Um pet é um pet afinal

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Ele sabia que tinha demorado no banheiro bem mais do que devia, mas sinceramente precisava de um tempo, de pôr a cabeça em ordem, de lavar da alma todas as coisas perturbadoras que lhe rondavam.

Precisava de um momento só seu e por fim, se sentiu menos tumultuado quando se secou e vestiu o robe felpudo que estava ali disponível. O banheiro era imenso, mas simples de um jeito agradável, nada de excesso de luxo, mas extremamente limpo e organizado. Era um ambiente realmente masculino.

— Esse é o quarto dele, Woo. O banheiro dele. E ele é realmente extremamente masculino...

Disse a si mesmo juntando coragem para sair do banheiro e quando finalmente o fez, encontrou a cama arrumada e um par de agasalho sobre ela. Até mesmo pantufas estavam ali, na beira da cama.

Sorriu mesmo sabendo que era doentio. Não devia achar aquilo atencioso, devia pensar em uma forma de fugir.

— Mas e se eu fizer, vou voltar para a casa dos pais? Ser oferecido de novo a outro dono? Passar por mais humilhações?

Resmungou enquanto erguia os dedos e tocava seu pescoço vazio.

Sabia como era absurdo não usar uma coleira, como era estranho ainda mesmo que já tivesse se passado mais de dois anos sem usar uma; como era... Frustrante.

Suspirou e vestiu a roupa limpa sentindo como era aconchegante. Ele gostava de coisas assim, mas deixou de usar quando se casou. Seu marido odiava coisas que remetessem ao mundo pet, ele achava que eram ridículas...

— Então porque ainda é um dono, Hoya?

Tinha perguntado certa vez, ele rolou os olhos:

— Minha família trabalha nesse mundo, nossa fonte de renda é isso. Não é sobre gostar, é sobre suportar.

Nunca tinha entrado no assunto outra vez depois disso. Era inútil e miserável.

Saiu do quarto sem saber bem para onde ir ou o que fazer. Choi San disse que seu irmão estaria ali... Como seria o irmão daquele homem?

Finalmente saiu da toca, cunhadinho.

A voz que soou era levemente grave e muito macia, agradável, em nada ameaçadora.

Wooyoung se virou para o fim do corredor e viu um homem elegante, esguio e talvez dois dedos mais alto que ele. Ele lhe sorriu de forma amigável e então veio para si enlaçando seu braço de forma extrovertida:

Yeosang?

Perguntou um pouco confuso. Ele assentiu:

— O próprio. Agora vamos, estou morrendo de fome aqui te esperando sair para o café.

— Oh, desculpe...

Ele riu e assentiu com a cabeça lhe levando dali para o lado de fora aonde só agora viu um pessegueiro elegante no meio do pátio.

— Um pessegueiro!

Disse de olhos arregalados e ele parou lhe encarando com curiosidade:

— Você gosta dessa árvore?

— Acho bonita e nunca vi uma pessoalmente...

— Oh, um moço da cidade grande então hein?

Woo não entendeu o comentário, mas nem teve tempo de dizer algo porque logo era levado para um pagode tradicional onde uma mesa baixa estava coberta com uma farta gama de alimentos. Parecia um festival para os olhos, como em sua infância... Nada como os cafés industriais e comida sem sabor que andava comendo nos últimos tempos, afinal não levava o mínimo jeito para cozinha e tinha desistido de tentar cozinhar algo decente para si mesmo e se rendeu por fim, aos fast food da vida.

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