um ticket de cada rifa que ele vendia, pelo menos, e Cyno também entrou nessa onda. Eu ajudaria mais se pudesse, mas sustentando minha casa sozinho e pagando minhas dívidas, não pude fazer tanto quanto gostaria.

Entre os itens rifados estavam dois ingressos para esse festival de música. Tighnari ressaltou o quanto esses ingressos eram raros, pois ele tinha tentado comprar dois - um para ele e um para Cyno - e não tinha conseguido, tinha conseguido apenas um, que tinha a intenção de usar para si mesmo. Caso ganhasse a rifa, venderia o terceiro ingresso. Ao menos essa era a intenção.

Por bizarra escolha do destino, no sorteio que ocorreu na hora do almoço, o nome de Tighnari foi sorteado. Ele estava radiante e Cyno comemorou tanto quanto, pois iriam juntos ao show. Achei engraçada a empolgação e fiquei feliz por eles, mas nem mesmo pensei na possibilidade de comprar aquele ingresso; primeiro porque estava sem dinheiro, segundo porque não ia num show de rock desde que terminamos muitos anos atrás. Shows de rock me traziam azar.

O problema é que o azar veio antes, um vazamento de gás no apartamento vizinho interditou meu prédio e eu estava desabrigado por aquela noite.

Cyno e Tighnari me deixaram ficar na casa deles, e foi quando começou a ideia de me arrastarem junto para o show. Eu disse que era melhor não, que eles ganhariam muito mais dinheiro se vendessem o ingresso na fila, mas não houve nada que pudesse tirar da cabeça deles a ideia de que seria muito mais divertido se fôssemos os três ao show. Eles não sabiam sobre nós, sobre você, sobre o passado, e nem eu sabia que sua banda estaria naquele maldito evento. Se eu apenas soubesse...

Um tanto a contragosto fui arrastado para o show com meus dois melhores amigos, rezando internamente para não encontrar ninguém que me reconhecesse do passado, que o escuro fosse suficiente para que nossos velhos amigos não me vissem, para que você nem mesmo soubesse que aquele evento estaria acontecendo, para que você estivesse fora do país, sei lá, qualquer coisa estaria bom.

Mas lá estava eu, segurado pelos meus dois melhores amigos, morrendo de rir porque eles não me deixavam fugir, grudado na grade de um evento gigante, entre milhares de outras pessoas, de outros olhos e sorrisos, esquecendo de você mais uma vez enquanto lembrava do quanto me divertia com a música, com os shows, com as coisas que nosso término tirou de mim, que você tirou de mim.

Eu sabia as músicas, conhecia as bandas, cantava e pulava com eles. Teria sido uma noite incrível. Teria se você não tivesse subido naquele mesmo palco com a sua banda. A partir dali eu só conseguia desejar que você não me visse, que não olhasse pra mim no meio de toda aquela gente. Eu jamais suportaria que você, em toda a sua arrogância disforme e soberba, sequer imaginasse ou fantasiasse que eu estava ali por você. Que eu tinha saído da minha casa numa noite de sexta-feira propositalmente para ver a sua cara. Para ver você concentrado no palco, tocando sua guitarra, o suor escorrendo pelo canto do seu rosto e fazendo seu cabelo grudar na sua pele, seus dedos fazendo o instrumento cantar a melodia que você mesmo escreveu enquanto sua boca repete as histórias do nosso passado e toda a gente canta como se fosse sobre eles...

I Hate Everything About You (Haikaveh Kavetham)Onde histórias criam vida. Descubra agora