Desastrada

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Ok, isso com certeza não é para mim. Não tem a mesma diversão e adrenalina que correr de moto e ganhar dinheiro fazendo o que gosta. Simplesmente não é a mesma coisa, o ânimo não tem nem comparação. De jeito nenhum isso vai funcionar.

— Você foi ótima hoje, querida — Marisa me elogiou enquanto os últimos clientes saíam da cafeteria.

— Obrigada, Marisa — agradeci ainda atrás do balcão, inclinada no mesmo descansando meu corpo.

— Você parece pra baixo. O que houve? — chegou mais perto na frente do balcão.

Por que eu nunca consigo esconder o que estou sentindo? Seria algum tipo de maldição?

— Nada importante demais pra se preocupar, relaxa. Eu tô bem — forcei um sorriso mas sei bem que não funciona. Nunca funcionou.

— Auror...

O provável conselho que viria a seguir de Marisa foi interrompido por um grupo de pessoas entrando na cafeteria. É sério isso? Faltando menos de 20 minutos para fechar? Marisa se virou e voltou rapidamente para sua sala, e eu acompanhei os movimentos dela confusa.

Meus olhos bateram rápido nos que haviam entrado, e percebi serem quase todos homens a cada um que entrava, tirando uma mulher que entrou primeiro. Quando a última pessoa entrou, a porta finalmente parando de reproduzir aqueles sons irritantes, arregalei meus olhos imediatamente. Foi aí que eu entendi o porquê de Marisa ter corrido para a sala dela.

Ele nem olhou ao redor, seus olhos já estavam nos meus. Fizemos contato visual de imediato, e eu involuntariamente tensionei minhas sobrancelhas enquanto surgia um sorriso de canto na boca do que me encarava enquanto andava para a mesa do resto do grupo. Percebi que todos eles usavam um adesivo na jaqueta, e era o símbolo que eu tanto odiava.

Depois de um tempo, ele parou de olhar para mim e voltou sua atenção aos seus amigos de equipe. Já eu, continuei o encarando com raiva. Ele deu uma rápida olhada para mim e envolveu os braços ao redor da mulher que se sentava ao lado dele. Glenn foi em direção à mesa em que todos sentavam, a fim de anotar seus pedidos. Durante o pedido de Tom, pude o perceber olhando fortemente para Glenn com os braços cruzados e logo depois para mim.

Esse garoto dos infernos tinha mesmo que vir bem nessa cafeteria? Só pode ser dívida de jogo.

Passado um tempo, fui preparando os pedidos com rapidez e tentei não me importar com a presença do garoto tão irritante que em uma das mesas ali se sentava. Pude ouvir as altas e idiotas conversas que ali ocorriam, e revirei meus olhos. Eu evitei, evitei muito olhar para aquela maldita mesa para não me distrair, mas meus pensamentos intrusivos me fizeram olhar; e Tom olhou bem na hora. Desviei o olhar e derramei um pouco de café no balcão. Ótimo.

Não quis nem olhar de volta para Tom, o garoto com quase toda a certeza estaria rindo da minha situação. Que vergonhoso.

Glenn veio pegar os pedidos do balcão e fez uma careta ao ver o pouco de café derramado. Fiz uma careta de volta, o observei ir entregar os pedidos e peguei um pano começando a limpar.

Não demorou muito para que eu pudesse ouvir passos vindo em direção ao balcão, e ver que Tom era o mesmo que reproduzia esses barulhos. Automaticamente revirei meus olhos.

— Como posso ajudar, senhor? — perguntei tentando não soar irritada.

— Que isso, meu amor — se inclinou no balcão, ficando apenas centímetros longe de mim e eu me afastei, fazendo-o rir. — Não seja tão formal, somos próximos.

— Próximos a sua bunda! — falei um pouco alto demais, atraindo a atenção dos clientes, Glenn... todos que estavam ali. Cocei minha garganta e me recompus. — Não sou próxima de você, Kaulitz.

— Espera, você sabe até o meu sobrenome? — riu. — É minha fã ou algo assim? Com certeza pesquisou sobre mim.

— Pra sua informação, eu tô hospedada na casa do seu melhor amigo, impossível não saber seu sobrenome. Infelizmente.

— Aham, tá — debochou Tom. — De qualquer forma, vim falar sobre o café daqui.

— Vá em frente — cruzei meus braços.

— Esse foi o pior café que eu já tomei na vida.

Ah, não. Ele não falou isso.

— Você disse o quê? — indignada, me aproximei dele do outro lado do balcão.

— Ouviu bem. Acho que até tinha pouco café, sabe? Devia ter mais café nesse balcão do que na minha xícara — zombou da cena de mais cedo.

— Filho da...

— Vitesses não servem pra essas coisas — Tom deu um gole no próprio café normalmente como se não estivesse me fazendo quase espumar de raiva.

— Eu vou cortar a sua língua fora — me desencostei do balcão tentando conter minha raiva.

— Ah é? — inclinou a cabeça. — Um dia você vai gostar dela — sussurrou chegando mais perto me deixando sem o que dizer, sorrindo de canto e voltando para sua mesa.

STREETS, tom kaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora