𝐏𝐚̂𝐧𝐢𝐜𝐨 𝐧𝐨 𝐄𝐥𝐞𝐯𝐚𝐝𝐨𝐫!

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Quando dizem que "tudo o que é ruim sempre pode piorar", acredite em mim, é verdade.

Decidiram que a confraternização será no domingo. Querem aproveitar o dia ocioso, considerando que nem todos estão de férias como eu. Domingo é um dia em que todos estarão disponíveis.

O que, claro, faz com que o pânico cresça porque eu preciso encontrar alguém ideal num intervalo de tempo muito curto. Preciso me virar para que eu não tenha que aparecer na confraternização dizendo que terminei com a tal pessoa repentinamente. Seria pior que ter admitido de uma vez que eu ainda estou sozinho.

No fundo, duvido da minha capacidade de conseguir alguém num tempo recorde, porém não posso e nem aceito me deixar abalar. Eu me meti nesta situação ridícula sozinho, então posso resolvê- la de forma grandiosa, certo? Grandiosa da forma como os meus eventos são realizados. Sou um homem inteligente, sábio, e consigo contornar qualquer situação inusitada.

Espirro uma quantidade considerável de perfume no pescoço e, mascando um chiclete de hortelã compulsivamente, termino de pentear meu cabelo. É manhã de sábado. O calor continua intenso, o sol brilha lá fora com toda a sua intensidade, o que, de certa forma, me deixa desanimado. Mal posso esperar para o frio chegar.

Não consegui dormir o suficiente, o que explica as tímidas olheiras debaixo dos olhos; passei a madrugada inteira tentando marcar um encontro num aplicativo de relacionamentos.

Acredite, sempre fui o primeiro a criticar aplicativos com tal promessa. Na minha cabeça, sempre foi a saída dos desesperados.

Bem, parece que a vida sempre arruma alguma maneira de pregar peças.

Eu me senti um grande idiota ao buscar por caras no aplicativo, mas, de verdade, eu não tinha alternativas. Então, deitado, escondido no silêncio do meu quarto, vi-me analisando fotos de vários homens. Isso é mais complicado do que dizem. E, para ser sincero, eu precisei engolir o meu orgulho o tempo inteiro.

A maior parte das descrições dos perfis eram exageradas, e algo me dizia que mais da metade das fotos eram fakes.

Quem me garante que os caras por trás dos celulares, na verdade, são homens estranhos, carentes que enganam trouxas em troca de nudes?

Mesmo assim, agarrei-me à única possibilidade da madrugada.

Parei num cara cujo apelido era "ursinho". Bastou analisar as fotos para que eu entendesse a origem do apelido. O cara era coberto por pelos. Sei que tem gente que gosta, mas, sinceramente, não é a minha praia.

Tinha outro cara, um tal de Joseph, que gosta de praia, música boa, mas tem pavor de número ímpar. Hã?

Passei por outros homens que não chamaram minha atenção, até que meus dedos se a interromperam num cara de sorriso cativante. O nome é Kaew. Li a descrição do perfil com muita atenção. Ele ama músicas modernas, leitura e é um verdadeiro viciado em cafeína. Senti uma verdadeira simpatia por ele, então me arrisquei a dar match e, pacientemente, esperei que ele começasse a conversa, seguindo a regra do aplicativo. Mas isso não aconteceu. Tudo indicou que ele não retribuiu o meu interesse.

Parti para o próximo, James. Ele é loiro, tem olhos marcantes a ponto de me lembrar um felino, e sua roupa inteiramente escura deixou claro que ele curte algo mais... sombrio. Mordisquei um pedacinho do lábio quando dei match. Às quatro horas da manhã, ele me enviou: "não está muito tarde para você estar buscando por um cara?"

Foi o suficiente para eu gostar de verdade do seu senso de humor. Marcamos um almoço na praça de alimentação do shopping. Foi ele quem sugeriu o local, parece que ele trabalha em uma loja de óculos, o que facilitaria a sua vida.

𝐍𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐀𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥 - 𝐕𝐞𝐠𝐚𝐬𝐩𝐞𝐭𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora