O Sol acabara de nascer nas terras de Elysian e a luz dourada banhava todo o território, desde os jardins orientais até as firmes montanhas ocidentais, chegando até mesmo às fronteiras geladas do Sul (embora ali ele encontrasse certa dificuldade para isso). No norte do território, se encontrava a majestosa capital Kavan, a luz solar ia pousando delicadamente nos pátios do Fortebranco, cujos adornos metálicos reluziam e se dispersavam em um belo arco-íris, que coloria as paredes pré-aquecidas pelo calor do verão.
Em uma das altas torres do castelo, o Príncipe Noah dormia tranquilamente, num sono aparentemente sem sonhos e, ao mesmo tempo, revigorante. A luz matutina entrou pelas janelas do quarto, atravessando a fina fresta entre as cortinas de seda na parede oposta à cama e beijando delicadamente o rosto do Príncipe que, segundos depois, se remexeu e apertou os olhos, piscando-os algumas vezes até abri-los.
Já desperto, o jovem rapaz esticou os braços e, com um pouco de esforço, sentou-se na cama, respirando pausadamente e inalando a doce brisa da manhã. Pelo aspecto do dia e a julgar pela luz, não devia ser muito mais do que seis horas. O príncipe se esticou até a mesa de cabeceira e pegou um livro que estava sobre o móvel, abrindo-o na página 50, a que ele havia parado na noite anterior, enquanto lia na cama.
Tratava-se de um exemplar das novelas de cavalaria de Sir Michael Kendall, um tipo de leitura que fascinava o jovem monarca. No início daquele mês, o príncipe havia lido uma antologia poética de sua poetisa favorita, Diane Candace, e havia se encantado com a precisão e a profundidade das palavras em muitos daqueles versos. Embora numa posição de poder, o príncipe era jovem e nutria um profundo amor pelas artes e pela literatura em geral. Muitas mulheres o consideravam atraente exatamente por essa característica: sua sensibilidade e sua sede de conhecimento.
Como príncipe, era seu dever se instruir nas artes e estratégias de governo. Um bom líder sabia precisamente como conduzir seu povo e os súditos não deveriam ser necessariamente encarados como amigos, mas como pessoas a quem se devia controlar para que não houvesse risco de rebelião contra a Coroa e o poder que ela representava. Dessa forma, Noah tivera e ainda tinha aulas e conselhos sobre as formas mais equilibradas de governar o reino de Elysian, ainda que a palavra final nas decisões fosse dele, exceto quando ele nomeava um procurador ou representante que agiria em seu lugar.
Durante seu reinado, não houve reclamações do povo de forma geral, sendo Noah considerado um ótimo regente. A história sobre como ele chegou ao trono, porém, não era tão bela quanto sua forma de governar.
Os pais do príncipe, , eram governantes amados e reverenciados em toda Elysian. O reinado deles foi próspero e feliz, tendo durado vinte anos. O rei e a rainha tiveram quatro filhos: o Príncipe Noah, nascido um ano após o casamento dos monarcas; a Princesa Anastasia, nascida quando Noah tinha três anos; a Princesa Charlotte, nascida quando o reinado de Samuel e Sophia completara dez anos; e o Príncipe Bernard, nascido um ano depois de Charlotte.
Os príncipes e princesas eram igualmente queridos pela população e, tal qual o rei e a rainha, recebiam lindos presentes durante as turnês reais ou quando passeavam pelas ruas de Kavan. Sua convivência com os familiares e com os membros da corte era muito pacífica e respeitosa e eles adoravam brincar juntos quando crianças.
Em Elysian, a sucessão do trono não acontecia pelo gênero do sucessor, mas sim pela ordem de nascimento, o que significava que mesmo uma mulher poderia assumir o trono no reino, diferente de outros sistemas monárquicos espalhados pelo mundo. A avó de Noah fora rainha antes de seu pai, que era filho único. Como Noah foi o primeiro dos quatro filhos de Samuel e Sophia, ele era o primeiro na linha de sucessão ao trono e, infelizmente, sua ascensão não tardou a ocorrer.
No vigésimo ano do reinado de Samuel II e Sophia I, em uma manhã de domingo, o rei resolveu velejar e levou a rainha consigo. O Príncipe Noah, embora já entendido nas artes políticas, não era tão experiente no governo do reino, mas aceitara ser regente enquanto o pai estava fora. Samuel e Sophia planejavam velejar para a ilha de Bronwyth, ao norte de Kavan. O rei queria fazer uma surpresa para a esposa e sabia o apreço que ela tinha pelo lugar. Por isso, ele preparou um dia romântico para ela e eles conseguiram vivenciá-lo em Bronwyth. No entanto, durante o retorno para casa, uma forte tempestade caiu sobre o mar e o rei, a rainha e sua tripulação acabaram sendo de surpresa.
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A Saga de Luz e Trevas: O Trono em Chamas - Livro I
RomanceKrigerland é um vasto e diverso continente formado por quinze reinos. O centro do poder está em Fortebranco, na cidade de Kavan, localizada no reino nortenho de Elysian. O recém-coroado rei Noah I Desmond precisa assumir o controle de seus súditos...