𝐍𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐀𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥 - 𝐕𝐞𝐠𝐚𝐬𝐩𝐞𝐭𝐞

𝐏𝐢𝐜𝐨𝐥𝐞́𝐬 𝐬𝐨𝐫𝐭𝐢𝐝𝐨𝐬

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A campainha escandalosa do meu apartamento toca. Sou tomado por uma espécie de ansiedade que não sinto há muito tempo, o que é, de fato, surpreendente para mim. Mas é a típica ansiedade boa, a que brinca com a expectativa e traz pensamentos bons.

Sei quem está esperando que eu abra a porta e permita sua entrada em meu apartamento.

Ele veio.

Ele realmente veio.

Combinamos de nos encontrar após terminarmos nossos compromissos, mas confesso que, em algum momento, julguei que ele desistiria, ainda mais depois do episódio desconfortável com James.

Mas Vegas apenas está esperando que eu abra a porta.

É justamente o que faço, e seus olhos alcançam os meus com naturalidade, e ele sorri parecendo feliz em me ver.

Sua presença me comprova que o que aconteceu mais cedo foi mesmo real, o que é extraordinário. Qual é a chance de você ficar preso no elevador com o cara mais bonito do condomínio? E mais, que esteja disposto a te ajudar num plano muito precipitado? Bom, talvez o Universo não esteja assim tão contra mim.

Olhando-o agora, com a lâmpada fluorescente do corredor destacando os seus traços, fico impressionado. Ele parece ainda mais bonito do que eu me lembrava

Após ter dado sua aula para Yoona, ele está usando uma camiseta vermelha - o que faz com que sua pele tão branca se destaque -, uma calça jeans preta com vários rasgos na altura do joelho e seus pés estão cobertos por um bonito par de All-star. O cabelo ainda está um pouco úmido, o que deixa em evidência que ele acabou de sair do chuveiro. O cheiro de sabonete e xampu é tudo o que consigo sentir.

Ele está com uma pequena caixa de papelão em mãos, despertando a minha curiosidade. Quando nota que a caixa misteriosa é o alvo da minha atenção, diz:

- Comprei picolés com a nossa vizinha do 302. - Ele comenta como se eu soubesse quem é a vizinha do 302. - Tá quente demais e o açúcar ajuda a pensar melhor.

Eu faço um rápido movimento com a cabeça para que ele entre. Quando tira os tênis e fica apenas de meias - que se afundam no tapete -, eu me sinto aliviado por ter tido tempo de aspirá-lo; porque é justamente onde Vegas decide se sentar. No meio do tapete.

Eu nem preciso pedir para que ele se sinta à vontade, o que me faz gostar mais do jeito dele.

Vegas é muito diferente de mim.

Diferente de um jeito bom.

Geralmente, eu demoro para me sentir relaxado na casa das pessoas. É como se, de alguma forma, eu estivesse invadindo o espaço alheio.

De pernas cruzadas, Vegas abre a caixa de papelão, enfia a mão no interior dela, captura um picolé e, em questão de segundos, puxa a embalagem colorida para baixo.

- Como não sei qual é o seu sabor favorito, comprei sortidos. - Ele diz e dá duas batidinhas sobre a caixa. - O que me faz pensar que eu preciso te conhecer um pouco mais. Precisamos deixar claro para os seus amigos que somos o casal da nação.

Eu me sento de frente para ele, e ouso um pouco mais trazendo a caixa para o meu colo a fim de espiar os sabores.

- Morango é o meu favorito. - Eu digo, abrindo a embalagem do picolé que acabo de capturar. Observo o desenho da embalagem do picolé que ele está segurando. - E o seu é abacaxi, certo?

A coroa está pintada num verde muito chamativo.

- Não, prefiro chocolate. - Ele dá de ombros. - Só não sou muito exigente com sabores de picolés, ainda mais num dia de calor como este. Mas sou exigente com bife, preciso estar bem assado e com bastante molho, bastante mesmo!